segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Em 30 minutos Simões Pereira fala dos militares, das greves e do seu regresso

O líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira comentou este domingo (17.01), a decisão das Nações Unidas em manter os militares guineenses em regime de sanções e afirma que a classe castrense continua a ser enganada no país.

Simões Pereira fez o retrato em pouco mais de trinta minutos, analisando os últimos acontecimentos no país, onde não está há cerca de um ano.

“Lamento essa situação (de sanções). Lamento porque, na verdade, os militares continuam a ser enganados na Guiné-Bissau. Nos acontecimentos de 27 de fevereiro (de 2020) eles foram induzidos que estavam a combater um monstro, que era o PAIGC e Domingos Simões Pereira. E foi-se alimentando essa mentira que lhes foi contada”, começou por analisar, Simões Pereira, em “Grande Entrevista” da RTP África.

O líder do “partido dos libertadores” prosseguiu ainda e afirma que o tempo está a tirar as dúvidas em relação aos problemas da Guiné-Bissau:

“Eu penso que o tempo ajuda a esclarecer muita coisa. E isso que nós estamos a ver é, realmente, uma demonstração de que é tudo mentira muito daquilo que está a ser dito no país. As pessoas que vão prometendo que conseguem resolver os problemas das sanções, e que conseguem criar amnistias. Portanto, eu penso que o tempo está a permitir que essas estruturas (militares) compreendam o erro em que foram induzidas para reverter essa situação”, disse Simões Pereira.

Sobre a visita que o presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca realiza, a partir desta segunda-feira à Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira desconfia da Real intenção da mesma:

“A Guiné (Bissau) e Cabo Verde estão ligados por laços muito fortes. Laços históricos e de sangue. Portanto, normalmente, a visita de entidades a esse nível devia ser momentos de festa, de reencontro e momento de enaltecimento daquilo que, de facto, nos une. Se o presidente Jorge Carlos Fonseca está convencido de que a sua visita irá, realmente, representar tudo isso, eu não tenho razões para o censurar. Tenho dúvidas. Parece-me que continua a ser aquele perfilar de visitantes para tentar legitimar aquilo que só o povo guineense devia legitimar”, encarou.

Ao comentar a onda de greves na Guiné-Bissau, o também antigo primeiro-ministro ataca mais uma vez o governo de Nuno Nabiam:

“Quem quer pagar salários milionários aos titulares dos órgãos de soberania não vai poder pagar aos professores e não vai poder pagar aos enfermeiros, não há magia nisso”, afirma, para de seguida lembrar os tempos em que era primeiro-ministro:

“Entre 2014 e 2015, nós pagamos aos professores e aos enfermeiros, pusemos luz, água e nós construímos as infraestruturas e fizemos isto tudo porque era a nossa prioridade. E aquilo que o país era capaz de produzir era conduzido para essas prioridades”, lembrou.

Sobre o seu regresso ao país, quase um ano depois de ter deixado o território guineense, o líder do PAIGC deixa o desejo:

“Idealmente, ainda em janeiro, eu espero estar em Bissau”, concluiu.

Por CNEWS com Conosaba do Porto

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