Um homem de 29 anos foi abatido a tiro na aldeia de Nangan, na localidade de Pecixe, nordeste da Guiné-Bissau, por ladrões de gado, disse hoje à Lusa o vice-presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Bubacar Turé.
Citando relatos de ativistas dos Direitos Humanos, Bubacar Turé explicou que o caso ocorreu na quarta-feira em decorrência de confrontos entre os aldeões de Nangan e um grupo de ladrões que atacaram a pequena vila.
Devido à ausência da ação da polícia, os criadores do gado formaram um comité de vigilância composto por jovens que decidiram enfrentar os ladrões que estavam munidos de armas automáticas, acrescentou o dirigente da Liga dos Direitos Humanos.
"O estranho de tudo é que os ladrões estavam na posse de armas que são de uso exclusivo das autoridades. Foi nessa ação de defesa que um dos jovens foi baleado e morreu no local", assinalou Bubacar Turé.
Na mesma noite de quarta-feira, um outro grupo de ladrões atacou e roubou sete cabeças de bovinos na aldeia de Kapol, próxima de Canchungo, nordeste da Guiné-Bissau, e ainda houve uma tentativa de roubo de gado na aldeia de Bleguis, mas sem sucesso, notou Turé.
"As nossas estruturas dizem que há uma tensão em toda a zona da região de Cacheu. A comunidade sente-se abandonada pelas autoridades, mas a Liga questiona a letargia do Ministério do Interior", afirmou o responsável.
Os populares da aldeia de Nangan ainda contactaram o comando da polícia em Canchungo, mas a resposta foi de que não podiam deslocar-se devido à avaria da viatura de serviço de patrulhamento, acrescentou o dirigente da Liga dos Direitos Humanos.
No passado mês de janeiro, o ministro do Interior, Botche Candé, realizou uma visita a várias comunidades da região de Cacheu, tendo anunciado a constituição de uma força conjunta, integrada por elementos da Polícia de Ordem Pública e da Guarda Nacional, justamente com a missão de proteção do gado.
Segundo ativistas da Liga Guineense dos Direitos Humanos, aquela força "simplesmente desapareceu" na sequência da tentativa de golpe de Estado ocorrida no país no passado dia 01 de fevereiro.
O vice-presidente da Liga dos Direitos Humanos teme que a situação possa degenerar "num conflito com proporções alarmantes", caso as autoridades não tomem medidas urgentes.
"Temos indicações de que mais de 100 cabeças de gado foram roubadas nos últimos anos naquela zona", declarou Bubacar Turé.
No próximo mês de março, a Liga Guineense dos Direitos Humanos prevê realizar um fórum sobre a segurança e justiça das populações em Canchungo, com enfoque sobre o roubo de gado.
Conosaba/Lusa
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