O ministro dos Negócios Estrangeiros da Nigéria, Geoffrey Onyeama, disse hoje que é preciso arranjar consensos para que a Guiné-Bissau possa avançar para as eleições presidenciais e as reformas da Constituição.
"Estamos aqui para discutir com todas as partes para encontrar uma solução, arranjar um consenso porque o país precisa de avançar", afirmou o chefe da diplomacia nigeriana aos jornalistas num final de um encontro com o Presidente guineense, José Mário Vaz.
Geoffrey Onyeama lidera uma missão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) que está hoje em Bissau para ajudar a desbloquear o impasse no parlamento guineense, criado durante a eleição da mesa do órgão legislativo.
"Há as presidenciais, a questão da reforma da Constituição e tudo isso não pode avançar sem consensos. Isso para nós é a chave do futuro do país para que possa avançar e a estabilidade seja uma realidade", disse o chefe da diplomacia nigeriana.
O ministro salientou também que o facto de os deputados da Assembleia Nacional não conseguirem escolher a mesa está a atrasar a formação do Governo e "não será fácil, as tensões aumentam e podem ameaçar a estabilidade, haver um recuo".
A missão da CEDEAO vai reunir-se ainda hoje com os representantes dos partidos políticos com assento parlamentar, devendo fazer um comunicado à imprensa no final da visita.
A CEDEAO tem mediado a crise política que existe no país desde 2015 e que nem com as eleições legislativas de 10 de março foi ultrapassada.
O novo impasse surgiu a 18 de abril, logo após a cerimónia de tomada de posse dos novos deputados, com a eleição da mesa da Assembleia Nacional Popular.
Depois de os deputados terem reconduzido no cargo Cipriano Cassamá, do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), e eleito Nuno Nabian, líder da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) primeiro vice-presidente, o Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), segundo partido mais votado nas legislativas, não conseguiu fazer eleger para o cargo de segundo vice-presidente do parlamento o seu coordenador nacional, Braima Camará.
O Madem-G15 recusa avançar com outro nome para o cargo.
O Partido de Renovação Social (PRS), terceira força mais votada nas legislativas de 10 de março, também reclama a indicação do nome do primeiro secretário da mesa do parlamento.
PRS e Madem-G15, que assinaram um acordo de incidência parlamentar e juntos têm 48 deputados, têm acusado a nova maioria parlamentar de não querer chegar a consensos, enquanto a nova maioria parlamentar defende que está a cumprir a lei.
A nova maioria parlamentar inclui o PAIGC, a APU-PDGB, a União para a Mudança e o Partido da Nova Democracia, com um total de 54 deputados.
Quase dois meses depois da realização das legislativas na Guiné-Bissau, o novo primeiro-ministro guineense continua sem ser indigitado, apesar de o parlamento já ter enviado para o Presidente, José Mário Vaz, o dossiê da constituição da mesa do órgão legislativo, sem o segundo vice-presidente, e ter comunicado estarem reunidas as condições para a formação do Governo.
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