quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Autoridades nacionais devem pronunciar-se sobre missão da CEDEAO — PM

O primeiro-ministro da Guiné-Bissau afirmou hoje que compete às autoridades nacionais pronunciarem-se sobre o envio de uma força da CEDEAO de apoio à estabilização do país após a tentativa de golpe de Estado

“Recebemos a informação da boa intenção da CEDEAO de enviar uma força para a estabilização da nossa democracia e, portanto, foi um gesto da CEDEAO. Agora, compete às autoridades nacionais pronunciarem-se, também não há nenhuma notificação oficial ainda da CEDEAO”, disse à Lusa Nuno Gomes Nabiam.

O primeiro-ministro falava no final da reunião de Conselho de Ministros, que decorreu no Palácio da Presidência, em Bissau, porque a sala no Palácio do Governo, onde por norma decorre o encontro, ainda está a ser arranjada, depois do ataque de 01 de fevereiro.

Nas declarações à Lusa, o primeiro-ministro guineense explicou que a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) ainda não notificou o país da decisão de enviar a força de estabilização, anunciada na cimeira de chefes de Estado e de Governo da organização, no início do mês.

“Certamente que vamos refletir sobre isso e deve haver alguns procedimentos legais. É um assunto que vai ser discutido”, disse.

Questionado sobre se os guineenses irão receber informação sobre a investigação em curso ao ataque de 01 de fevereiro no Palácio do Governo, Nuno Gomes Nabiam afirmou que sim, mas que é preciso deixar a justiça fazer o seu trabalho.

“Queremos que seja uma justiça clara e transparente para que depois não digam que o Governo e a Presidência estão por detrás disso. Cometeram um ato cruel para o país, não é inadmissível no século em que estamos, usar a força à procura do poder. Espero que as pessoas responsáveis façam o seu trabalho, vão trazer as pessoas que cometeram o crime à justiça para que todas as pessoas tenham a informação do trabalho que está a ser feito”, salientou o primeiro-ministro.

No dia 01 de fevereiro, homens armados atacaram o Palácio do Governo da Guiné-Bissau, onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e do primeiro-ministro e de que resultaram oito mortos.

O Presidente guineense considerou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado e apontou o ex-chefe da Marinha José Américo Bubo Na Tchuto, Tchamy Yala, também ex-oficial, e Papis Djemé como os principais responsáveis.

Os três homens foram presos em abril de 2013 por agentes da agência antidrogas norte-americana (DEA) a bordo de um barco em águas internacionais na costa da África Ocidental e cumpriram pena de prisão nos Estados Unidos.

Os três alegados responsáveis pela tentativa de golpe de Estado foram detidos, segundo o Presidente guineense.

Na sequência desta tentativa, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) decidiu o envio para o país de uma força de estabilização.

A Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo, com cerca de dois terços dos 1,8 milhões de habitantes a viverem com menos de um dólar por dia, segundo a ONU.

Desde a declaração unilateral da sua independência de Portugal, em 1973, sofreu quatro golpes de Estado e várias outras tentativas que afetaram o desenvolvimento do país.

Conosaba/Lusa

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