segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Falta de professores dificulta funcionamento de aulas no setor de Pitche


A insuficiência de professores no Setor de Pitche preocupa enormemente os responsáveis de educação e as comunidades locais, facto que dificulta o funcionamento das aulas.

O setor conta com 55 escolas públicas, as quais 28 de construção definitiva, para além de oitos escolas comunitárias e três privadas. Das escolas existentes, cinco foram construídas no quadro do projeto “skola amiga da criança”, nas localidades de Sintchã Baciro, Muddu, Padjama, Cuntin e sintchã Bobo. Também, a ONG Plan Internacional construiu algumas escolas no âmbito da sua intervenção na região de Gabu. Apesar de parecer que são muitas, na realidade são insuficientes para o total de crianças em idade escolar.

Conforme os dados estatísticos, no presente ano letivo matricularam-se no Setor de Pitche cerca de 7.608 alunos, faltando ainda cinco escolas onde não se fez a matrícula, nomeadamente Parceru Maude, Fulamança, Caira, Sintchur Siri e Sintchã Barros. No entendimento do inspetor Cipriano Lima, 502 alunos estão fora do sistema de educação.

Segundo ele, no ano passado 11 escolas não funcionaram devido à falta de professores o que significa uma violação flagrante aos direitos da Criança plasmados na Convenção das Nações Unidas.

Em termos de material didático, o inspetor confessou que desde a sua chegada em Pitche, em 2018, nenhuma escola recebeu livros para distribuir aos alunos. Este facto obriga o professor a comprar seus próprios livros ou fotocopiá-los a partir de outro professor para ter um instrumento de orientação.

Também, nas escolas existentes nenhum professor é contemplado uma residência, inclusive o próprio inspetor. “Não tenho sequer uma secretária para o fazer o meu trabalho, em Pitche, quanto mais uma residência”.

Este ano a direção setorial recebeu uma lista de 90 professores. Na primeira colocação, o Setor de Pitche foi contemplado com 40 professores e destes apenas 13 se apresentaram com as suas respetivas guias de marcha.

Conforme nos disse o inspetor, a publicação, pelo Ministério da Educação, do mapa dos professores, nem sempre resolve o problema. Alguns professores acabam por não comparecer para lecionar nas escolas onde são colocados. Algumas escolas funcionam com apenas um professor de 1ª a 4ª classe em condições de sobrecarga. “Precisamos de professores para colmatar essas dificuldades”, sublinhou Lima.

O inspetor informou que em muitas situações as comunidades rurais constroem escolas (parede e cobertura do telhado), mas sempre faltam carteiras e outros materiais. Nas condições de falta absoluta de apoio por parte do Estado, os pais e encarregados de educação acabam por arranjar bancos de madeira ou cadeiras plásticas para que os seus filhos ou educandos possam frequentar as aulas.

“Quando cheguei aqui, 32 escolas não tinham professores. Este ano podemos ter falta de professores em apenas duas escolas. Graças a Deus, tanto a comunidade, como o régulo de Pitche estão engajados para que a escola funcione devidamente”.

Sintchã Lali aguarda colocação de novos professores

A escola primária de Sintchã Lali, situada a sete quilómetros a leste de Pitche, sede do setor, conta com 203 alunos, dos quais 69 do ensino pré-escolar (3-5 anos). Este estabelecimento escolar funciona em dois períodos de pré à 4ª classe, tem dois professores no ensino primário e duas animadoras de infância, uma que trabalha de manhã e outra à tarde. Os alunos desta escola são provenientes de Sintchã Lali e mais quatro outras tabancas arredores, nomeadamente Sintchã Malam, Sintchã Tumane, Madina, Madina Coprin.

Calilo Camará, professor do ensino primário há mais de 30 anos, leciona na escola de Sintchã Lali, e desde 2011 trabalha no Setor de Pitche tendo feito uma brilhante missão na seção de Canquelefá. A escola de Sintchã Lali não tem o 2º ciclo, por isso os alunos que terminam a primária alguns optam por continuar a escola em Pitche, outros em Gabu ou noutras partes do país. Os que optaram por matricular em Pitche percorrem aquela distância de bicicleta, ida e volta. Alguns alunos são acomodados pelos familiares em Pitche.

A escola de Sintchã Lali depara com enorme falta de material didático, essencialmente livros para os alunos. Na explicação do professor Calilo Camará, dantes a ONG Plan Internacional apoiava a escola com cadernos, canetas, lápis, fiadeiras, borrachas, etc. Este ano a escola não recebeu ainda nenhum material, o que dificulta, sobremaneira, os alunos e obriga o professor a comprar o seu livro ou tirar fotocópias para orientar-se na aula.

A comunidade local disponibilizou duas mulheres e estas receberam a devida formação pedagógica, para assumirem a animação da pequena infância. Para este nível de ensino ainda não há sala construída em quatro paredes e nestas condições a comunidade local planeou construir uma barraca onde serão albergadas esses menores. Os alunos de 1ª e 2ª classes entram no período de manhã, a 3ª e a 4ª entram no período da tarde.

O professor Calilo confirmou que o inspetor do Setor de Pitche, na qualidade de responsável máximo da Educação naquela área, já comunicou a colocação de mais dois professores para Sintchã Lali, o que será um alívio para essa comunidade.

“Ao que nos parece, a colocação dos professores atrasou-se. Pois, nós iniciamos as aulas no dia 18 de Outubro e só agora é que estamos a receber novos professores”, sintetizou Calilo. A escola é pública, de construção definitiva, no quadro do apoio do povo japonês.

O professor Calilo solicita um apoio de qualquer entidade para a construção de um jardim escolar de parede e material didático para os alunos. Realçou a boa colaboração demonstrada pela comunidade local, sobretudo no que diz respeito à realização de trabalhos voluntários de limpeza ao recinto escolar e outras iniciativas sociais.

Com o objetivo de melhorar os trabalhos da docência, Calilo Camará entende que durante as férias do fim do ano letivo, seria bom que fossem organizados seminários de reciclagem para os professores, concernentes à elaboração de planos de aula e outros instrumentos pedagógicos. “Com a Editora Escolar, os professores eram reciclados quase em cada trimestre e assim a gente trabalhava mais a vontade”, lamentou professor Calilo Camará.

Bacar Baldé
Conosaba/jornalnopintcha

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