Bissau, 18 jun 2021 (Lusa) – Um grupo de militares e polícias da Guiné-Bissau terminou hoje uma formação para reforçar a sua capacidade de defender os direitos das mulheres e crianças, que se deterioram com a pandemia provocada pela covid-19.
“Esta formação em concreto visa reforçar a capacidade das forças de defesa e segurança em matéria programática dos direitos humanos das mulheres e meninas para que possam adotar atitudes, comportamento e práticas para proteção desta franja importante da população, antes, durante e após o conflito”, afirmou Laudolino Medina, da Associação dos Amigos da Criança (AMIC).
A formação, financiada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), está a ser desenvolvida pela AMIC e pela Casa dos Direitos, e vai ser feita no Setor Autónomo de Bissau e nas regiões de Cacheu e Biombo.
“O outro objetivo é familiarizar a sociedade castrense com instrumentos nacionais e internacionais de proteção dos direitos humanos para que possam ser mais sensíveis a esses direitos e possam defender melhor essa categoria importante da população”, explicou Laudolino Medina.
A formação tem como terceiro objetivo, segundo o dirigente da AMIC, criar uma sinergia com a sociedade castrense “para aumentar a sensibilização e consciencialização entre os pais dos direitos das mulheres e meninas”.
Questionado sobre se nos últimos anos houve alguma evolução no respeito pelos direitos das mulheres e da criança na Guiné-Bissau, Laudolino Medina disse que se se fizer uma análise desde o ponto de partida “há passos que foram dados”.
“Mas existem ainda muitos desafios relacionados com a efetiva realização dos direitos da criança na Guiné-Bissau no contexto que conhecemos de instabilidade crónica, onde há 20 anos as aulas não funcionam normalmente e tudo isto agravou-se com o contexto da pandemia de covid-19”.
Laudolino Medina salientou que desde que teve início a pandemia as denúncias de violações dos direitos de crianças e mulheres aumentaram de “forma muito profunda”.
“Este fenómeno aumentou e de que maneira. Numa semana, entram cinco meninas vítimas de violência doméstica, incesto, casamento precoce”, disse, referindo-se aos espaços da associação que acolhem crianças.
O projeto também já formou cerca de 50 jornalistas e vão também haver sessões de formação para mulheres.
Sem comentários:
Enviar um comentário