quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Líder do PAIGC: “DEVEMOS DIZER NÃO À ENTRADA DE FORÇAS ESTRANGEIRAS SEM AUTORIZAÇÃO DA ASSEMBLEIA NACIONAL”

Foto/arquivo
O líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, pediu aos partidos do espaço de concertação política para convocarem a nação guineense para dizer não à entrada de qualquer força estrangeira sem a autorização da Assembleia Nacional Popular, que representa o povo da Guiné-Bissau.

“Devemos dizer à CEDEAO, de forma muito clara, que temos uma Constituição da República na Guiné-Bissau que indica que é a Assembleia Nacional Popular, entidade competente, em nome do povo guineense, para pedir um eventual apoio de uma força estrangeira e definir a sua missão e seu mandato. Enquanto este pedido não for feito, devemos nos levantar todos para convocar a nação guineense e dizer não à entrada de qualquer força estrangeira na Guiné-Bissau, sem autorização da Assembleia Nacional Popular” defendeu o político.

Simões Pereira falava em conferência de imprensa realizada pelos partidos do Espaço de Concertação para reagir à situação política do país abalado nestes últimos dias com ondas de ataques perpetrados por homens armados. O Espaço de Concertação Democrático é uma organização constituída por sete partidos políticos: PAIGC, UM, APU-PDGB, PCD, PSD, Manifesto do Povo e MDG.

O presidente do PAIGC disse acreditar que a exigência do povo será ouvida pelas instâncias da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e que a organização sub-regional saberá respeitar o desígnio do povo guineense.

“Normalmente, pede-se a presença da força estrangeira quando acontece alguma coisa no seu país e reconhece que a sua força armada não tem capacidade para controlá-la. Temos que perguntar as nossas forçar armadas quais são as missões que lhes foram incumbidas e que não conseguiram resolver e precisam da presença de uma força estrangeira. Se não for isso, temos que ser capazes de questionar se não será uma força para vir controlar as nossas forçar armadas”, salientou, para de seguida questionar ” se não será a oficialização da força militar que fazia exercício militar nas águas territoriais guineenses”.

Simões Pereira questionou ainda ” se não será a exploração do petróleo que a Assembleia Nacional Popular recusou, que as pessoas querem oficializar”

Sobre a tentativa de golpe de Estado anunciada pelas autoridades do país, o líder do PAIGC pediu uma explicação clara sobre o que aconteceu de concreto no dia 01 de fevereiro no Palácio do Governo.

“Todos nós prestamos atenção para compreender o que estava acontecer de concreto no Palácio do Governo, porque ouvimos que havia tiroteio no interior do edifício. No período da tarde ouvimos que as forças da ordem conseguiram controlar a rebelião e restabeleceram a ordem. Dissemos a seguir que iriam apresentar os prisioneiros que iriam esclarecer o que teria acontecido, mas ouvimos depois que os assaltantes fugiram todos, apenas um foi morto no local”, notou, insistindo em perguntar o objetivo principal dos assaltantes ao Palácio do Governo.

“Se o objetivo dos assaltantes era atingir as pessoas que ali se encontravam e que tinham sido todos agrupados num local por cinco horas, mas no final saíram todos e ninguém foi ferido. Para nós alguma coisa não está bem clara e aguardamos a explicação das autoridades que vieram afirmar que é o problema do narcotráfico. Ou seja, é a guerra entre os traficantes. Se fosse na verdade o problema da droga, quem eram as pessoas que assaltaram o Palácio do Governo? Quem as enviou e como chegaram ao palácio?”, questionou, acrescentando que é preciso entender se os assaltantes eram militares ou civis?

“Se os assaltantes eram civis, então eram milícias. Porque vieram à paisana e tinham armas. Quando disseram que não eram militares, então dissemos que era difícil afirmar que isso era golpe de Estado, porque não se pode fazer um golpe de Estado sem envolvimento dos militares”, disse, avançando que a única coisa que o PAIGC e os partidos do Espaço de Concertação política exigem é a criação de uma comissão de inquérito competente e independente capaz de investigar o que terá acontecido para informar o povo guineense sobre o que ocorreu no dia 01 de fevereiro.

Por: Assana Sambú/Epifânia Fernandes
Conosaba/odemocratagb

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