terça-feira, 27 de maio de 2014

MOÇAMBIQUE: HIDROELÉCTRICA DE CAHORA BASSA ESPERA PAGAR $700 MILHÕES A PORTUGAL ATÉ 2016


Reversão de capital português para moçambicano cumprida em 58%. Pagamento da dívida da HCB depende da "atualização" das tarifas energéticas
A Hidroeléctrica de Cahora Bassa deverá liquidar até 2016 a dívida de 700 milhões de dólares que contraiu para a reversão do capital português na barragem moçambicana. 

Segundo o administrador Max Tonela, a dívida ao consórcio que financiou a operação, liderado pelo banco francês Calyon e pelo Banco Português de Investimento, terá já sido liquidada em cerca de 58 por cento. "Se o comportamento das vendas e da produção de energia continuar com o mesmo ritmo prevemos liquidar a dívida até 2016", afirmou o responsável, citado esta segunda-feira pelo diário O País. 

Em 2007, o executivo liderado por José Sócrates negociou com o Governo moçambicano a reversão de 85% do capital português na HCB para as autoridades moçambicanas, num negócio avaliado em 950 milhões de dólares, dos quais 250 milhões pagos numa primeira tranche e 700 milhões numa segunda. A conclusão do processo de reversão deu-se em 2012, quando os atuais governos dos dois países montaram uma operação em que a portuguesa REN e a moçambicana CEZA adquiriam, em partes iguais, 15% do capital do Estado português remanescente. 

Falando sobre o projeto de desenvolvimento da Central Norte da HCB, que vai reforçar em 1200 megawatts a sua capacidade de produção de energia, atualmente de 2000 Mw, o presidente do Conselho de Administração da empresa - Paulo Muxanga, apontou para 2016 o início do desenvolvimento do projeto. De acordo com Muxanga, nos próximos dois anos, a empresa espera investir cerca de 80 milhões de euros na reabilitação da subestação do Songo, que estará a trabalhar com "equipamentos obsoletos". Referindo-se ao "congelamento" dos pagamentos da Electricidade de Moçambique à HCB, o responsável classificou como "insustentável" a situação, apelando para a intervenção do executivo moçambicano. "A situação tende a ser insustentável, devido ao facto de, desde 2007, não haver atualização de tarifas, com os custos de produção de energia a subirem extraordinariamente. Seria bom que a nível do Governo se visse isso e que nós próprios começássemos a pensar nisso", sublinhou o responsável.
Além da EdM, os dois principais clientes da HCB são as Eskom - da África do Sul, e a ZESA Holdings - do Zimbabué.
RDP

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