terça-feira, 10 de agosto de 2021

A participação das Mulheres na história da África e principalmente na Guiné-Bissau

 

A Guiné-Bissau foi também uma das ex-colônias de Portugal na África. O país faz fronteira ao norte com o Senegal, ao sul com a Guiné Conacri e ao leste e o oeste  o oceano Atlântico. Seu território abrange 36.125 km², com uma população estimada em 1,6 milhões de pessoas. O país é dividido em oito regiões (Bolama, Bafatá, Biombo, Cacheu, Gabu, Oio, Quínara, Tombali), trinta e seis setores e um setor autônomo, de Bissau.

Neste lugar, a presença de mulheres na luta de libertação tem papel muito importante e por isso que sempre chamou atenção de Amílcar Cabral.

 De acordo com Inocência Mata e Laura Cavalcante Padilha (2007), é através do conhecimento que incentivamos o interesse e a curiosidade para transmitir os saberes – a história das mulheres guineense dentro da sociedade. Por isso, torna-se importante relembrar a presença da mulher em cada momento e questionar o lugar que lhe cabe, ou que lhe deveria caber na sociedade onde se integra ou pertence.

Ali A. Mazrui (2010) afirma que, de maneira geral, as mulheres participavam em maior número na luta de libertação na maioria dos países africanos. Na África Austral, as mulheres participam em massa nas lutas próprias aos seus bens e do estado-nação desses países.

Durante as guerras de independência na África, as mulheres desempenharam um papel muito importante, afirma Mazrui. Na Argélia, as operações militaristas dependeram de algumas mulheres revolucionárias vestidas de véus dos trajes islâmicos tradicionais para que entrassem nas linhas dos inimigos. Na África do Sul, as mulheres tinham tem um papel muito importante na luta contra o racismo; participavam dos movimentos de desobediência civil com influência de Mahatma Gandhi, no ano de 1906. Na primeira fileira, entre aquelas que combatiam o Apartheid, Winnie Mandela carregou a flâmula da resistência, encarnada por seu marido. Helen Suzman lutava contra o Apartheid no parlamento, e só deixou a arena em 1989. Nesse mesmo ano, a maioria dos movimentos existentes era de mulheres que lutavam contra o racismo. Mesmo fora da África do Sul, em 1988, na França, na Argélia, na Guiné-Bissau e na Angola, as lutas de libertação e feito contra colonialismo português e violência contra as mulheres. E aquelas mulheres que lutavam pelo direito de igualdade com os homens.   

Uganda, país africano, tinha nomeado uma mulher para o cargo de ministro das relações exteriores Elizabeth of Toro antes mesmo da maior parte dos países ocidentais, inclusive dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e da França, na antiguidade estes países os chefes de governo nunca confiaram a dar um cargo muito relevante a uma mulher. Única mulher que teve este cargo é o Elizabeth of Toro.

Aurora da Fonseca Ferreira (2007) afirma que, desde antigamente até hoje, a situação da mulher é marcada, na maioria das partes da sociedade africana, pela subalternidade, estruturada por uma ordem ditada pela dominação dos homens. Mas, a interpretação patriarcal e machista, afirma a autora, embora ultrapassada, continua sempre presente, por isso é importante levá-la em consideração quando se analisa a sociedade e corrigir as desigualdades impostas às mulheres. Esta análise do movimento feminista, continua indagando Ferreira, surgiu nos anos 1970 e nos anteriormente nos anos da década 1960. No entanto, consideramos que a luta pela igualdade pelos direitos das mulheres com os homens, começa a ganhar força no século XIX.

No contexto das revoluções africanas do século XX, argumenta Aurora da Fonseca Ferreira (2007), as mulheres usaram várias formas de se exprimirem a fim de manifestar os seus interesses e mostrar a sua vontade de pertencerem à nova sociedade política. Em 1961, por exemplo, a Organização das Mulheres Angolana (OMA) elaborou uma história com o objetivo de estabelecer o papel da mulher angolana, politicamente enquadrada no desenvolvimento da luta de libertação política.

Ainda, a mesma autora, mostra que a PAIGC foi fundada para ajudar a responder as questões da luta da libertação, e isso obrigou as suas lideranças a realizar um trabalho político junto com as mulheres que faziam parte destes partidos políticos da Guiné-Bissau. Portanto, o papel das mulheres nos quadros políticos é muito importante; embora pouco se saiba sobre a situação da mulher na Guiné-Bissau. Poucas mulheres se interessavam aos cargos políticos ou a ser candidato ao uma chapa política, mas aquelas que passaram pela organização política começaram a entender as diferenças que existiam entre elas em relação aos homens, era porque não ocupavam as mesmas funções pelas quais lutaram juntas para independência. A situação das mulheres dentro da sociedade é pouco conhecida, principalmente das mulheres que participaram da luta da libertação nacional. Além disso, as mulheres lutaram pela sua dignidade dentro da sociedade que se inseriam.

No pós-independência da Guiné-Bissau e da Angola, a situação parece tornar-se bem mais difícil para as mulheres. Elas ampliaram seus objetivos, englobaram e estenderam a todas as mulheres, sem distinção da raça, etnia, religião, ideais políticos do Estado civil; e, apesar dessa organização ter começado no exterior para o interior, muitas coisas foram mudadas, como por exemplo, o ponto de vista da sua implantação de cinquenta e cinquenta porcentagem no território nacional da Guiné-Bissau. No entanto, com o esforço das mulheres, principalmente as urbanas, ganharam, cada vez mais, a vantagem de conviverem com a conquista de todos os direitos dentro duma sociedade (FERREIRA, 2007).

Com 18 anos, Ernestina “Titina” aderiu ao Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e militou no partido. Passados alguns anos ela regressou da união soviética em 1964 a fim de fazer estágio político. Depois que Titina Sila retornou à Guiné–Bissau deu pequena formação política a algumas mulheres – por   exemplo: Teodora Gomes, Carmem Pereira, etc. – sobre quais eram as razões da luta e porque deveriam combater ou lutar contra os colonialismos portugueses no país.

Portanto a participação das mulheres na luta da independência da Guiné-Bissau é muito importante para o estabelecimento a igualdade entre homens e mulheres. Ao teorizar a luta armada, evidenciou-se que as mulheres têm papel fundamental na luta armada da Guiné-Bissau, segundo Cabral (1987), a revolução não seria vitoriosa se não contasse com as mulheres.

Benvinda Domingos Cambanco

Bacharel em Ciência Humana pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) no ano 2015. E licenciada em Sociologia pela mesma universidade, em 2018. Participei no Projeto Ensino de Sociologia nos Países da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa-CPLP, registrado na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, nº do processo PVH470-2017 da UNILAB/Redenção-CE, sob orientação da Professora Dr. Joana Elisa Röwer, no período de abril a dezembro de 2017.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FERREIRA, Aurora da Fonseca. “A contribuição da mulher na formação do saber e do conhecimento”. In: MATA, Inocência; PADILHA, Laura Cavalcante. A mulher em África: vozes de uma margem sempre presente. Lisboa: Colibri, 2007, p. 52-67.

KI-ZERBO, Joseph. “Introdução geral”. In: IDEM (Ed.). História Geral da África, I: Metodologia e pré-história da África. 2ª ed. Revisada. Brasília: UNESCO, 2010, p. XXXI-LVII.

MACEDO, Eunice et al. “Por outras formas de ser e estar: mulheres, participação e tomada de decisão”. In: MATA, Inocência; PADILHA, Laura Cavalcante. A MULHER EM ÁFRICA: VOZES DE UMA MARGEM SEMPRE PRESENTE. Lisboa: Colibri, 2007, p. 21-31.

MAZRUI, Ali A. “Introdução”. In: MAZRUI, Ali A., WONDJI, Christophe (ed.). História geral da África, VIII, África desde 1935. Brasília: UNESCO, 2010, p.1-29.

MATA, Inocência; PADILHA, Laura Cavalcante. A mulher em África: vozes de uma margem sempre presente. Lisboa: Colibri, 2007.

LOPES, Carlos. A transição histórica na Guiné-Bissau. Do movimento de libertação nacional ao Estado. Bissau: Instituto Nacional de Estado e Pesquisas (INEP), 1987.     

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