Quatro deputados do Movimento para a Alternância Democrática (MADEM G-15) entregaram, esta terça-feira, 21 de dezembro de 2021, ao Presidente da República, dez milhões de francos CFA que teriam recebido do primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabian, como “gratificação” por terem votado favoravelmente o Orçamento Geral do Estado (OGE) para o ano econômico 2022.
A informação foi divulgada à imprensa pelo porta-voz dos quatro deputados, Adulai Baldé (Nhirbui), à saída de um encontro com o chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló. Baldé denunciou que o chefe do governo ofereceu dois milhões e meio de francos CFA [3,8 mil euros] a cada deputado e um “cabaz de Natal”, após a aprovação do OGE.
Adulai informou que decidiram devolver o dinheiro ao chefe de Estado, porque foram informados que o caso já está sob alçada da Procuradoria Geral da República e que em breve os deputados vão ser ouvidos sobre esse assunto.
“Não podia ser de outra forma, se não devolvesse esse dinheiro… não tenho idade para enfrentar a justiça”, salientou.
“Quando terminamos a votação do Orçamento Geral de Estado, o primeiro-ministro ficou satisfeito e ofereceu um cabaz de Natal aos deputados da nação no valor de dois milhões e quinhentos mil francos CFA a cada deputado e nós recebemos a nossa parte através da bancada parlamentar. Também fomos informados pelo Sissoco Embaló que os deputados do Partido da Renovação Social (PRS) já devolveram o dinheiro recebido do chefe de governo”, sublinhou.
Questionado por que não devolveram o dinheiro ao primeiro-ministro em vez de entregá-lo ao Presidente da República, Adulai Balde respondeu que sabe apenas que ele é deputado. Adulai Baldé disse ter transmitido ao chefe de Estado que se essa situação de briga continuar no MADEM-G15, regressará para o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que tinha abandonado para integrar a fileira do MADEM G-15.
“Estou mesmo chateado com os problemas no seio do nosso partido e a forma como as pessoas estão a fazer política na Guiné-Bissau, insultando-se uns aos outros sem fundamentos e a idade que tenho hoje jánão dá para aguentar esta situação. O Presidente da República e o primeiro-ministro devem ser respeitados, porque não são simples figuras do país, acho que não vou resistir a essa guerrinha. Quero voltar a praticar a minha atividade comercial, deixando a política de lado”, disse.
Adulai Baldé disse que não votou a reprovação do Acordo de Cooperação assinado entre a Guiné-Bissau e o Senegal porque a forma como o assunto foi tratado “não foi justa”.
“Os deputados já tinham pontos que constavam na ordem do dia que deviam ser discutidos, mas de repente apareceu o assunto do acordo que foi e submetido logo à votação, isso não foi justo”, salientou Adulai Baldé.
Por: Aguinaldo Ampa
Foto: A.A
Conosaba/odemocratagb
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