A nação onde o ódio fala mais alto, a reconciliação seria melhor remédio, não difamação pessoal, partidária ou a organização das eleições, embora ela (a organização das eleições) segundo Carlos Lopes (2017) deve ser a prioridade DO PAÍS no momento.
A expectativa do povo guineense relativamente às eleições que se avizinham como instrumento necessário para sanar todo impasse político vigente no país ao longo desses anos é extremamente grande, não só para as eleições legislativas previstas para 18 de novembro do ano em curso, mas também presidencial em 2019. Contudo, não devemos olvidar velozmente que a presente críse que o país atravessa era imaginável numa altura que a nação guineense poderia mais viver uma nova críse após golpe de estado ocorrido em abril de 2012.
Pois, não é a minha natureza grafar sobre a questão política, porém, quando o sofrimento ecoou o meu coração durante os últimos tempos, então decidi fazer esta dissertação como um instrumento de ALERTA ao povo guineense sobre as duas próximas eleições (legislativas e presidencial). Lembrando que em 2014 elegemos José Mário Vaz, presente da República e o PAIGC como partido vencedor indicou Domingos Simões Pereira como primeiro ministro; de forma confiante que os dois iam conduzir a nação guineense rumo à estabilidade política/institucional, o que não foi o caso.
Ora, o debate sobre o tema a “críse política” no país tem ganhado a centralidade nos últimos anos entre os jovens guineenses, onde facebook serviu de instrumentos para tal. Isto ocorre não só no território nacional, mas também no exterior, o que veio a originar vários movimentos sociais entre os quais “estamos a trabalhar, os inconformados entre os outros”.
Porém, existe a multiplicidade de sentidos que se pode atribuir ao termo crise e das diversas formas de exteriorização desse fenómeno, sejam elas política, económica, ideológica, ética, moral ou de outra natureza. Desta forma, opta-se aqui por empreender um trabalho sumariado, que permite distinguir a peculiaridade do conceito marxista da críse política.
Entre as análises marxistas das críses é conhecida a discussão de Lenin, que nos ajuda a entender o conceito da críse política tendo como alusão o processo de transição social no qual pode acontecer pela substituição da velha classe dominante por uma nova, conforme Boito Júnior.
Partindo deste pressuposto básico de Lenin pode-se afirmar que o dilema político que o país vive é um fenômeno de longa data, ou seja, este veio “a nascer” juntamente com a nossa independência ou anterior a ela, sendo implantada à sociedade guineense, através de assassinatos vistos ao longo da nossa história.
Assim, é possível ainda asseverar que a críse política que sempre lesa a nação guineense não é uma questão da realização das eleições, nem da incapacidade dos nossos políticos em geral, mas sim é uma questão de ódio arraigado no seio dos guineenses que precisamos superar, através de um processo reconciliativo.
Por essa razão, não devemos ter preguiça em lembrar que depois das eleições gerais de 2014, tudo parecia “mar de rosa”, cuja maioria dos guineenses gritavam terra ranka, porque nessa altura surgiram as duas “grandes” figuras públicas, José Mário Vaz, presidente da República e Domingos Simões Pereira, primeiro ministro; ambos pertencentes a mesma formação política, Partido Africano para Independência da Guiné e Cabo-Verde, (PAIGC).
Nesse instante, eram lhes considerados como “salvadores da pátria”, inobstante um ano depois desse processo eleitoral, os dois conduziram a nação guineense ao mesmo pátio, isto é, à críse política.
Certamente, a eleição é um dos instrumentos que dispõe o nosso sistema democrático, então é da nossa responsabilidade política e democrática realizá-la quantas vezes forem necessárias, conquanto não devemos acomodar as nossas expectativas nas próximas eleições como a panaceia de toda impasse política no país; enquanto temos problemas maiores a medicar, quais sejam os problemas interpessoais (purbulema di pecadur ku si cumpanher).
Por isso mesmo, a nossa obrigação como jovens do presente, não do futuro, como disse Carlos Lopes, deve principiar em construir a consciência saudável com a convicção em combater aqueles que colocam em causa o nosso sistema democrático, encontrar soluções para os nossos problemas, sem esquecer que a nossa democracia é plenamente fragilizada, portanto, os nossos problemas precisam de espaço, de compreensão, meios e trabalhos sérios para efetivar a mudança na mentalidade de pessoas.
Sendo assim, fielmente acredito que para não enfrentarmos os mesmos erros ou problemas vistos em 2015, precisamos atenuar o espirito de vingança e optar pela reconciliação (purda nghutru) fidedigna que pode ser promovido pela entidade religiosa e/ou “lideres” tradicionais em sintonia com a comunidade internacional.
Ainda, sem ser inepto na minha opinião é muito relevante que sejamos modestas e reflexivas sobre o nosso passado, visto que desde a nossa independência até então, o país enfrenta séries de problemas, um deles é a famosa críse política. Pois, essencialmente em 2005 ocorreu um desentendimento entre Carlos Gomes Júnior, Ex-primeiro-ministro e João Bernardo Vieira Nino, na altura o presidente da República; o que teve como a repercussão a queda do governo de Gomes Júnior por motivo dos problemas pessoais.
Posteriormente em 2008, Junior voltou a vencer eleições com a maioria absoluta no parlamento, como afirmou o musico Binham, “você ganha a eleição com a maioria absoluta e acha problema absoluta”. Porém, Vieira fazia tentativa a todo custo para derrubar novamente seu governo e por infelicidade em 2009 ele foi assassinado, o que salvaguardou o então segundo mandato de Carlos Gomes Júnior.
Correlacionando esse fato com o que está provável a acontecer entre Domingos Simões Pereira e José Mário Vaz, caso PAIGC sair como vencedor da próxima legislativa e Pereira como primeiro ministro. Logicamente haverá consequência negativa entre os dois. Isso pode até parecer absurdo hoje, mas o futuro pode nos esclarecer essa verdade.
Se recordamos bem em 2015, Vaz mostrou claro que jamais detinha a confiança na pessoa de Simões Pereira, ou seja, os dois não se podem trabalhar mais juntos, pois o acusou da prática de corrupção e nepotismo no aparelho de estado.
Humildemente não me nego à probabilidade do partido da renovação social (PRS) ou um dos demais partidos políticos vencerem essa legislativa, contudo estou a falar de PAIGC que maioria de nós conhece, mesmo sendo representado por um/a candidato/a impopular esse/a terá mais probabilidade de vencer eleição do que os demais. Nesta perspectiva, cabe-nos lembrar esses fortes motivos que o presidente Vaz invocou em 2015 para derrubar o governo liderado pelo então primeiro ministro.
Com isso, é relevante levantar as seguintes questões para refletirmos: o que acontecerá entre Domingos Simões Pereira e José Mário Vaz, caso PAIGC vença a próxima legislativa? Será que os dois vão trabalhar juntos em prol da nação guineense? Será que nós não vamos enfrentar uma nova críse política no país?
Falando sério nestas questões serve para me lembrar que a nossa Constituição da República no seu Artigo 68°, fala plenamente das atribuições do presente da República e na sua Alínea (g) afirma: “Nomear e exonerar o Primeiro-Ministro, tendo em conta os resultados eleitorais e ouvidas as forças políticas representadas na Assembleia Nacional Popular”.
Já que, o presidente da República possui esta prerrogativa pode aplicá-la em seu benefício em qualquer instante, usando assim pseudojustificativa para decompor o governo de PAIGC novamente, isto é, caso este vencer legislativa próxima.
Portanto, é confiável afirmar que é mais provável isso acontecer; desta forma, estávamos a assistir um escândalo político no país e no seio de PAIGC onde alguns dos seus membros denominados “os 15” se aliou ao PRS, fazendo frente ao seu próprio partido, o que veio a originar na formação do novo partido político cujo nome MADEM-G15. Pois, é notório que as maiorias que fazem parte deste grupo dos 15 foram apoiantes de Braima Camará no congresso de Cacheu; então isso ainda mostra que a presente críse vigente no país tem sua raiz no congresso de Cacheu.
Geralmente, PAIGC é conhecido como partido que governou o país durante 44 anos e não fez absolutamente nada. Porém, não devemos e nunca podemos descartar o envolvimento do PRS neste processo, porque nesses 44 anos a partir da abertura democrática em 1991 e consolidado em 1994, PRS tem participado ativamente na desestabilização da nossa pátria.
Porém, como afirmou Heráclito que, “ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois, quando nele se entra novamente não se encontra as mesmas águas e o próprio ser já se modificou. Portanto, o real é sempre fruto da mudança, ou seja, do combate entre os contrários”.
Sendo assim, tanto PAIGC, assim como PRS podem mudar suas formas de politicagem, contudo não é confiável nós guineenses depositarmos as nossas expectativas nas próximas eleições, como instrumentos que podem ser profícuos a diluir dilema política no país, pois se percebemos bem já começou a difamação política na Guiné-Bissau cuja ataques estão centralizadas apenas a um único partido, PAIGC.
Então, isso mostra claro que essas pessoas ditos políticos, “independentemente de não compreenderem o sentido da política”, também não estão preparadas para liderar o povo guineense pela unidade nacional, mesmo sendo lhes confiado o poder nada sabem fazer literalmente ao benefício desse povo a não ser brigar pelos seus interesses.
Deste fato, irmãos permitam-me refletir sobre a frase de Mário Sergio Cortella, “o impossível não é um fato, mas sim é uma opinião”, para tanto se os nossos combatentes da liberdade de pátria lutaram 11 anos para conseguirem a nossa independência, também podemos lutar contra o ódio que está implantado na nossa sociedade e semear o amor que pode nos levar ao progresso social.
Assim sendo, Nelson Mandela mostrou claro que, “ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto”.
Consequentemente, nunca é tarde perdoamo-nos pelo erro do passado para unirmos e fortificarmos a nossa “Guinendade”. Assim ergueremos a nossa nação para enfrentar os desafios do mundo, pois hoje em dia o desenvolvimento não se restringe apenas em ter recursos naturais ou ter cidade luxuosa, mas também para desenvolver precisamos de espaço para pensar a nossa terra, necessitamos de ter capital humana capaz de pensar com outras nações, porém com esses problemas não temos esses espaços para pensar a nação guineense e enfrentar a competividade mundial, isto é, os desafios que o mundo nos coloca.
Realmente, é lógico que todos nós queremos deixar um legado às gerações futuras, contudo devemos compreender que “nenhuma nação do mundo” foi desenvolvida com o ódio enraizado no seio da sociedade. Deste modo, podem acreditar que não é “possível” desenvolver a nação guineense com ódio no seio das pessoas, mesmo sendo realizado eleições em cada ano na Guiné-Bissau nada vai mudar literalmente.
Se na realidade queremos um país desenvolvido, então temos que optar pela isonomia perante a justiça, responsabilidade pessoal e política, diálogo, reconciliação e verdade, isso pode acontecer se nós guineenses optarmos pela imparcialidade social e política.
Quando Nelson Mandela venceu apartheid optou logo pelo perdão, pois sabia que com ódio era impossível erguer o seu país, por conseguinte é natural que nós guineenses queremos ver um Guiné-Bissau desenvolvido, então é urgentemente relevante semear amor e perdão na nossa sociedade, porque se não nos perdoamos, a nossa pátria amada nunca conhecerá o verdadeiro sentido do progresso.
Literalmente é preocupante e vergonhoso ter um país preste a completar 45 anos de independência, sem possuir ensino, saúde e agricultura de qualidade. E esta nação já se conta com 45 Partidos políticos, o que é incompatível com a extensão da nossa terra, pois, é credível afirmar que estamos quase a ter cada casa com o seu Partido político.
Naturalmente, nós guineenses não precisamos ter muitos Partidos políticos para desenvolver o nosso país, porém o que precisamos é perdoar uns aos outros, organizar-se e estar preparados para avaliar programa de cada Partido político nessa eleição, ainda não deixarmos ser persuadidos pelo bem material que pode ser oferecido durante o ato da campanha eleitoral.
Por isso mesmo, o verdadeiro sentido para começar a desenvolver o nosso país deve principiar pela reconciliação nacional. Sendo motivo basilar a preconizar e honrar aqueles que sacrificaram as suas vidas para a independência do nosso amado país.
Portanto, maior erro que um jovem acadêmico guineense ou camada juvenil em geral pode cometer na sua vida é apoiar ou votar num político ou partido político pela razão de que esse político pertence a sua etnia. Para nós o mais correto é apoiar ou votar pela imparcialidade étnica, levando em consideração espirito de guinendade.
Em virtude disso, nós como jovens guineenses devemos lutar pelo bem-estar da NOSSA PÁTRIA, não pelo PRS ou PAIGC ou ainda por demais partidos políticos, pois a Guiné-Bissau é algo além dos Partidos políticos ou políticos em geral, assim não devemos confundir o nosso país com os Partidos políticos. Somos guineenses é isso que nos fortalece.
É normal que todos guineenses não votarem nessa eleição, porém, feito isso não nos leva lugar nenhum, então votaremos e depois exigimos a honra do nosso direito.
Por último, solidarizo com os meus irmãos de Cuntum Madina, a vossa ação é aplausível e pertinente, entretanto vos suplico a recensearem e votarem, pois, negar votar não resolverá o problema do Bairro, nem de Guiné-Bissau em geral, então vamos votar e depois achar mecanismos certo para exigir o cumprimento do nosso direito.
Amor, Perdão, União, Paz e Reconciliação verídico São Armas Poderosas Para o Desenvolvimento Da Nossa Pátria Amada.
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