Bissau - Baciro Djá tomou posse nesta sexta-feira como primeiro-ministro da Guiné-Bissau e assegurou ter condições para promover o funcionamento das instituições democráticas do país, após meses de crise.
"A legitimidade do governo decorre de uma maioria parlamentar e da responsabilidade perante o Presidente da República. Sem estas duas condições não há o regular funcionamento das instituições", referiu.
O antigo ministro e deputado dissidente do PAIGC, membro do "grupo dos 15" que em Janeiro se juntou à oposição para formar uma nova maioria, foi nomeado primeiro-ministro na quinta-feira pelo Presidente da República, José Mário Vaz.
Hoje foi empossado pelo chefe de Estado no palácio presidencial, pelas 12:40 locais, perante dirigentes de instituições militares e judiciais guineenses, e perante os diplomatas acreditados em Bissau.
A nomeação está a ser contestada pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e já motivou protestos na capital, no entanto, a zona do palácio presidencial foi evacuada pelas forças de segurança e a cerimónia decorreu sem incidentes.
Baciro Djá reconheceu que o PAIGC venceu as eleições de 2014, mas "as dinâmicas posteriores ditaram uma nova configuração parlamentar" deixando o partido "impossibilitado de apresentar uma solução capaz de suportar o governo".
Ao mesmo tempo, "emergiu uma solução" juntando o PRS e o grupo de 15 dissidentes do PAIGC e a "oportuna interpretação do Presidente da República".
O novo primeiro-ministro saudou ainda o distanciamento das Forças Armadas em relação à crise política.
No discurso durante a cerimónia, José Mário Vaz considerou o dia "inesquecível" por voltar a dar posse a Baciro Djá, nove meses depois.
Da primeira vez, os juízes do Supremo Tribunal de Justiça afirmaram num acórdão que cabia ao PAIGC, como vencedor das eleições de 2014, indicar o primeiro-ministro e não ao Presidente.
Mas agora, "só a segunda força mais votada no âmbito da dinâmica parlamentar" conseguiu desbloquear o "bloqueio" na Assembleia Nacional Popular.
"Não é difícil governar o nosso país", desde que se escolha "a equipa certa" e "o homem certo, no lugar certo", rematou o chefe de Estado.
Lusa/Conosaba
Perfil de novo primeiro-ministro da Guiné-Bissau.
Psicólogo de formação, Baciro Djá, de 43 anos de idade, licenciou-se em Havana capital de Cuba e, fez mestrado em 2005 na capital Francesa Paris em PSICOPATOLOGIA e PSICOLOGIA ANALITICA.
Filho de destacado combatente de frente NORTE, Abulai Djá, morto em combatente no mesmo ano em que o agora primeiro-ministro da Guiné-Bissau nasceu.
Desde cedo que o novo chefe de governo Guineense se mostrou apaixonado pela política e, inspirava-se muito no antigo Presidente da Republica, saudoso Malam Bacai Sanhá, que tinha como um Pai e um ídolo.
Baciro Djá, terceiro vice-presidente do Partido Africano para a Independência da Guine e Cabo-Verde (PAIGC), já esteve por três vezes no governo, desempenhando vários cargos ministeriais, primeiro como Ministro da Juventude Cultura e Desportos e depois Ministro da Defesa e dos Combatentes da Liberdade da Pátria no governo de Carlos Gomes Júnior ate ao golpe de estado de 12 de abril de 2012.
No governo de Domingos Simões Pereira, foi a segunda figura, exercendo as funções de Ministro da Presidência de Conselho de Ministros e de Assuntos Parlamentares, funções que viria a deixar, demitindo por divergências com o então primeiro-ministro e líder do PAIGC.
Mas antes, no governo liderado por Martinho Dafa Kabi, Baciro Djá, dirigiu o Instituto da Defesa Nacional (IDN) e pilotou o início de processo da reforma nos sectores da defesa segurança e justiça.
Baciro Dja, foi candidato a liderança no PAIGC no congresso de Gabu em 2008, ganha por Carlos Gomes Júnior e, foi candidato independente as presidências de 2012 interrompidas pelo golpe de estado do mesmo ano.
Baciro Djá, faz parte dos 15 deputados do PAIGC expulsos do partido, uma expulsão que viria a ser anulada pelo Tribunal Regional de Bissau.
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