quinta-feira, 5 de março de 2020

PARTIDOS APOIANTES DE UMARO SISSOCO EMBALO CONTRA PR DA COSTA DO MARFIM E GUINÉ CONACRI


Os partidos que apoiam o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, condenaram hoje "com veemência as interferências externas" com vista a mudar a escolha eleitoral do povo, citando os líderes da Costa do Marfim e da Guiné-Conacri.

Numa nota lida hoje em Bissau, por Victor Pereira, em nome de vários partidos e figuras políticas que apoiaram a candidatura de Sissoco Embaló, os presidentes Alassane Ouattara, da Costa do Marfim, e Alpha Condé, da Guiné-Conacri, são apontados como fazendo parte de entidades que pretendem subverter a escolha dos guineenses.

Alpha Condé é apontando como tendo dado ao Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), liderado por Domingos Simões Pereira, "centenas de milhões de francos CFA", para "fins inconfessáveis", e Alassane Ouattara é referido como tendo ignorado uma disputa judicial, na sequência da sua eleição em 2010, tomando posse sem aguardar pelo veredicto do tribunal.

Alassane Ouattara "agora posiciona-se contra a escolha livre do povo da Guiné-Bissau", lamentam os partidos que apoiam Sissoco Embaló, lembrando que na Serra Leoa o atual Presidente, Julius Maada Bio, foi reconhecido pela Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), mesmo perante a recusa dos resultados pelo seu adversário.

Aquelas forças políticas estranham que, no caso da Guiné-Bissau, a CEDEAO "esteja a ter posicionamentos que mais se assemelham a dois pesos e duas medidas" com o seu último comunicado, frisam.

Os apoiantes de Embaló afirmam ter acolhido com "estupefação e desagrado o comunicado atribuído à comissão da CEDEAO, datado de 01 de março, na qual esta organização se distancia do espírito das discussões havidas na cimeira de chefes de Estado, realizada em Adis Abeba".

O comunicado em questão, que se seguiu ao facto de Umaro Sissoco Embaló se ter autoproclamado Presidente da Guiné-Bissau, em 27 de fevereiro, sublinha que a CEDEAO não reconhece nenhuma autoridade instituída na Guiné-Bissau fora do âmbito da Constituição do país.

Para os partidos que apoiam Sissoco Embaló, a ser verdade o comunicado assinado por Jean Claude Kassi-Brou, presidente da comissão da CEDEAO, isso revelaria que a organização estará a ter "um total alheamento e afastamento" com a sua posição em relação ao "normal desenrolar do processo eleitoral" na Guiné-Bissau, que conduziu à vitória de Embaló.

A Guiné-Bissau vive mais um momento de tensão política, depois de Umaro Sissoco Embaló, dado como vencedor das eleições presidenciais pela Comissão Nacional de Eleições, ter tomado posse há uma semana como Presidente do país, quando ainda decorre um recurso de contencioso eleitoral no Supremo Tribunal de Justiça, apresentado pela candidatura de Domingos Simões Pereira, que alega graves irregularidades no processo.

Na sequência da tomada de posse, Umaro Sissoco Embaló demitiu Aristides Gomes, que lidera o Governo que saiu das legislativas e que tem a maioria no parlamento do país, e nomeou Nuno Nabian para o cargo.

Após estas decisões, os militares guineenses ocuparam e encerraram as instituições do Estado guineense, impedindo Aristides Gomes e o seu Governo de continuar em funções.

O presidente da Assembleia Nacional Popular, Ciprinao Cassamá, que tinha tomado posse na sexta-feira como Presidente interino, com base no artigo da Constituição que prevê que a segunda figura do Estado tome posse em caso de vacatura na chefia do Estado, renunciou no domingo ao cargo por razões de segurança, referindo que recebeu ameaças de morte.

Umaro Sissoco Embaló afirmou que não há nenhum golpe de Estado em curso no país e que não foi imposta nenhuma restrição aos direitos e liberdades dos cidadãos.

Mediadora da crise guineense, a CEDEAO voltou a ameaçar impor sanções a quem atente contra a ordem constitucional estabelecida na Guiné-Bissau e acusou os militares de se imiscuírem nos assuntos políticos.

As Nações Unidas, a União Europeia e a Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) apelaram ao diálogo e à resolução da crise política com base no cumprimento das leis e da Constituição do país.
Conosaba/Lusa

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