PR Umaro Sissoco Embalo desloca-se à São Tomé e Príncipe para uma visita de trabalho de três dias.
O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, disse hoje que o país não vende passaportes, referindo-se à alegada venda e atribuição de passaportes diplomáticos guineenses em França por cidadãos e diplomatas daquele país da África Ocidental.
"É preciso as pessoas compreenderem. Nós politizamos tudo com má-fé. A questão dos passaportes é de 2017 e 2018. A Guiné-Bissau não vende passaportes. É preciso que as pessoas parem de fazer política de baixo nível", disse o chefe de Estado guineense.
Umaro Sissoco Embaló falava aos jornalistas o aeroporto internacional Osvaldo Vieira, em Bissau, antes de viajar para São Tomé e Príncipe para uma visita oficial de três dias, seguindo depois para o Gana para participar na cimeira de chefes de Estado e de Governo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), no sábado.
"Há mobilidade no espaço na CPLP, mas há reservas em relação à Guiné-Bissau", disse Umaro Sissoco Embaló, explicando que essa é uma das razões, entre outras, para a nova gama de passaportes.
"Vamos pôr novas regras e critérios fortes nos passaportes diplomáticos. Temos de mudar a cara deste país. Nós estamos a restaurar a dignidade do Estado", salientou o Presidente guineense.
O jornal francês Liberation noticiou na semana passada que vários cidadãos franceses e de outras nacionalidades conseguiram em Paris um "passaporte diplomático" guineense, que os identificava como conselheiros da Guiné-Bissau na Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
O jornal divulgou fotografias dos documentos atribuídos a várias pessoas que pagaram entre 50 mil e 200 mil euros para obterem o falso documento, sendo que o pagamento era feito como "um donativo" ao país e passaria através de uma organização não-governamental.
O processo era facilitado por um empresário instalado perto dos Campos Elíseos, através de "um próximo de um filho de um antigo Presidente" guineense, que não foi identificado, que abriria as portas do MNE em Bissau.
A UNESCO confirmou ao jornal que nenhum dos nomes da investigação estava acreditado junto da instituição como fazendo parte da delegação da Guiné-Bissau.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) da Guiné-Bissau qualificou como "grave" a notícia e salientou que está a acompanhar os esforços das autoridades francesas.
O diretor-geral dos Assuntos Jurídicos e Consulares do ministério guineense, embaixador Cândido Barbosa, esclareceu que os factos da notícia remontam a 2017 e não aconteceram "durante o exercício" do atual Governo guineense.
"O mesmo artigo refere factos ocorridos em fevereiro e maio de 2018", salienta.
O MNE apresentou no início de junho os novos passaportes do país, que vão passar a ter a designação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e vão incluir os ordinários, de serviço, diplomáticos e especiais e são mais seguros. A cor da capa também mudou.
Os antigos e os novos passaportes da Guiné-Bissau vão circular em simultâneo até 31 de dezembro de 2022, e a partir de 01 de janeiro de 2023 só vai estar a circular a nova gama.
Segundo o embaixador, a notícia publicada pelo jornal francês vem "confirmar a pertinência das medidas tomadas pelo atual Governo", nomeadamente a suspensão das candidaturas a cônsul honorário, por um período de um ano, e a "necessidade de o Governo suprimir a anterior gama de passaportes" e substituí-la por outra "mais credível e com mais rigor na sua atribuição".
O procurador-geral da República da Guiné-Bissau, Fernando Gomes, anunciou na segunda-feira a abertura de um processo-crime à alegada venda e atribuição de passaportes diplomáticos guineenses em França.
Conosaba/Lusa
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