A segunda volta das eleições presidenciais na Guiné-Bissau decorreu, regra geral, em clima de festa e esperança na mudança. Mas o PAIGC também denunciou agressões e tentativas de intimidação contra os seus membros.
Paulo Sanha, de 38 anos, é um desempregado que vive dos pais comerciantes. Ele diz que foi votar este domingo (18.05) na segunda volta das eleições presidenciais para acabar com a instabilidade crónica e mudar o rumo do país.
“Basta! Agora vamos mostrar que vamos mudar a Guiné”, disse Sanha. “Estamos cansados de viver nessa situação. Vamos votar em massa para mudar”.
Porém, a verdade é que a taxa de abstenção será o grande vencedor nesta segunda volta das presidenciais. Este domingo houve uma fraca afluência dos guineenses às assembleias de voto. Em comparação com a primeira volta, a taxa de participação está muito aquém das expetativas.
Denúncias
Dois estreantes na corrida eleitoral disputam a Presidência guineense: José Mário Vaz, candidato do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e o mais votado na primeira volta, e Nuno Gomes Nabiam, apoiado pelo Partido da Renovação Social (PRS).
Nabiam mostrou-se confiante na vitória e apelou ao civismo dos guineenses.
“A segunda volta também correu bem, sem incidentes. Estou seguro que continuará a correr desta forma até à proclamação dos resultados finais. Estamos à espera dos resultados finais”, disse o candidato presidencial.
Por seu lado, José Mário Vaz denunciou atos de intimidação e o espancamento de nove dirigentes do PAIGC na região de Bafatá, no centro-norte da Guiné-Bissau.
“Sei que o presidente da Comissão Política da região de Bafatá e mais alguns dirigentes do nosso partido e deputados da Nação estão a ser intimidados. Isso é grave. É inadmissível numa democracia”, disse.
Entretanto, o PAIGC denunciou uma alegada tentativa de “forjar os resultados” da segunda volta das presidenciais, num comunicado citado pela agência de notícias Lusa.
"Há rumores de uma intenção deliberada em limitar a circulação das pessoas através de uma espécie de recolher obrigatório não decretado e assim facilitar intenções obscuras a favor de forjar resultados e alterar as escolhas feitas pelo povo", disse Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC e futuro primeiro-ministro guineense.
Apelo à calma
Porque todo o cuidado é pouco, o presidente da Comissão Nacional de Eleições, Augusto Mendes, apelou à calma e ao civismo dos guineenses e avisou que a única entidade competente para divulgar os resultados oficiais é a CNE.
O em breve ex-Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, espera que, desta vez, o próximo chefe de Estado guineense termine o seu mandato. E, este domingo, também apelou à calma.
“Faço mesmo um apelo para que haja aquela calmia que nos caracterizou na primeira volta. E que a segunda seja ainda muito mais exemplar, para que, de uma vez por todas, possamos enveredar pela via de coabitação pacífica para que o país conheça uma nova era e para que o Presidente da República a ser eleito hoje termine o seu mandato”, disse Nhamadjo.
DW.DE
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