A representante do secretário-geral da ONU na Guiné-Bissau, Rosine Sori-Coulibaly, afirmou que as sanções a militares do país não foram impostas de "ânimo leve" e que são uma "ferramenta" para encorajar as pessoas a contribuírem para a paz.
"O principal a dizer é que foi a ferramenta que se utilizou para encorajar os militares ou todos os atores interessados a realmente contribuir para a consolidação da paz no seu país", afirmou, em entrevista à Lusa, a também chefe do Gabinete Integrado para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (Uniogbis), que termina a sua missão em 31 de dezembro.
Rosine Sori-Coulibaly explicou também que as sanções não foram impostas de "ânimo leve", mas na sequência de uma "constatação em relação à violência política, em relação aos sucessivos golpes de Estado, e ao papel que, infelizmente, as forças armadas desempenharam na instabilidade do país".
Em 2012, na sequência de mais um golpe militar, o Conselho de Segurança das Nações Unidas impôs sanções a um grupo de militares guineenses, que ainda não foram levantadas.
Num relatório, divulgado em setembro, mas com data de agosto, e pedido pelo Conselho de Segurança, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, defendeu a manutenção das sanções impostas a militares na Guiné-Bissau.
António Guterres disse, no documento, que o regime de sanções continuava a ser "pertinente", considerando que as "medidas adotadas pelos militares no período a seguir às eleições presidenciais" de 2019 foram "dececionantes e preocupantes".
Na sequência da tomada de posse de Umaro Sissoco Embaló como Presidente do país e após a demissão do Governo liderado por Aristides Gomes, as forças armadas ocuparam as instituições de Estado para o novo Governo, nomeado pelo chefe de Estado, e liderado por Nuno Nabiam, assumir funções.
António Guterres, que admitiu também a possibilidade de imposição de sanções a civis que perturbassem a ordem constitucional, pediu a criação de um comité de peritos para analisar a situação no terreno.
Questionada sobre aquela avaliação, Rosine Sori-Coulibaly disse que o comité de sanções aceitou a recomendação do secretário-geral da ONU para criar um comité independente de peritos para fazer essa avaliação sobre o comportamento das pessoas.
"Isso pode levar o comité de sanções a ter dados concretos sobre as pessoas que já não precisam estar na lista, mas isso não exclui que não possa ser considerado aquele que continua a ser um obstáculo ao processo democrático e à estabilidade do país", disse.
Conosaba/Lusa
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