quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Líder do CNA, Ibraima “Obama” Djaló, pede ao PR para que demita ministros do Interior e da Defesa

O líder do Congresso Nacional Africano (CNA) da Guiné-Bissau, partido extraparlamentar, Ibraima “Obama” Djaló, pediu hoje ao Presidente do país para que demita os ministros do Interior e o da Defesa, por alegado “incumprimento de funções”.

Em conferência de imprensa, Ibraima “Obama” defendeu que os ministros do Interior, Botche Candé, e o da Defesa, Sandji Faty, “não têm condições de continuar” depois de homens armados, ainda por identificar, terem atacado o palácio do Governo no dia 01.

O líder do CNA também defendeu a saída de funções do diretor-geral dos Serviços de Informação do Estado (SIS, “a secreta” guineense).

“Essas pessoas não têm mais condições de continuar nos lugares que ocupam. Foram cinco horas em que o Presidente da República esteve a ser flagelado como se fosse um bandido que foi assaltar a casa de alguém”, afirmou.

O líder do CNA defendeu que aqueles responsáveis “não fizeram o seu trabalho”, daí que devem colocar os lugares à disposição ou o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, demiti-los.

Ibraima “Obama” ainda lembrou que Botche Candé afirmou, “em digressões que fez pelo país para apresentar o seu Partido dos Trabalhadores da Guiné (PTG)” que não há segurança na Guiné-Bissau.

O líder do CNA juntou aquelas declarações de Candé “à falha grave de segurança” à volta do Presidente da República e de membros do Governo para exigir a sua saída do Governo.

Em relação ao ministro da Defesa, Sandji Faty, “Obama” questionou o que fez e o se passou para que nenhum quartel em Bissau tenha saído em defesa do chefe de Estado durante as cinco horas em que esteve “debaixo do fogo”.

“Os quartéis da Guiné-Bissau estão concentrados em Bissau, o Presidente da República é atacado com tiros durante cinco horas, sem que nada acontecesse. Não é normal”, notou Obama.

O político considerou que foi graças a Deus que a Guiné-Bissau “tem hoje o Presidente vivo”, o que, disse, se tivesse morrido no ataque faria o país “transformar-se num lugar pior que a Somália”.

Quanto à possibilidade levantada pela Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) de enviar uma força de estabilização para a Guiné-Bissau, o líder do CNA disse ser contra.

“Não estamos de acordo com a vinda da tropa da CEDEAO ao nosso país, o que deve ser feito é restruturação das nossas Forças Armadas”, sublinhou “Obama”.

O dirigente partidário condenou o ataque e vandalização e destruição de equipamentos da rádio privada Capital FM, na segunda-feira passada por homens armados, ainda por identificar e prestou solidariedade ao comentador da estação, Rui Landim, cuja residência foi atacada na terça-feira por indivíduos desconhecidos.

“A liberdade de imprensa é uma conquista irreversível na Guiné-Bissau”, observou “Obama”.

No dia 01 de fevereiro, homens armados atacaram o Palácio do Governo da Guiné-Bissau, onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República e do primeiro-ministro, Nuno Nabiam, e de que resultaram oito mortos.

O Presidente considerou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado que poderá também estar ligada a “gente relacionada com o tráfico de droga”.

O porta-voz do Governo adiantou no sábado, em conferência de imprensa, que o ataque foi feito por militares, paramilitares e que estarão envolvidos elementos dos rebeldes de Casamança, bem como várias personalidades, que não especificou.

O Estado-Maior General das Forças Armadas guineense iniciou, entretanto, uma operação para recolha de mais indícios sobre o ataque, que foi condenado pela comunidade internacional.

A Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo, com cerca de dois terços dos 1,8 milhões de habitantes a viverem com menos de um dólar por dia, segundo a ONU.

Desde a declaração unilateral da sua independência de Portugal, em 1973, sofreu quatro golpes de Estado e várias outras tentativas que afetaram o desenvolvimento do país.

Conosaba/Lusa

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