O vice-secretário executivo da Comissão Económica da ONU para África vê iniciativa zona de comércio livre continental africana como base de recuperação do continente e projeções apontam para acesso a mercado de mais de 1 bilhão de consumidores, mas cerca de 2,5 bilhões de pessoas podem se beneficiar até meados deste século.
O sucesso do tratado é considerado uma esperança para africanos vivendo na pobreza.
Este ano marca a abertura dos mercados da África às normas do acordo da Zona de Comércio Livre Continental Africana. O tratado com a sigla ZLECAF prevê isenções de impostos em trocas comerciais, de bens e de serviços além-fronteiras em 54 nações.
Apesar da pandemia e de outras questões iniciais, o vice-secretário-executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África, António Pedro, disse que os primeiros resultados já estão à mostra.
Investimentos
“Nós estamos satisfeitos com o progresso que se está a verificar, paulatinamente, em nível do continente. Há países onde por causa de entrada em vigor da zona livre comércio africano já estão a atrair investimentos importantes para a industrialização do continente e isso é importante, diz António Pedro”.
O sucesso do tratado é considerado uma esperança para africanos vivendo na pobreza e para beneficiar grupos em situação de fragilidade, como mais 70% de mulheres de vários sectores, incluindo o informal.
O Dia da Industrialização da África ressaltou a necessidade de se criar “um grande mercado e produtos de qualidade, eliminando o sistema herdado da colonização com “mercados fragmentados e barreiras comerciais”.
“Como diz a, a secretária executiva da CEA, Vera Songwe, é uma era onde o acordo de comércio livre africano vai ser o Plano Marshall para África porque com as aberturas comerciais que estão associadas com esta Zona Livre do Comércio Africano, nós podemos ter acesso a um mercado agora de cerca de 1,2 bilhão de habitantes. E se as projecções estiverem certas, em 2050 vamos ter cerca de 2,5 bilhões de habitantes em África, que é a população combinada da Índia e da China hoje. E é só ver o que a China conseguiu fazer com estes números: conseguiu ser o grande polo de desenvolvimento global e é o que se espera que a zona livre comece também a criar no continente”, enfatizou.
Acesso
O especialista afirmou que junto às 54 nações que participam do tratado, a CEA e a União Africana colaboram em apoio à criação de estratégias nacionais para uma melhor integração na área.
“Nós vamos fazer isso em todo o continente, porque em todo o continente isto é importante para que todos sejam ganhadores deste processo de liberalização. E isto é um processo que envolve a participação de muitos atores, incluindo o sector privado, informal, e de empresas de pequena e média escala. Para além disso, há todo o processo de negociação com vista a se terminar, em cada região, o que é que vai ser comercializado sem taxas numa primeira fase. O que é que vai ainda beneficiar de uma certa protecção com base no processo de industrialização desses países?”, Questionou.
Pós-pandemia
A União Africana tem mobilizado os países a ratificar o tratado defendendo que esse “permitirá ao continente atrair investimentos e acelerar o processo de recuperação pós-pandemia do continente”.
Os Estados-membros concordaram em criar a zona de comércio livre em 2016, um ano após o inicialmente previsto.
Na capital ruandesa, Kigali o tratado foi assinado por 44 países e começou a ser ratificado em dezembro de 2020.
Por: Nautaran Marcos Có/radiosolmansi com Conosaba doPorto
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