O acordo de Conacri continua a ser ponto de divergência entre os partidos com representação parlamentar. Várias correntes afirmam que em Conacri chegou-se ao consenso sobre um nome para liderar o próximo governo e agora alguns negam ter assinado acordo com os três nomes propostos
Esta quarta-feira (26/10), durante uma audiência com o presidente da república, com vista a escolha de um novo primeiro-ministro, o líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo-Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, diz que foram cumpridas as premissas necessárias para a operacionalização de o acordo de Conacri e “voltar agora a colocar as forças políticas do país incluindo os partidos não representados no parlamento é uma tentativa de descredibilizar o acordo de Conacri”.
“Estranhamos que o presidente venha a perguntar-nos, havendo um fiel depositário daquilo que foi assinado em Conacri e para nós não há aqui espaço para interpretações”, disse.
Por outro, Florentino Mendes Pereira, do Partido da Renovação Social (PRS), disse que no encontro o presidente José Mário Vaz não apresentou nenhuma proposta de nome para o próximo líder executivo.
“Se é público o nome de o futuro ministro pelo menos neste encontro não nos foi dito nada”, afirma Mendes Pereira que adianta ainda que “talvez o consenso chegado em Conacri para a escolha de um novo primeiro-ministro seja só com o PIAGC”.
Entretanto, o porta-voz do grupo dos 15, Braima Camara, disse ainda que em Conacri ficou concordado que ninguém deveria pronunciar sobre o nome de o novo primeiro-ministro, sendo uma responsabilidade do chefe da Nação.
“Estranha-nos bastantes estas interpretações completamento ao contrário daquilo que as pessoas têm vindo a fazer sobre o acordo”, diz.
No entanto, a União para a Mudança e o Partido da Convergência Democrática defenderam a posição do PAIGC de que houve consenso em Conacri e o Partido da Nova Democracia apoia as posições do Partido da Renovação Social.
Primeiro-ministro diz que seu lugar é garantido
Também depois de ser ouvido pelo presidente da república, o primeiro-ministro, Baciro Djá, disse que o seu lugar no executivo não está em causa porque o seu governo foi legitimado pelo Supremo Tribunal de Justiça e o seu governo está disponível a incluir outras partes por forma a criar condições para uma estabilidade nacional.
Segundo Baciro no acordo de Conacri não constam os três nomes e pede uma interpretação concreta do acordo sendo que “todas as outras interpretações são subjectivas”.
Perguntado pelos jornalistas o facto de o seu nome não constar nas propostas entregues aos mediadores durante o encontro de Conacri e se isto demostra a falta de confiança no actual executivo, Baciro Djá remete a resposta ao chefe da nação.
“Eu sou o fruto de uma alternativa governativa através do PRS, no PND e do grupo dos 15”, sustenta.
Dissolução do parlamento
Portanto, o vice-presidente da Assembleia nacional Popular, Inácio Correia, que também foi recebido pelo presidente da república, defende a dissolução do parlamento caso não se chegar a um consenso para a escolha de um nome para liderar o executivo como plasmado no acordo de Conacri e pela informação que dispõe “se o presidente da república alterar uma vírgula” além de o acordado em Conacri “o partido vencedor das últimas eleições não vai aceitar”.
“As pessoas que não estão de acordo são exactamente aqueles que não têm direito de estarem a frente das pessoas e nem de governar. O presidente mostrou que estava preocupado e na minha opinião a sua preocupação só pode ser resolvido por ele mesmo”, defende Inácio que sustenta que não deveria ser difícil o presidente da república fizer uma escolha porque “basta basear no artigo 85 e alínea G da Constituição da República seria uma saída airosa (O primeiro Ministro é indigitado pelo partido vencedor das ultimas eleições e nomeado pelo presidente da república) ”.
Comunidade Internacional
Ovídio Pequeno, porta-voz do “P5” composto pela União Europeia, a União Africana, a CEDEAO, A união Europeia e as Nações Unidas, abordado pelos jornalistas depois de o mesmo acordo limita-se a dizer que o grupo ainda tem trabalhos a fazer e que oportunamente serão revelados ao público.
Terminou assim o ciclo de auscultação das forças vivas sobre a escolha ou não de um novo primeiro-ministro. As atenções estão agora viradas para a presidências da república onde se espera a decisão final sobre as auscultações iniciadas na segunda-feira (24/10).
Por: Elisangila Raisa Silva dos Santos/radiosolmansi com Conosaba do Porto
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