Estava a acompanhar esta manhã, dia 10 de Junho de 2021, na rádio capital FMI, o programa matinal, interactivo, “frequência activa”, conduzido pelo jornalista Danso, e as tantas, fiquei chocado devido e intervenção de um ouvinte.
Além desse ouvinte manifestar a sua frustração pela merecida eleição do jovem General Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, “culpou” aqueles que ele entende que “cometeram crime”, por livremente terem votado nele.
O ouvinte defendeu que a candidatura do Presidente Embaló nunca devia ser aceite pelo Supremo Tribunal de Justiça, devido ao facto do pai da mãe, ou seja do avô paterno do então candidato Sissoco Embaló ser de origem Maliana, e não ter aquilo que chamou em Crioulo de “4 donas”, isto é, de o candidato Umaro não ser da quarta geração, em ambos os lados, do lado paterno e materno.
Fiquei triste porque não pensava que ainda existissem Guineenses com essa mentalidade de outros séculos. Confesso que fiquei confuso, e cheguei mais uma vez a conclusão de que os poderes políticos devem fazer tudo para trabalhar no sentido da mudança de mentalidade, através da implantação de escolas em todos os cantos do país e a melhoria do sistema de ensino, donde se deve destacar a reforma curricular.
Por se tratar de um caso isolado, porque duvido que esse sentimento de complexo de inferioridade em relação a diversidade étnico-cultural e religiosa, a nossa relíquia, ultrapasse uma meia dúzia de “gatos-pingados”, não queria dar importância a questão e nem reagir como estou agora a fazer.
Mas como recomenda a minha religião, aliás, todas as religiões, “quem sabe deve ensinar aquele que Não teve a oportunidade de saber”, se ficasse indiferente isso significaria estar de acordo com esse disparate, apesar de antemão saber que esta minha intervenção não vai alterar o seu modo pensamento.
Esse individuo é declaradamente um apoiante do Eng. Domingos Simões, um quadro dirigente de renome e de reconhecida competência, mas que nunca defendeu essa teoria, por o mesmo também ter outras origens, a semelhança da maior parte dos Guineenses destacados no campo político.
Para ele, se o DSP estivesse no lugar do USE, seria absolutamente normal, porque um, por ser Domingos, e o outro, por ser Umaro; o primeiro é cidadão de primeira, e o segundo é de segunda; um é filho, e o outro é enteado. Que vergonha!
De facto, depois do conflito de 7 de Junho de 1998, aquando da discussão do projecto de revisão constitucional que foi aprovado pelos deputados, em relação ao qual o falecido Koumba Yala nunca se pronunciou, não vetou e nem o devolveu a ANP (se não me falha a memória), havia deputados que defendiam essa triste tese.
Quer dizer, e aqui vou falar abertamente e sem nenhum complexo, porque até sou de pai e mãe, de etnias e religiões diferentes, para esses deputados, os Guineenses a quem se devia atribuir a capacidade eleitoral passiva, ou seja, aquele em quem o povo deve votar, é aquele que a partida não é suspeito de os pais terem origem estrangeira, quer dizer, “di 4 donas”.
Mas isso só se aplicaria aqueles que tenham nomes de consonância muçulmana e pratiquem a religião muçulmana. Subentende-se que em relação aos restantes, tudo seria admissível, mesmo que fossem Guineenses não nascidos no território nacional, mas simplesmente naturalizados.
Isso faz lembrar aquela antiga teoria dos Estados Unidos em que, para as presidenciais, os candidatos deviam ser (WASP), isto é, “White Anglo-Saxon Protestant”.
Não vou fazer aqui nenhuma comparação, mas na história universal, em termos de resultados, os que mais se destacaram foram aqueles cujos pais ou avôs tinham emigrado para os países que os viu nascer.
Posso citar os casos de Côte d’Ivoire (Houphouët Boigny), Ghana (Jerry Rawlings), Senegal (Abdouaye Wade, de mãe Guineense de origem), Singapura (Lee Kuan Lew), Peru (Alberto Fujimori), França (Nicholas Sarkozy), Estados Unidos da América (Hussein Barak Obama), Israel (Ben Gurion), etc. etc..
Entristece-me ver todo o excelente trabalho levado a cabo durante a dura luta de libertação nacional, PARA CRIAR UM HOMEM NOVO, esteja agora a ter um efeito totalmente contrário aos propósitos por que foi concebido.
Na Guiné-Bissau, estar-se a pensar em termos étnicos, religiosos ou de origem socioeconómica, em pleno Séc. XXI!?
Não sei explicar, mas parece que algo está a falhar, e urge tomarem-se as medidas correctivas, mas implacáveis, para travar esse sentimento divisionista e retrógrado, que só a mentes doentes interessa.
Nunca foi minha intenção analisar a pronunciar-me sobre questões desta natureza, mas parece que há algum trabalho em curso destinado a intoxicar a nossa sociedade para evitar este nosso reencontro com a HISTÓRIA.
NUNCA, MAS NUNCA!
Este povo vai continuar unido e indivisível, e pronto a sacrificar-se, de novo, para escrever com letras de OURO o II Capítulo da sua HISTÓRIA - O DO TÃO ALMEJADO DESENVOLVIMENTO E BEM-ESTAR DAS SUAS POPULAÇÕES. Ã
À GUINE-BISSAU E AOS GUINEENSES, NAO SAO OS EMBALÓS, OS PEREIRAS, OS DJALOS, EMBUNDES, TES, MANES, MENDES QUE INTERESSAM, MAS SIM, AQUELE QUE TRABALHA, E COMPROMETIDO COM OS INTERESSES DO POVO.
E NEM TAMPUCO O FULA, O BALANTA, O MANDINDA, O PAJADINCA, O MANJACO, O PEPEL, O CABO VERDIANO (de origem), Caucasiano (de origem), o CATOLICO, O MUCULMANO, O PROTESTANTE, O ANIMISTA, O BUDISTA, O JUDEU, MAS SIM, AQUELE EM QUEM O POVO LIVREMENTE VOTOU E DISPOSTO A HONRAR O SEU JURAMENTO, SOB PENA DE RECEBER UM CARTA VERMELHO.
VIVA A UNIDADE NACIONAL!
VIVA A DIVERSIDADE ETNICO, RELIGIOSA E CULTURAL!
NO CONTINUA MAMA PA NO NDIANTA, COMO NOS ACONSELHAVA O COMANDANTE MANEL (QUE A SUA ALMA DESCANSE EM PAZ!).
Por: yanicky Aerton
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