O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, renovou o seu mandato à frente da Turquia com 52,2% dos votos, dizendo que quer promover a união do país, mas tratando de terroristas os curdos e reiterando que nenhum homossexual "pode ser fruto" da nação turca. Emmanuel Macron, Joe Biden e Xi Jingping já o felicitaram pela vitória.
O homem certo” – assim diziam os cartazes de campanha de Recep Tayyip Erdogan, no poder há 21 anos. Uma maioria de eleitores turcos assim acreditou, já que Erdogan ganhou ontem a segunda volta das eleições presidenciais, com 52,2% dos votos, batendo Kemal Kiliçdaroglu, o candidato de uma frente de 6 partidos da oposição, que obteve o melhor resultado de sempre da oposição (47,8%). No entanto, este resultado não foi suficiente para derrubar o Presidente invicto, apesar da grave crise económica e da resposta atabalhoada das autoridades ao terrível terramoto que varreu uma parte do país em Fevereiro passado.
Erdogan ganhou na Anatólia profunda, mais rural, socialmente conservadora e muçulmana, enquanto Kiliçdaroglu conseguiu a melhor (por uma curta margem) em Ancara e Istambul, e por uma margem maior ao longo da costa mediterrânica, mais liberal, e nas províncias de maioria curda do sudeste, que votaram contra Erdogan.
De qualquer forma a Turquia continua dividida ao meio, fracturada por linhas ideológicas profundas – muçulmanos contra laicos, nacionalistas turcos contra curdos, liberais contra conservadores sociais. Esta tensão, explorada eficazmente por Erdogan, continuou ontem na noite eleitoral – mesmo no seu discurso de vitoria, Erdogan não aproveitou a oportunidade para tentar unir o país e classificou a oposição de “terroristas”, aliados do lobby LGBT, do FMI e de todos aqueles que no “Ocidente conspiram contra a Turquia”, nas palavras do presidente. Também o líder da oposição não felicitou o seu opositor pela vitória eleitoral.
A generalidade dos líderes mundiais já mandaram mensagens de parabéns ao presidente turco. Os primeiros foram líderes que muitos consideram ter o estilo autocrático e autoritário frequentemente associado a Erdogan – Viktor Orban da Hungria, Nicolãs Maduro da Venezuela, o “amigo especial” Putin, como escreveu, Donald Trump, o ex-presidente dos EUA, Ilham Aliyev, o presidente do Azerbaijão. Já os líderes ocidentais referiram todos que esperavam poder continuar a trabalhar com Erdogan no seio da NATO ou outras instituições multilaterais, mostrando o seu receio perante a deriva nacionalista da Turquia.
Erdogan continuará certamente a sua retórica nacionalista e beligerante nos próximos tempos, até porque as autárquicas são já no início do próximo ano e ele ontem revelou que quer recuperar Istambul, a sua cidade, à oposição. Mais difícil será resolver a grave crise económica do país – a Turquia necessita de uma injeção de fundos a curto prazo para evitar um meltdown económico, que Erdogan procurará nos países amigos do Golfo Pérsico, mas será quase impossível evitar uma nova desvalorização da lira turca.
Conosaba/RFI
Sem comentários:
Enviar um comentário