Timor-Leste atribuiu hoje aos antigos Presidentes portugueses Mário Soares e Jorge Sampaio o Grande Colar da "Ordem de Timor-Leste", como "profundo reconhecimento" pela "solidariedade e apoio ativo" na luta pela independência, anunciou, em Lisboa, o Presidente timorense.
Taur Matan Ruak, manifestou "o profundo reconhecimento pelo humanismo, as inúmeras expressões de solidariedade e o apoio ativo com que [Soares e Sampaio], ao longo dos anos, alimentaram a luta pela liberdade, autodeterminação e independência de Timor-Leste".
"Ambos fizeram contribuições fundamentais para a existência de Timor-Leste livre e para a amizade fraternal entre timorenses e portugueses", destacou o chefe de Estado timorense, depois de entregar as insígnias ao antigo Presidente Jorge Sampaio e a João Soares, que representou o seu pai, o ex-chefe de Estado Mário Soares.
Taur Matan Ruak sublinhou o papel dos portugueses para a causa da independência timorense.
"A vossa solidariedade foi uma solidariedade genuína de um povo irmão. Muitos portugueses tomaram a luta do povo timorense como sua. Participaram ativamente em iniciativas da resistência, apoiaram os nossos refugiados e, em geral, os timorenses exilados. Em muitos casos, tiveram um papel importante na divulgação e promoção da causa timorense", disse.
O Presidente referiu-se também à eleição de António Guterres como secretário-geral das Nações Unidas, que disse ver "com muita satisfação".
"É uma vitória para todos os Estados-membros da ONU e da nossa civilização, mas em especial para o povo português, para nós, timorenses, e para a CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa] e de todos aqueles que lutam pela paz e pela justiça", salientou.
Por fim, Taur Matan Ruak agradeceu "a Portugal e aos portugueses a sua solidariedade no passado e também no presente".
"Esta é hoje constituída pela importante assistência que os portugueses dão ao esforço dos timorenses para a consolidação institucional e o desenvolvimento económico e social. O apoio de Portugal continua a ser valioso para nós", garantiu.
No mesmo sentido, Jorge Sampaio destacou o "relacionamento especial, particular, que une os dois países, correspondido pela sólida amizade e grande afeto que ligam portugueses e timorenses".
O antigo Presidente afirmou que, durante os seus mandatos em Belém (1996-2006), se bateu "intransigentemente pelo exercício livre e democrático do direito à autodeterminação de Timor-Leste".
"Fi-lo no cumprimento dos preceitos da Constituição portuguesa, do dever político que me cabia e de um compromisso solene em nome dos vínculos indestrutíveis que uniam Portugal aos timorenses, mas também pela solidariedade para com o povo timorense na sua resistência constante contra uma brutal opressão", acrescentou.
Sampaio sublinhou depois que "pelas suas lutas passadas, o povo timorense tem o irrecusável direito ao futuro, um futuro de paz, democracia, liberdade, justiça e progresso económico e social para toda a comunidade".
Estiveram presentes na cerimónia o prémio Nobel da Paz Ximenes Belo (1996) e o presidente da Assembleia da República de Portugal, Eduardo Ferro Rodrigues.
O Presidente timorense entregou também a medalha da "Ordem de Timor-Leste" a Pascoela Barreto dos Santos, ao major-general Arnaldo José Ribeiro da Cruz, a Arnold S. Kohen, a Carlos Eduardo de Medeiros Gaspar e Amílcar Rodrigues Dias, e distinguiu, a título póstumo, com a insígnia da "Ordem de Timor-Leste", Eugénio da Silva, Francisco Pinto Boavida e Maurício Pereira.
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