A prudência marca todas as frases de Ricardo Espírito Santo, em conversa com um jornalista do Diário Econômico, no Hotel Estoril Palácio. Recorre várias vezes a citações do Papa Francisco para responder: "não chores pelo que perdeste, luta pelo que tens" diz, sobre o futuro.
Sobre os accionistas que perderam tudo, diz o jornalista do DE que "a resposta [de Ricardo Salgado] ficou-lhe atravessada na garganta, fruto de uma prudência jurídica". Dá a entender que é uma das suas principais preocupações e defende que é um homem de compromissos, conta-nos o jornalista.
São poucas as afirmações de Salgado transcritas na primeira pessoa. E o recurso a palavras do Papa Francisco resolve algumas delas. Questionado sobre como se sente, após passar de um dos homens mais poderosos do país a uma situação em que é estigmatizado como um bandido, diz: "Não chores pelo teu sofrimento, luta pela tua felicidade". Refere o jornalista que "Ricardo Salgado é hoje um homem que parece não ter percebido o que lhe aconteceu".
Planos para o futuro, o ex-líder do Banco Espírito Santo terá, consciente das limitações dos seus 70 anos. Desta conversa, que começou no hall do hotel e seguiu para o seu escritório improvisado em duas salas - com os caixotes que guardam alguns dos seus documentos pessoais amontoados - Salgado assume não acreditar que a sua geração possa recuperar o prestígio perdido dos Espírito Santo. Mas dá a entender que os mais novos o conseguirão.
"Vou lutar pela honta e dignidade, minha e da minha família", diz com determinação.
Do que se disse nas últimas semanas, confirma que tem o passaporte retido pelas autoridades "apesar de o poder ter recuperado quando pagou a caução que lhe foi imposta" [três milhões de euros]. Garante que não tem dinheiro no estrangeiro, nomeadamente depósitos na Ásia como foi noticiado. "Dá a entender que não tem mais nada para além do que é conhecido e está registado", diz-nos o jornalista.
dn
Sem comentários:
Enviar um comentário