O candidato à liderança da Juventude Africana Amílcar Cabral (JAAC), Lesmes Monteiro, disse que a JAAC precisa de uma reestruturação e de uma visão clara focada na conquista do poder, defendendo o combate ao elitismo, o sectarismo, o clientelismo, a corrupção e contribuir para a manutenção do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) como um partido de massa e da unidade nacional.
Em entrevista ao semanário O Democrata, no âmbito do III ° Congresso da JAAC a realizar-se entre os dias 26 a 28 de novembro, Lesmes Monteiro disse que as estruturas da JAAC não são funcionais e que não conseguiram fazer uma mobilização popular ao longo dos anos para aumentar o número de mandatos do partido nas eleições legislativas de 2019.
JOVEM DE JAAC PROMETE LUTAR PARA QUE HAJA A LIBERDADE E DEMOCRACIA NO SEIO DA JAAC
“O país está dividido. A juventude pode desempenhar um papel importante. É preciso que haja um líder que mobilize a juventude à volta de um ideal. A JAAC não precisa de um líder que vai ser formatado e criado. Deve haver a democratização dentro do partido. Está a ser feito um desenho para que não haja candidaturas, que haja apenas uma lista de consenso. Mas não há nenhum dispositivo que aponte para esse sentido”, começou por dizer o ex-porta-voz do Movimento dos Cidadãos Conscientes e Inconformados.
Lesmes Monteiro afirmou que apoia o pluralismo de ideias dentro das estruturas do partido, denunciando, por outro lado, não só a interferência dos dirigentes do PAIGC no processo eleitoral, estando a ser acusado por alguns deles de estar a ser apoiado por Otavio Lopes e Suzi Barbosa. Contudo, disse que entende essas acusações, porque “em primeiro lugar, a JAAC sente medo e receio da minha capacidade de atrair e mobilizar muitos jovens para se inscreverem no PAIGC e, em segundo lugar, as lideranças do PAIGC estão com medo de desafios futuros, clarificando que a JAAC é apenas parte de um processo, e que se não conseguir participar e vencer o congresso vai preparar-se para um dia liderar o PAIGC”.
Disse também que essa é a terceira tentativa de barrar a sua candidatura, admitindo a possibilidade de vir a desistir-se dessa corrida para Secretário-geral da JAAC.
“Penso que muitas pessoas vão ficar surpreendidas neste processo. Aquelas que, precipitadamente, estão a julgar-me vão arrepender-se. Enquanto democrático, desejo que haja liberdade e democracia no PAIGC e vou lutar para que isso aconteça e se for necessário, mobilizarei os jovens tal como fiz no passado [no MCCI]”, afirmou.
Lesmes Monteiro explicou que a sua candidatura, “apoiada e acolhida pela maioria da juventude das estruturas da JAAC no país”, assenta em cinco áreas prioritárias, nomeadamente: a participação política e mobilização de massas, a cooperação e relações públicas, a comunicação, a educação e formação e organizacional – administrativo e financeiro.
Em caso de vitória, Lesmes Monteiro diz pretender relançar internacionalmente a JAAC, integrando-a na Juventude Internacional socialista, assim como a institucionalização da “Conferência Internacional Amílcar Cabral”, em 2024, para assinalar o centenário de nascimento de Amílcar Cabral, assim como o Lançamento de “Revista Abel Djassi”, com periodicidade trimestral.
Pretende também criar o fórum de concertação da juventude partidária que, segundo a sua explicação, deverá funcionar como uma Assembleia Nacional Popular da Juventude para discutir o estado da nação e delinear as estratégias para definição de uma agenda do desenvolvimento do país comum, com o intuito de evitar as clivagens entre as juventudes partidárias.
Lesmes Monteiro disse ainda que vai criar o Conselho Consultivo de JAAC, nomeadamente, o Conselho Nacional e Regional para trabalhar uma proposta de adequar a questão da juventude à realidade sócio-cultural, ou seja, que sejam admitidos até 40 anos de idade, os jovens pertencerem às estruturas juvenis do partido, porque “no nosso país, com menos de 40 anos de idade, os dirigentes partidários pensam que a pessoa é ainda jovem, não pode assumir lugares de destaque no partido. Essa proposta irá permitir uma transição saudável para os órgãos do partido”.
“Eu não defendo a quota. O Secretário-geral da JAAC deve ocupar-se da organização e reorganização da estrutura e não pensar em cargos ministeriais, para não criar vícios. Com a minha liderança, vamos ter uma JAAC dinâmica, respeitada pelas estruturas juvenis, ter deputados que não vão trair o partido, uma JAAC mais funcional e interventiva, que vai trazer ganhos nas próximas eleições legislativas”, disse Lesmes Monteiro.
Sobre um eventual apoio a um terceiro mandato do Presidente do PAIGC, Lesmes Monteiro disse que é fiel a Domingos Simões Pereira (DSP) e que apoia a sua eventual recandidatura a um terceiro mandato no próximo congresso do PAIGC, por os estatutos do partido não o impedirem. Mas argumenta que o apoio de que se fala é pessoal e que não vai usar a JAAC, caso for eleito, para apoiar DSP e prejudicar outros dirigentes que eventualmente poderão vir a manifestar o interesse de se candidatar à liderança do PAIGC, afirmando que vai usar a JAAC para servir o partido e não para servir as pessoas em detrimento de outros militantes e dirigentes do partido.
Em relação à Guiné-Bissau, Lesmes Monteiro afirmou que a situação do país é caótica, argumentando que o governo perdeu o controlo da governação, por não conseguir resolver os problemas de greves na função pública, que afetam os setores da Saúde e da Educação.
Preocupado com as próximas eleições legislativas de 2023, Lesmes Monteiro desafiou os dirigentes do PAIGC a repensarem as estratégias tendentes a fazer o PAIGC recuperar a governação e poder participar na organização do pleito eleitoral, caso contrário, avisa que, “o PAIGC vai ter umas consequências graves nos resultados eleitores, por estar fora do governo”.
Por: Tiago Seide
Foto: AC
Conosaba/odemocratagb
Sem comentários:
Enviar um comentário