O Movimento para a Alternância Democrática (Madem G15), que lidera a oposição na Guiné-Bissau, considerou os confrontos militares de sexta-feira como uma tentativa de golpe de Estado, refere o partido através de um comunicado.
A força política, que detém 29 dos 102 assentos no parlamento guineense, felicitou as Forças Armadas pela resposta dada à Guarda Nacional na sua atuação de retirar o ministro das Finanças, Suleimane Seidi, e o secretário de Estado do Tesouro, António Monteiro, das celas da Polícia Judiciária.
Os dois governantes estavam ali detidos preventivamente, a mando do Ministério Público, no âmbito dos inquéritos ao processo que levou ao pagamento de dívidas a 11 empresários próximos ao Governo.
Para o Madem G15 a atuação da Guarda Nacional “é um atentado à República, ao Estado de Direito democrático e à obstrução à realização da justiça”.
Na madrugada de sexta-feira e durante as primeiras horas da manhã do mesmo dia, elementos do batalhão do palácio presidencial e da Polícia Militar atacaram o quartel da Guarda Nacional, de onde retiraram os dois governantes, que conduziram de novo para as celas da PJ e ainda prenderem o comandante daquela corporação, coronel Vítor Tchongo.
O Madem considera todo o processo, durante o qual morreram dois militares, uma tentativa de golpe de Estado promovida pela Guarda Nacional, que condena “com veemência” e lamenta as mortes ocorridas nos combates, as quais diz serem da responsabilidade do Governo.
O partido liderado por Braima Camará insta o Ministério Público a prosseguir com celeridade as investigações do ocorrido e a levar à justiça os autores morais e materiais, com vista à sua responsabilização criminal e civil.
O MADEM-G15, que apoia o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e um eleito do APU-PDGB (Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau) do antigo primeiro-ministro, Nuno Nabiam, são os únicos partidos da oposição e que não integram a coligação da maioria que governa a Guiné-Bissau, liderada pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).”
Da coligação fazem ainda parte a União para a Mudança (UM), o Partido da Convergência Democrática (PCD), o Partido Social Democrata (PSD) e do Movimento Democrático Guineense (ODM).
Aos cinco partidos da PAI- Terra Ranka juntaram-se mais tarde, através de um acordo de incidência parlamentar, o Partido da Renovação Social (PRS) e o Partido dos Trabalhadores Guineenses (PTG).
O PRS, pela voz do seu líder interino, Fernando Dias, primeiro vice-presidente no parlamento, também condenou os confrontos armados de sexta-feira por “colocar novamente a população em pânico”, mas desaprovou a atuação da Guarda Nacional “pela tentativa de retirada de detidos da Polícia Judiciaria” e ainda a resposta dada pelas Forças Armadas.
“O Estado-Maior General das Forças Armadas, como superior hierárquico em termos militares, podia dar um outro tipo de ordem ao comandante da Guarda Nacional (…) Os dois atos são condenáveis”, defendeu Fernando Dias.
O PTG, através de um comunicado, também condenou o ato perpetrado pelo comando da Guarda Nacional nas instalações da PJ, lamentou a perda de vidas humanas e exortou as autoridades competentes a um cabal esclarecimento do ocorrido.
Conosaba/Lusa
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