Em entrevista à RFI, José Maria Neves, Presidente de Cabo Verde, afirmou que na cimeira extraordinária da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental que decorreu no sábado ao final do dia em Addis Abeba, os chefes de Estado desta organização decidiram agravar as sanções contra Mali, Burkina Faso e Guiné Conacri.
O Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, está em Addis Abeba para participar na 36ª Cimeira da União Africana. As sanções contra o Mali, Burkina Faso e Guiné Conacri, onde os Governos foram recentemente substituídos por juntas militares através de golpes de Estado, têm estado no centro das discussões.
Numa cimeira extraordinária da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) que decorreu no sábado ao final da tarde e durou mais de duas horas, esta organização decidiu endurecer as sanções contra estes países como relatou o Presidente José Maria Neves, já que Cabo Verde integra esta organização sub-regional.
"A reunião avaliou a situação na Guiné Conacri, Mali e Burkina Fase, países onde houve uma ruptura constitucional e são países que estão sob sanções e a cimeira decidiu continuar e agravar as sanções actualmente existentes, apelando para que em cada um dos países haja diálogo entre as partes. Um diálogo inclusivo que permita um consenso e a aprovação de um quadro que permita a transição para a democracia", relatou o chefe de Estado cabo-verdiano.
Antes da Cimeira da União Africana, Mali, Burkina Faso e Guiné Conacri insurgiram-se contra a sua suspensão desta organização e os seus ministros dos Negócios Estrangeiros viajaram mesmo até Addis Abeba onde tiveram reuniões bilaterais com diferentes países, mas não puderem participar na reunião principal.
Esta suspensão e o agravemento decidido na noite passada acontecem devido a facto de até agora não haver um caminho claro para uma transição democrática nestes três Estados, segundo consideraram os países vizinhos.
"A análise que se fez é que não tem havido grandes avanços e que, portanto, não tem havido condições para se cumprir tudo que tem sido determinado a nível da CEDEAO e a perspectiva é de agravar as sanções e obrigar as partes a assumirem um compromisso mais forte na transição para a democracia", declarou o Presidente cabo-verdiano.
No entanto, há um movimento crescente na União Africana contra a aplicação destas sanções, temendo-se que estas afastem ainda mais os países com golpes de Estado e onde são instaurados regimes militares da via democrática. O chefe de Estado de Cabo Verde considera que as sanções devem ser sempre acompanhadas de outras medidas que permitam manter um diálogo aberto.
"As sanções devem ser sempre aocmpanhadas de outras medidas. Não se deve nunca afastar canais de diálogo, é preciso sobretudo discutir de forma mais aprofundada as causas dessa instabilidade. Nós não podemos combater apenas os sintomas, esquecendo-se das causas dramáticas que levam aos golpes", indicou.
Para José Maria Neves a dificuldade de se estabelecer um calendário para estas transições aliadas ao terrorismo na região estão agora a afectar os países vizinhos, criando uma grande instabilidade em toda a região.
"Há uma situação de clara instabilidade na região, que põe em causa a estabilidade e a segurança na região e esta situação é agravada pela ameaça terrorista no corredor dos Sahel e que já está a aproximar-se dos países ribeirinhos. A situação é muito compelxa e muit difícl, portanto há que encontrar sluções inteligentes para impedir o avanço do terrorismo e para se garantir o retorno à ordem democrática", declarou o Presidente.
Conosaba/rfi.fr/pt
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