O ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, prestou hoje homenagens aos soldados que morreram na guerra do ultramar, considerando "dever de memória" para com "aqueles que tombaram em nome de Portugal".
Momentos antes de regressar a Portugal, após dois dias de visita de trabalho à Guiné-Bissau, Gomes Cravinho percorreu demoradamente as campas onde estão sepultados os cerca de 400 soldados portugueses que morreram na guerra que durou entre 1963 e 1974.
Questionado pela Lusa sobre a importância da homenagem, o ministro da Defesa de Portugal disse que "não se pode olvidar da história".
"Temos o dever de memória em relação àquelas que pereceram combatendo em nome de Portugal, não interessa agora o juízo que possamos fazer da justiça dessa guerra. Aquilo que interessa verdadeiramente é lembrar aqueles que tombaram", observou João Gomes Cravinho.
O governante português lembrou que os soldados tombaram de ambos os lados e daí ter também prestado hoje uma homenagem nas campas de Amílcar Cabral, "pai" da independência da Guiné-Bissau e de João Bernardo 'Nino' Vieira, ex-guerrilheiro e ex-Presidente guineense.
"Esta manhã, tive a ocasião de prestar homenagem também no mausoléu de Amílcar Cabral e de 'Nino' Vieira e agora esta homenagem junto das campas de centenas de soldados que morreram combatendo pelas cores de Portugal", referiu João Gomes Cravinho.
O ministro português defendeu que a homenagem que fez acontece numa altura em que os dois países vivem "outra época" no seu relacionamento.
"Vivemos hoje outra época, outro período, felizmente, no relacionamento entre Portugal e a Guiné-Bissau, somos países irmãos, em parte, por causa dessa herança que nós temos e que não podemos esquecer", sustentou João Gomes Cravinho.
Sobre os pedidos de transladação de ossadas de soldados por parte de alguns familiares, o ministro afirmou que desconhece a existência de casos concretos, mas observou que Portugal estará disponível a solucionar os problemas que surgirem nesse sentido.
"Cada caso é um caso e tem que ser visto individualmente. Eu desconheço os casos particulares. Há casos em que, naturalmente, as famílias preferem deixar os seus entes enterrados em solo guineense, outros que querem a transladação, outros já foram transladados ao longo do tempo. Com o tempo vamos solucionando os problemas", disse João Gomes Cravinho.
A homenagem do governante português, que consistiu na deposição de uma coroa de flores num dos monumentos de várias alas das campas de soldados lusos, sepultados no cemitério municipal de Bissau, foi pontuada pelo entoar da música marcial por três elementos das Forças Armadas guineenses.
Diante das campas cobertas de placas de cimento pintadas com cal branco no chão vermelho do cemitério de Bissau, João Gomes Cravinho e a comitiva que o acompanhou, recolheu em silêncio durante cerca de um minuto, depois de visitar a sede da Liga dos Combatentes da Guerra de Ultramar, onde se encontram algumas ossadas em caixas de madeira.
Conosaba/Lusa
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