Já foi capa da Numéro. Já dividiu a objetiva de Nick Knight com Kate Moss. É a única referência nacional no ranking de Modelos Masculinos do Models.com (atualmente ocupa o número 38). Esteve no epicentro da discussão sobre racismo na Moda portuguesa ao não ser nomeado para os Fashion Awards. Já desfilou para a Louis Vuitton, Kenzo, John Galliano ou Hugo Boss (ao todo, o currículo conta com mais de 40 marcas). Já foi nomeado para um Globo de Ouro de Melhor Manequim Masculino (em 2013) e vencedor do mesmo troféu (em 2014). Já foi o rosto de campanhas da Benetton, Stone Island e Iceberg. Mas continua a vestir a camisola por Alexandra Moura, Lidija Kolovrat ou Valentim Quaresma – é assim que ainda o vemos a agraciar as passerelles da ModaLisboa, com o olhar penetrante que suga todo o ar da sala de desfiles.
E é assim que podemos dizer que é "nosso" – ou quase. Filho de guineenses imigrantes na Amadora, Fernando Cabral é o mais internacional dos modelos nacionais e teve de iniciar a carreira lá fora para que fosse aplaudido cá dentro. Foi convidado para protagonizar, ao lado do irmão, Armando, a campanha Holiday 2010 da H&M: não fazia ideia do impacto que a imagem viria ter. Mais por desporto que por ambição, inscreveu-se numa competição da Karacter Models. Durante o concurso, foi ver o irmão desfilar na ModaLisboa e conheceu designers angolanos que apresentavam em Lisboa pela primeira vez. Perguntaram-lhe se queria participar no desfile da marca. Depois disso, ganhou a competição da Karacter e assinou pela agência.
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Estreou-se na passerelle de Milão, seguiu para Paris, depois Londres e Nova Iorque, sempre com a noção de que pode estar no topo um dia e não ser ninguém no dia a seguir. Com uma catadupa de desfiles, campanhas e lookbooks, continua a pregar a humildade de não acreditar na sorte que tem. Sonha com uma campanha para a Calvin Klein e almeja ser tão bom como o irmão. Um destes objetivos já foi alcançado, o outro só precisa de um aceno afirmativo de Francisco Costa.
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