quarta-feira, 8 de maio de 2019

"DISCURSO DO AMÍLCAR CABRAL - 1960 - EM DAKAR" - DR. CARRINGTON CA


A 20 de Agosto de 1960 - portanto, há quase 60 anos - Amílcar Cabral e mais alguns membros da direcção do PAIGC dirigem-se a Dakar, a convite das autoridades senegalesas, para celebrar a independência do país vizinho. Durante a sua estadia, A.Cabral, na qualidade de Secretário-Geral do PAIGC, viria a discursar junto dos outros membros. Pela pertinência das suas palavras para o momento actual que a Guiné-Bissau atravessa, não podia deixar de partilhá-lo para que nos lembremos da importância que encerram, podendo despertar consciências relativamente ao perigo que o tribalismo representa na nossa terra. Eis as suas palavras :

" NÓS DISSEMOS BEM CLARO : AQUI NÃO HÁ NEM MANJACO, NEM PAPEL, NEM MANDINGA, NEM BALANTA, NEM FULA, NEM SUSSU, NEM BIAFADA, NEM FILHO DE CABO-VERDIANO. AQUI O QUE HÁ SÃO FILHOS DE UM POVO, GUINÉ E CABO VERDE, QUE QUEREM SERVIR. SERVIR QUÊ? O NOSSO PARTIDO. QUEM SERVIR O NOSSO PARTIDO, É O NOSSO POVO QUE ESTÁ A SERVIR. RESPEITO PELOS COSTUMES DOS MANJACOS, OU MANDINGAS, OU PAPÉIS, OU CABO-VERDIANOS, RESPEITO PELOS SEUS COSTUMES. SE A DANÇA É MANCANHA, QUE SE DANCE ASSIM. AS CANÇÕES DE UM LADO E DOUTRO SÃO DIFERENTES, COMO QUISEREM, NÃO SE DISCUTE ! MAS NA POLÍTICA, NA LUTA DO NOSSO POVO, NÃO HÁ RAÇA NENHUMA. NÃO QUEREMOS ISSO. E QUEM QUER RACISMO OU TRIBALISMO, QUE VÁ JUNTAR-SE AOS OPORTUNISTAS, QUE VÁ JUNTAR-SE AOS GRUPELHOS NO SENEGAL OU EM CONACRI. PORQUE QUEM QUER QUE ACEITE O RACISMO OU O TRIBALISMO NA NOSSA TERRA, ESTÁ A DESTRUIR O NOSSO POVO. "

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