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A Polícia Judiciária (PJ) da Guiné-Bissau quer que o Ministério Público convoque o primeiro-ministro, Nuno Nabiam, sobre quem diz existir suspeitas de envolvimento no corte ilegal de árvores para madeira, disseram hoje à Lusa fontes judiciais em Bissau.
Uma fonte da PJ confirmou à Lusa o envio para o Ministério Público de "um conjunto de autos incriminatórios" de pessoas, entre guineenses e estrangeiros, envolvidas, alegadamente, na atividade de abate ilegal de árvores para fins madeireiros.
Um despacho com data de 09 de novembro, a que a Lusa teve hoje acesso, e emitido pela diretoria central da PJ, dá conta de um conjunto de autos enviados ao Ministério Público com pessoas consideradas suspeitas de atividade de corte ilegal de árvores na Guiné-Bissau.
O despacho da PJ, com o n.º 163/2020, foi enviado ao Gabinete de Luta contra Corrupção e Delitos Económicos do Ministério Público, solicitando para que convoque para audições processuais os suspeitos Nuno Nabiam, Botche Candé, atual ministro do Interior, e Sadjo Cissé, comandante da Guarda Nacional, entre outras pessoas.
Uma outra fonte judicial confirmou o envio dos autos ao Ministério Público, mas precisou que no documento não constam os nomes de Nuno Nabiam e Botche Candé, salientando que ambos não chegaram a ser ouvidos pela PJ.
"Talvez é isso que a Polícia Judiciária esteja agora a pedir ao Ministério Público", enalteceu a fonte, lembrando que lei guineense impõe que um ministro ou um primeiro-ministro em funções só podem ser ouvidos por um magistrado.
A fonte salientou ainda que os dois dirigentes são deputados eleitos.
"Dependendo da fase do processo, se for na fase de inquérito terá que ser um magistrado do Ministério Público com categoria de procurador-geral adjunto", salientou a fonte judicial.
Em novembro, a PJ guineense apreendeu, em Bissau, uma grande quantidade de madeira em toro cortada de forma ilegal na floresta do país, pertença de uma empresa da qual, alegadamente, Nuno Nabiam faz parte.
O político guineense nunca quis comentar de forma aberta as denúncias.
Também em novembro, o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, reuniu-se com o procurador-geral da República, os ministros da Justiça e do Interior, a diretora da Polícia Judiciária e o comandante da Guarda Nacional para lhes dizer que a PJ tinha autorização para investigar "quem quer que seja" no caso relacionado com o corte ilegal de árvores para madeira.
A Lusa tentou sem sucesso obter uma reação junto de Nuno Nabiam.
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