A ministra da Saúde Pública da Guiné-Bissau, Maria Sanhá, afirmou hoje que as crenças populares dificultam o planeamento familiar entre vários grupos da população que considera a questão "cosias dos europeus" ou contrárias "à cultura guineense".
No seu discurso por ocasião do Dia Mundial da população que este ano é celebrado sob o lema planeamento familiar um Direito Humano, a governante aproveitou para fazer uma radiografia da temática na Guiné-Bissau.
Maria Sanhá disse ser preciso reconhecer a existência de "uma grande lacuna na cultura científica da população" guineense, que, sublinhou, conduz uma parte da população a achar que o planeamento familiar "são questões dos europeus ou que vão contra as suas crenças".
"É preciso incutir na mente dos guineenses" a importância do planeamento familiar e todas as suas vantagens, "é preciso fazer ver" à população que o planeamento familiar "não é a proibição de ter filhos, mas sim de os terem segundo as suas possibilidades", defendeu a ministra da Saúde Pública, Família e Coesão Social.
Mesmo com as crenças populares, a ministra afirmou que o Governo "está empenhado" em adotar políticas concretas para combater o crescimento desproporcional da população confrontada com problemas como falta de habitação condigna, de assistência sanitária, educação, emprego, doenças, mutilação genital feminina e o abandono escolar de crianças.
Presente na cerimónia, que decorreu no bairro de Hafia, arredores de Bissau, a primeira-dama guineense, madrinha da luta contra a mortalidade neonatal na Guiné-Bissau, Rosa Vaz, pediu que a questão do planeamento familiar seja "tratada como uma norma" no país, para desta forma evitar as gravidezes indesejadas e outras complicações.
A representante do Fundo das Nações Unidas para População (FNUAP) na Guiné-Bissau, Kourtoum Nacro, exorou os países desenvolvidos a reforçarem o investimento em programas ligadas ao planeamento familiar, para sair dos atuais 27 cêntimos de dólar por pessoa em África, tendo em conta os retornos que o planeamento familiar pode trazer, disse.
Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que o planeamento familiar contribui para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS3) e pode evitar mais de 30% das mortes maternas e de 10% da mortalidade infantil.
Considera-se que cada dia morrem quase 800 mulheres e meninas devido às complicações relacionadas com a gravidez.
Os mesmos dados indicam que pelo menos 222 milhões de mulheres nos países em desenvolvimento, dos quais 58 milhões na África Subsariana, têm uma necessidade não atendida do planeamento familiar, ou seja, querem evitar a gravidez, mas não têm acesso ou não utilizam um método eficaz de planeamento familiar.
Conosaba/Lusa
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