A rádio continua a ser o principal meio de comunicação social na Guiné-Bissau e o crioulo a língua mais falada, segundo um inquérito elaborado pelo Centro de Sondagens da Universidade Católica portuguesa, no âmbito de um projeto da ONU.
As conclusões do inquérito, realizado no âmbito do projeto "Impulsionar o setor dos media para maior paz e estabilidade na Guiné-Bissau", foram hoje apresentadas aos jornalistas, em Bissau.
Segundo os dados, 39% dos guineenses ouvem rádio todos os dias e 16% ouvem quase todos os dias.
As rádios mais ouvidos no país são a Sol Mansi (42%), seguida da Rádio FM (26%), das rádios comunitárias (21%) e da Rádio Nacional (19%).
Já em relação à televisão, o acesso está vedado a pelo menos 37% da população, que diz que nunca vê.
Entre os que costumam ver televisão, 32% diz que vê a Televisão da Guiné-Bissau e 14% a Rádio Televisão Portuguesa.
O inquérito destaca que o acesso à televisão é superior no Setor Autónomo de Bissau.
Na rádio e na televisão, os critérios de escolha estão relacionados com a programação, língua que transmite, qualidade dos programas de informação ou pelos programas de entretenimento e não com critérios ideológicos, incluindo a defesa de ideias políticas ou de partidos políticos.
Os jornais e revistas têm, segundo os dados, pouco relevo entre a população guineense, com 77% a dizer que nunca lê jornais e revistas.
No país, há 14% de pessoas que nunca vê, nem ouve televisão e rádio, dos quais 20% são mulheres. São também as pessoas com mais baixa escolaridade.
O inquérito revela também que a população tem uma imagem "globalmente positiva" do trabalho dos jornalistas, considerando que melhorou nos últimos três anos.
Os jornalistas são vistos como mensageiros de qualidade das notícias do país e do mundo, salienta-se no inquérito.
No que diz respeito à língua, os resultados destacam que o crioulo é a mais falada entre a população, mais de 90%, em todos os escalões etários.
"Estes dados sugerem a necessidade de implementar políticas no sentido de valorizar e promover a língua em todo o país e em todas as instituições", refere.
A seguir ao crioulo, a língua mais falada é o português (37%) e o fula (32%).
A utilização da Internet é mais intensa nos grupos etários entre os 25 e os 49 anos, com 47% da população com mais de 16 anos a afirmar que já a utilizou e 44% a declarar que o fez nos últimos 12 meses.
"O acesso à Internet está claramente dependente do telemóvel. Neste momento, o acesso à Internet está condicionado pelas capacidades económicas das pessoas. Não há acesso público e partilhado a esta importantíssima fonte de informação", salienta-se no inquérito.
Em relação ao uso de redes sociais, 47% dos inquiridos disse ser utilizador e procura informação sobre amigos e familiares ou sobre temas relacionados com a sociedade em geral.
O projeto "Impulsionar o setor dos media para maior paz e estabilidade na Guiné-Bissau" foi implementado pelo Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau, cuja missão termina ano próximo dia 31, e pelo Programa da ONU de Apoio ao Desenvolvimento.
O inquérito sobre o consumo de comunicação social na Guiné-Bissau foi feito entre 06 e 14 de novembro através de entrevistas a 3.572 pessoas em todas as regiões do país, 47% das quais mulheres.
Conosaba/Lusa
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