Isabel dos Santos, filha do Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos
NÓS é o resultado da fusão entre a ZON e a Optimus na área das telecomunicações em Portugal. A filha do Presidente de Angola tem já uma forte participação acionista, mas está confrontada com um diferendo com a PT.
Está já a operar no mercado a NÓS, grupo que resulta da fusão entre a ZON e a OPTIMUS, onde a empresária Isabel dos Santos, filha do Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, tem uma importante participação acionista igual à parceira Sonaecom, de Paulo Azevedo.
A nova empresa de telecomunicações e multimédia, apresentada com pompa, na passada sexta-feira (23.05), em Lisboa, aposta para já no mercado português, mas a expansão internacional para além de África faz parte da estratégia de investimento de médio prazo.
O presidente executivo, Miguel Almeida, enfatiza que a nova empresa tem tudo para fazer sucesso no mercado. "Nós próprios temos uma participação numa operação que atua no mercado angolano e moçambicano, que está a correr muito bem. Já estamos presentes no mercado africano, temos, a médio prazo, a ambição de crescer fora do mercado português."
Mas Almeida salienta que a "ambição, neste momento, é entrar no mercado português."
Assunto tabu
O rosto da segunda maior operadora de telecomunicações do mercado português não quis, entretanto, comentar o diferendo entre as empresas angolanas ligadas a Isabel dos Santos e a PT (Portugal Telecom), por causa de empréstimos e pagamentos de comissões reclamados pela operadora liderada por Henrique Granadeiro.
O presidente executivo da NÓS, entretanto, não aceitou falar sobre o caso aos microfones da DW África. "Como deve imaginar esse tema não me diz respeito, não conheço, não sei e não vou comentar", esquivou-se.
Num relatório elaborado no âmbito da fusão com a brasileira Oi, a PT aponta reservas às contas da UNITEL, empresa que detém participação de 25% através da Africatel, tal como detém Isabel dos Santos.
Em causa está um empréstimo a uma empresa da filha do Presidente de Angola, concorrente da PT em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. As operações visadas também incluem um pagamento de 155 mihões de dólares por serviços de gestão prestados por uma empresa não identificada no referido relatório.
Celso Filipe, um dos autores do livro “O Poder Angolano em Portugal – Presença e Influência do Capital de um País Emergente”, esclarece que o contencioso entre Isabel dos Santos e a PT relativamente à posição desta na UNITEL já é antigo, mas que agora ganha notoriedade.
Na opinião do autor isso acontece "porque no exato momento em que se insiste na saída da PT do capital da UNITEL ocorre também a consumação do casamento entre a ZON e a OPTIMUS que transforma o grupo SONAE e Isabel dos Santos, por igual, nos maiores acionistas desta empresa."
Desatar o nó
O jornalista segue as pisadas do investimento angolano e considera que o conflito empresarial é necessáriamente um nó a desatar, mas que causa incómodo às duas partes. A PT é uma aliada em Angola e concorrente em Portugal.
E Celso Filpe explica qual a situação de cada um: "Ambas as partes têm argumentos a seu favor, a UNITEL diz que a PT não cumpriu diversas regras e que passou a posição para uma subsidiária - a AFRICATEL. A manobra foi a revelia dos outros acionistas da UNITEL. A PT tem feito finca-pé e percebe-se bem a sua posição que é nós temos dividendos em atraso a receber e queremos receber os dividendos a que temos direito."
O autor recorda que "até porque a entrada da PT na UNITEL foi uma entrada apadrinhada pelos governos português e angolano, a PT também foi convidada a entrar num momento em que a UNITEL se envolveu, em que precisava do apoio técnico, do conhecimento e do know-how que dispunha nessa área."
E pelo que considera uma questão de bom senso, o autor dá razão a um dos interessados: "Portanto é bem da forma como isso foi feito, seria, pelo menos, de mau tom que a PT fosse empurrada de uma casa que ajudou a criar e na qual tem créditos no seu desenvolvimento."
Para Celso Filipe, este braço de ferro terá um desfecho, provavelmente, durante este semestre. Considera que este diferendo não é relevante a ponto de pôr em causa a teia de influência que Isabel dos Santos já tem em Portugal.
DW.DE
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