domingo, 19 de dezembro de 2021

Ministro português da defesa: “PORTUGAL APOIA MILITARES GUINEENSES PARA PARTICIPAR CONJUNTAMENTE COM PORTUGUESES NAS MISSÕES DE PAZ”


SEMANA_ 50_2021] O ministro da Defesa Nacional de Portugal, João Gomes Cravinho, disse que Portugal vai trabalhar na criação de condições aos militares guineenses para que possam participar conjuntamente com os “camaradas portugueses” nas missões de paz onde Portugal esteja presente.

Acrescentou neste particular que é preciso reforçar também a capacitação no domínio da língua portuguesa, por ser a língua”unificadora” e a língua da internacionalidade do país.

“Portugal está disponível para acolher militares guineenses para fazer aprontamento, criando assim condições para que possam ser integrados nos contingentes portugueses nas missões de paz, como também apoiá-los na formação de base rigorosa, permitindo ao próprio contingente guineense participar em missões de paz como aconteceu no passado”, explicou o ministro português da defesa na entrevista concedida aos jornalistas dos órgãos portugueses e nacionais para falar sobre a sua visita ao país e da assinatura, com o seu homólogo guineense, do novo programa-quadro de cooperação militar com o qual afinam estratégias no âmbito do Atlântico Norte.

CRAVINHO REALÇA A ATITUDE DAS FORÇAS ARMADAS GUINEENSE DE MANTEREM-SE DISTANTES DA POLÍTICA

João Gomes Cravinho afirmou que as forças armadas são pilares fundamentais do Estado de direito. Assim, é importante apoiar a classe castrense guineense na formação para assumir essa posição no âmbito da Constituição da República da Guiné-Bissau.

Assegurou que há uma “tradição” de cooperação entre Portugal e a Guiné-Bissau no domínio da defesa que é bastante significativaque os dois países irão dar a continuidade, mas realçou que haverá também inovação e alguma mudança de paradigma com o programa quadro que está sincronizado com o programa da cooperação portuguesa.

O governante português informou que é um programa que tem dimensões novas que não eram referidas no programa de 2015, nomeadamente, a cooperação no âmbito das forças nacionais destacadas em missões internacionais de paz num diálogo político, apostando muito forte no domínio da formação, tanto na Guiné-Bissau com a vinda dos formadores portugueses como também em Portugal no curso de promoção de oficiais superiores, defesa nacional e outros vários cursos ministrados na academia militar portuguesa, a partir de janeiro e intensificá-lono segundo semestre de 2022.

Cravinho afiançou neste particular que todo esse trabalho está a ser levado a cabo no sentido de criar condições aos militares guineenses para que possam participar conjuntamente com os “camaradas portugueses” nas missões de paz onde Portugal esteja presente.

Solicitado a pronunciar-se sobre a atuação da classe castrense guineense, o ministro português da defesa disse que o Estado de direito tem reservado às forças armadas um papel que não é político, mas “sim da defesa da integridade territorial contra agressões externas e eventualmente também de participação em missões internacionais de maneira que é preciso ter uma postura correta que sempre deve ser reforçada no âmbito da formação”.

“Carregar armas é algo de uma responsabilidade tremenda que precisa de um enquadramento muito forte que começa desde o início de formação e de forma contínua.

Vejo, de forma muito positiva, a atitude das forças armadas guineenses em manterem-se distantes da política” disse, lembrando que o chefe de Estado das Forças Armadas Portuguesas esteve vários dias na Guiné-Bissau e que deixou as suas ideias e observações no diálogo e interacção com as autoridades guineenses, de maneira que a sua presença no país é importante para a criação das condições para uma cooperação mais intensificada a partir do próximo ano.

“Há um aspecto fundamental que é a divisão de tarefas e responsabilidades entre Portugal e Guiné-Bissau. A nossa disponibilidade, que corresponde ao interesse guineense, é apoiar significativamente na formação das forças armadas e particularmente o exército da Guiné-Bissau. Agora compete às autoridades nacionais dizer se essa formação deve ser feita em Cumeré ou num outro sítio, obviamente que respeitaremos a opção do Ministério da Defesa, ou seja, do governo guineense. Somos família, Portugal e Guiné-Bissau. Ao longo dos anos há sempre dentro das famílias, altos e baixos, dificuldades, momentos de incompreensão, mas sempre há uma consciência que somos irmãos, assim Portugal nunca deixará de ser um país próximo da Guiné-Bissau e espero que será o mesmo sentimento para os guineenses”, enfatizou.

Sobre os antigos combatentes portugueses, João Gomes Cravinho lembrou que em 1975 e 1976 criaram-se as bases jurídicas para aquilo que tem sido o apoio do Estado português aos antigos combatentes. Acrescentou que é importante que essa “arquitetura jurídica” seja conhecida, mas “creio que de quando em vez há informação que não é correta e isso alimenta expetativas por parte das pessoas que não têm conhecimento mais aprofundados”.

“O diálogo é sempre a base para o progresso, mas é fundamental que esse diálogo seja com base em conhecimento real, infelizmente o que temos visto é que há desinformação. Nós em Portugal tivemos, em 2020 e 2021, avanços muito importantes em matéria de promoção dos direitos dos antigos combatentes, mas esses direitos têm a ver também com a cidadania portuguesa, de maneira que não quero alimentar expetativas que não se venham a justificar.

Na realidade, temos toda uma teia jurídica construída de apoio para os antigos combatentes, mas são para antigos combatentes que tiveram carreiras contributivas na segurança social em Portugal e para as pessoas que tiveram as suas vidas em Portugal, portanto há alguma desinformação que leva às expetativas que não se justificam. O diálogo sempre é a base para o progresso”, defendeu.

Por: Aguinaldo Ampa
Foto: A.A
Conosaba/odemocratagb

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