A política guineense volta a surpreender o país e a comunidade internacional. Numa decisão inesperada, mas carregada de simbolismo, o Primeiro-Ministro Braima Camará declarou o seu apoio ao segundo mandato do Presidente Umaro Sissoco Embaló. O anúncio, feito em Bafatá, não é apenas um gesto político: é um sinal de que a Guiné-Bissau pode finalmente começar a trilhar os caminhos da unidade e da reconciliação.
Para muitos, a cena pareceu chocante. Durante os últimos dois a três anos, Camará e Embaló foram vistos como adversários internos, representantes de sensibilidades diferentes dentro da arena política. No entanto, ao deixarem de lado as divergências para caminhar juntos em nome da paz e do desenvolvimento, enviam uma mensagem clara: nenhum projeto individual, nenhuma ambição partidária, é maior do que o destino do povo guineense.
A Política ao Serviço do Povo;
O verdadeiro valor da política não está na luta cega pelo poder, mas sim na capacidade de transformar rivalidades em consensos, e divergências em pontos de encontro. É isso que a Guiné-Bissau mais necessita neste momento: líderes capazes de erguer pontes onde antes existiam muros.
O apoio declarado pelo Primeiro-Ministro não deve ser visto apenas como um cálculo eleitoral, mas como um apelo à maturidade política, ao respeito mútuo e à responsabilidade nacional. É o início de um diálogo que deve ser alargado a todos os setores da sociedade, partidos políticos, sociedade civil, forças armadas, juventude e mulheres.
A Reconciliação Dentro do MADEM;
Se a reconciliação nacional é urgente, a reconciliação interna no seio do MADEM-G15 é ainda mais indispensável. Não se pode falar em unidade nacional se a própria casa política que sustenta o Presidente da República continua refém de divisões internas.
É sabido que interesses individuais de A ou B têm travado o processo de entendimento, mas já não há tempo para hesitações. O país exige clareza e firmeza. Estamos em vésperas de eleições legislativas e presidenciais, e não é admissível que um partido com responsabilidades tão grandes se apresente dividido diante da Nação.
O Presidente Umaro Sissoco Embaló deve bater com as suas mãos sobre a mesa e ordenar a aceleração imediata deste processo. Só assim o MADEM poderá apresentar-se unido, forte e coerente perante o eleitorado, transformando-se no verdadeiro motor da estabilidade.
Um Chamamento à Unidade Nacional;
A história do nosso país demonstra que a divisão só trouxe instabilidade, pobreza e sofrimento. Hoje, o gesto de Camará e Embaló abre a porta para uma nova etapa, onde a reconciliação não é apenas um discurso, mas uma prática concreta.
É tempo de os guineenses entenderem que a unidade não significa unanimidade, mas sim a convivência pacífica de ideias diferentes em torno de um objetivo comum: o bem da Nação. A paz e a estabilidade são condições indispensáveis para que se concretize o desenvolvimento que todos sonhamos.
O Compromisso com o Futuro;
A Guiné-Bissau está cansada de ciclos de confrontos, golpes e desconfianças. O povo quer ver escolas a funcionar, hospitais com medicamentos, estradas transitáveis, empregos para os jovens e dignidade para os mais velhos. Isso só será possível se a política deixar de ser campo de batalhas e se tornar espaço de construção coletiva.
É chegada a hora de todos, militantes, dirigentes, cidadãos, abraçarem este espírito de reconciliação. A decisão de Braima Camará e Umaro Sissoco Embaló deve ser transformada num movimento nacional de união, solidariedade e esperança.
O Desafio da Reconciliação;
Mais do que apoiar um segundo mandato ou fortalecer uma aliança, este momento histórico é um apelo à consciência nacional. A reconciliação deve ser vista como condição essencial para a sobrevivência e prosperidade da Guiné-Bissau.
E isso começa em casa: o MADEM precisa reconciliar-se com urgência, acelerar o processo de unidade e apresentar-se coeso antes das eleições. Só assim será possível irradiar confiança para a sociedade e consolidar a paz duradoura.
Que este gesto inspire todos nós a ultrapassar ressentimentos e divisões. Só assim será possível construir uma Guiné-Bissau justa, estável e desenvolvida.
Bissau, 02/09/25
João de Deus

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