O porta-voz do coletivo de advogados mandatados para seguir o processo de Malam Bacai Sanhá Júnior, detido no sábado 15 de agosto de 2020, afirmou que não existe nenhum processo contra o seu cliente.
O antigo dirigente foi detido, segundo Luís Vaz Martins, dentro do território nacional por elementos da Guarda Nacional (GN) colocados junto à linha fronteiriça, sob várias acusações, quando tentava atravessar a fronteira para o Senegal, onde ia assistir um familiar doente em Ziguinchor e terá passado por vários procedimentos.
Esta segunda- feira, 17 de agosto de 2020, depois da sua audição no Ministério Público, Bacai Sanhá Júnior foi reconduzido às instalações da GN, onde permaneceu por algumas horas.
Vaz Martins disse ao jornal O Democrata que não foram notificados do despacho que o reconduziu à Guarda Nacional, onde teria ficado detido, supostamente, durante várias horas antes de ser presente ao Ministério Público esta segunda-feira, 17 de agosto de 2020.
“Pelos vistos, não tem nenhum processo contra ele. Tem a ver só com ter tentado, eventualmente, atravessar a fronteira para visitar um familiar doente, em Ziguinchor. Terá sido esse facto que deu azos a toda essa situação. Estamos a falar de uma pessoa que nem sequer atravessou a fronteira, foi detida, ainda estando do lado do nosso território”, assinalou.
No Ministério Público, Malam Bacai Sanhá Júnior resistiu a uma ordem de tentar levá-lo de volta à GN, em condições humilhantes, na parte de caixa de uma viatura dupla cabine.
Para Luís Vaz Martins, tanto essa atitude como o procedimento dos elementos da Guarda Nacional que ordenaram a detenção de Bacai Júnior não passam de uma perseguição política e de humilhação psicológica.
“Foi o que acabamos de assistir aqui no Ministério Público. Havendo várias viaturas disponíveis para reconduzi-lo à Guarda Nacional, queriam, persistentemente, que ficasse na parte da caixa de uma viatura dupla cabine. Foi governante e deputado nesse país e ser tratado dessa forma não dignifica ninguém e choca toda a gente, independentemente de estarmos contra ou a favor dessa forma de fazer a justiça”, precisou.
Luís Vaz Martins revelou, no entanto, que o grupo de advogados mandatados para seguir o processo não teve acesso a nenhum tipo de informação ou à audição de Malam Bacai Sanhá Junior. Contudo, promete continuar a seguir a evolução do processo junto das entidades competentes para conseguir alguma coisa que os possa garantir a informação necessária.
O Democrata apurou, de uma fonte familiar, que Bacai Sanhá Júnior já saiu da Guarda Nacional, mas será ouvido amanhã, 18 de agosto, às dez horas, na vara crime do MP.
Em reação à detenção de Bacai Sanhá Jr, dirigente do PAIGC e ex-secretário de Estado das Comunidades no governo de Aristides Gomes, a direção do PAIGC afirmou que o seu dirigente “foi submetido à violência psicológica no Comando da Guarda Nacional”.
“A história de violência perpetrada pelas autoridades golpistas vai-se repetindo, diante de um silêncio ensurdecedor e indiscutível dos parceiros da Guiné-Bissau, da sociedade civil e da comunidade internacional”, lê-se no comunicado dos libertadores, que, entretanto, considera a detenção do seu dirigente de um “ato ignóbil” e que demonstra que o atual “regime golpista” está desesperado e sem rumo.
Recorde-se que Bacai Sanhá Júnior foi intercetado por agentes da Guarda Nacional sábado, na zona fronteiriça, em São Domingos, norte da Guiné-Bissau e foi ouvido no domingo, 16 de agosto, no Departamento de Investigação Criminal da Guarda Nacional, em Bissau.
Por: Filomeno Sambú
Foto: F.S
Conosaba/odemocratagb
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