A Guiné-Bissau foi também uma das ex-colônias
de Portugal na África. O país faz fronteira ao norte com o Senegal, ao sul com
a Guiné Conacri e ao leste e o oeste o
oceano Atlântico. Seu território abrange 36.125 km², com uma população estimada
em 1,6 milhões de pessoas. O país é dividido em oito regiões (Bolama, Bafatá,
Biombo, Cacheu, Gabu, Oio, Quínara, Tombali), trinta e seis setores e um setor
autônomo, de Bissau.
Neste lugar, a presença de mulheres na luta de libertação tem papel muito importante e por isso que sempre chamou atenção de Amílcar Cabral.
De acordo com Inocência Mata e Laura
Cavalcante Padilha (2007), é através do conhecimento que incentivamos o
interesse e a curiosidade para transmitir os saberes – a história das mulheres
guineense dentro da sociedade. Por isso, torna-se importante relembrar a
presença da mulher em cada momento e questionar o lugar que lhe cabe, ou que
lhe deveria caber na sociedade onde se integra ou pertence.
Ali A. Mazrui
(2010) afirma que, de maneira geral, as mulheres participavam em maior número
na luta de libertação na maioria dos países africanos. Na África Austral, as
mulheres participam em massa nas lutas próprias aos seus bens e do estado-nação
desses países.
Durante as
guerras de independência na África, as mulheres desempenharam um papel muito
importante, afirma Mazrui. Na Argélia, as operações militaristas dependeram de
algumas mulheres revolucionárias vestidas de véus dos trajes islâmicos
tradicionais para que entrassem nas linhas dos inimigos. Na África do Sul, as
mulheres tinham tem um papel muito importante na luta contra o racismo;
participavam dos movimentos de desobediência civil com influência de Mahatma
Gandhi, no ano de 1906. Na primeira fileira, entre aquelas que combatiam o
Apartheid, Winnie Mandela carregou a flâmula da resistência, encarnada por seu
marido. Helen Suzman lutava contra o Apartheid no parlamento, e só deixou a
arena em 1989. Nesse mesmo ano, a maioria dos movimentos existentes era de
mulheres que lutavam contra o racismo. Mesmo fora da África do Sul, em 1988, na
França, na Argélia, na Guiné-Bissau e na Angola, as lutas de libertação e feito
contra colonialismo português e violência contra as mulheres. E aquelas
mulheres que lutavam pelo direito de igualdade com os homens.
Uganda, país africano, tinha nomeado uma
mulher para o cargo de ministro das relações exteriores Elizabeth of Toro antes
mesmo da maior parte dos países ocidentais, inclusive dos Estados Unidos, da
Grã-Bretanha e da França, na antiguidade estes países os chefes de governo
nunca confiaram a dar um cargo muito relevante a uma mulher. Única mulher que
teve este cargo é o Elizabeth
of Toro.
Aurora da
Fonseca Ferreira (2007) afirma que, desde antigamente até hoje, a situação da
mulher é marcada, na maioria das partes da sociedade africana, pela
subalternidade, estruturada por uma ordem ditada pela dominação dos homens.
Mas, a interpretação patriarcal e machista, afirma a autora, embora
ultrapassada, continua sempre presente, por isso é importante levá-la em
consideração quando se analisa a sociedade e corrigir as desigualdades impostas
às mulheres. Esta análise do movimento feminista, continua indagando Ferreira,
surgiu nos anos 1970 e nos anteriormente nos anos da década 1960. No entanto,
consideramos que a luta pela igualdade pelos direitos das mulheres com os
homens, começa a ganhar força no século XIX.
No contexto
das revoluções africanas do século XX, argumenta Aurora da Fonseca Ferreira
(2007), as mulheres usaram várias formas de se exprimirem a fim de manifestar
os seus interesses e mostrar a sua vontade de pertencerem à nova sociedade
política. Em 1961, por exemplo, a Organização das Mulheres Angolana (OMA)
elaborou uma história com o objetivo de estabelecer o papel da mulher angolana,
politicamente enquadrada no desenvolvimento da luta de libertação política.
Ainda, a
mesma autora, mostra que a PAIGC foi fundada para ajudar a responder as
questões da luta da libertação, e isso obrigou as suas lideranças a realizar um
trabalho político junto com as mulheres que faziam parte destes partidos
políticos da Guiné-Bissau. Portanto, o papel das mulheres nos quadros políticos
é muito importante; embora pouco se
saiba sobre a situação da mulher na Guiné-Bissau. Poucas mulheres se interessavam aos cargos políticos ou a ser
candidato ao uma chapa política, mas aquelas que passaram pela organização
política começaram a entender as diferenças que existiam entre elas em relação
aos homens, era porque não ocupavam as mesmas funções pelas quais lutaram
juntas para independência. A situação das mulheres dentro da sociedade é pouco
conhecida, principalmente das mulheres que participaram da luta da libertação
nacional. Além disso, as mulheres lutaram pela sua dignidade dentro da sociedade
que se inseriam.
No
pós-independência da Guiné-Bissau e da Angola, a situação parece tornar-se bem
mais difícil para as mulheres. Elas ampliaram seus objetivos, englobaram e
estenderam a todas as mulheres, sem distinção da raça, etnia, religião, ideais
políticos do Estado civil; e, apesar dessa organização ter começado no exterior
para o interior, muitas coisas foram mudadas, como por exemplo, o ponto de
vista da sua implantação de cinquenta e cinquenta porcentagem no território
nacional da Guiné-Bissau. No entanto, com o esforço das mulheres,
principalmente as urbanas, ganharam, cada vez mais, a vantagem de conviverem
com a conquista de todos os direitos dentro duma sociedade (FERREIRA, 2007).
Com 18 anos,
Ernestina “Titina” aderiu ao Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo
Verde (PAIGC) e militou no partido. Passados alguns anos ela regressou da união
soviética em 1964 a fim de fazer estágio político. Depois que Titina Sila
retornou à Guiné–Bissau deu pequena formação política a algumas mulheres – por exemplo: Teodora Gomes, Carmem Pereira, etc. –
sobre quais eram as razões da luta e porque deveriam combater ou lutar
contra os colonialismos portugueses no país.
Portanto a participação
das mulheres na luta da independência da Guiné-Bissau é muito importante para o
estabelecimento a igualdade entre homens e mulheres. Ao teorizar a luta armada,
evidenciou-se que as mulheres têm papel fundamental na luta armada da
Guiné-Bissau, segundo Cabral (1987), a revolução não seria vitoriosa se não
contasse com as mulheres.
Benvinda Domingos Cambanco
Bacharel em Ciência Humana pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) no ano 2015. E licenciada em Sociologia pela mesma universidade, em 2018. Participei no Projeto Ensino de Sociologia nos Países da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa-CPLP, registrado na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, nº do processo PVH470-2017 da UNILAB/Redenção-CE, sob orientação da Professora Dr. Joana Elisa Röwer, no período de abril a dezembro de 2017.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
FERREIRA, Aurora
da Fonseca. “A contribuição da mulher na
formação do saber e do conhecimento”. In: MATA, Inocência; PADILHA, Laura
Cavalcante. A mulher em África: vozes de
uma margem sempre presente. Lisboa: Colibri, 2007, p. 52-67.
KI-ZERBO,
Joseph. “Introdução geral”. In: IDEM (Ed.). História Geral da África, I:
Metodologia e pré-história da África. 2ª ed. Revisada. Brasília: UNESCO, 2010,
p. XXXI-LVII.
MACEDO, Eunice
et al. “Por outras formas de ser e
estar: mulheres, participação e tomada de decisão”. In: MATA, Inocência;
PADILHA, Laura Cavalcante. A MULHER
EM ÁFRICA: VOZES DE UMA MARGEM SEMPRE PRESENTE. Lisboa: Colibri, 2007, p.
21-31.
MAZRUI, Ali A.
“Introdução”. In: MAZRUI, Ali A., WONDJI, Christophe (ed.). História geral da África, VIII, África
desde 1935. Brasília: UNESCO,
2010, p.1-29.
MATA, Inocência;
PADILHA, Laura Cavalcante. A mulher em
África: vozes de uma margem sempre presente. Lisboa: Colibri, 2007.
LOPES, Carlos. A transição histórica na Guiné-Bissau. Do movimento de libertação nacional ao Estado. Bissau: Instituto Nacional de Estado e Pesquisas (INEP), 1987.
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