Motoristas guineenses lamentaram hoje "mais uma crise de combustíveis" nos postos de abastecimento de Bissau, capital da Guiné-Bissau, onde passam horas a fio em filas para tentar comprar gasóleo.
Braima Embaló, taxista, Pedro Jo, condutor de "toca-toca" (transporte coletivo de Bissau) e Maurício Bonier, proprietário de uma viatura particular, disseram à Lusa, cerca das 15:00 locais (mais uma hora em Lisboa), que estavam "desde as 9:00 da manhã" de hoje na bomba da Petromar (empresa participada pela Galp) "na esperança de arranjar gasóleo".
"Não estou a perceber o que se passa aqui. Mandam-nos entrar nesta fila, mas depois chegam pessoas aqui, sem estarem nas filas, e são atendidas e vão embora", afirmou Braima Embaló, já exausto de "tanto esperar".
O taxista, que afirma não estar a trabalhar desde quinta-feira, disse à Lusa que poderá "perder a cabeça" se os agentes do posto de venda continuarem a não respeitar a ordem da fila.
De tanto esperar, Maurício Bonier, que tem um sotaque estrangeiro, desabafa que vai abandonar a fila e voltar para o escritório, de onde saiu Às primeiras horas da manhã.
"Não tenho a certeza que se continuar nesta fila vou arranjar gasóleo hoje. Vou-me embora", refere Bonier, fazendo as manobras para tirar o veículo da fila de cerca de meio quilómetro que se formou desde a zona da Sé Catedral de Bissau até a bomba da Petromar.
Mais do que o gasóleo que Maurício não conseguiu arranjar, o problema era como sair da fila já que a aglomeração dos carros era tanta e qualquer movimento brusco poderia levar ao embate com outros veículos, sobretudo os de transportes públicos.
A maioria dos veículos de transportes públicos na Guiné-Bissau é movida a gasóleo.
Pedro Jo é condutor de um 'toca-toca' que normalmente liga o bairro do Bandim aos bairros situados nas imediações do aeroporto internacional Osvaldo Vieira de Bissau.
Sentado dentro do veículo onde escuta música, Pedro Jo explicou à Lusa que sempre se considerou "homem paciente", mas que desde sexta-feira que tenta arranjar "uns litros de gasóleo".
Pedro não sabe o que se passa para motivar a crise do gasóleo. Só sabe que se arranjar algum combustível vai parar o carro e entregar a chave ao proprietário.
Já na sexta-feira a Lusa constatou que havia falta de combustível em algumas bombas da capital guineense. Em Safim, a cerca de 15 quilómetros de Bissau, era possível abastecer viaturas com gasóleo, mas também havia uma extensa fila.
A Lusa tentou obter reações junto dos operadores das bombas, mas não teve sucesso.
No mês de março passado a Guiné-Bissau viveu uma crise, desta feita da gasolina, que motivou uma penúria do produto durante cerca de duas semanas.
Na altura o Governo procedeu ao ajustamento de preços fixando um litro do gasóleo a 766 francos cfa (cerca de 1,16 euros) e o da gasolina de 760 francos cfa (cerca de 1,15 euros).
Até ao ajustamento de preços em março, o litro do gasóleo estava a ser vendido 665 francos cfa (cerca de um euro) e o da gasolina cerca de 668 francos cfa.
Conosaba/Lusa
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