Secretário de Estado das Comunidades da Guiné-Bissau deslocou-se ao Porto e a Lisboa para ouvir reivindicações dos estudantes e emigrantes em Portugal
O Secretário de Estado das Comunidades Guineense, Nelson Pereira, veio a Portugal para se certificar e ouvir in loco, as preocupações da comunidade estudantil da Guiné-Bissau e os emigrantes de uma forma geral. O Secretário mostrou-se um pouco surpreendido com algumas das reclamações proferidas pelos seus compatriotas, e no final da ronda das perguntas e reivindicações, garantiu que todas as reclamações iriam constar em ata para serem apresentar em Bissau a quem é de direito.
O momento serviu também por parte do Presidente da Décimas D’Opinião, em mostrar ao Secretário de Estado da Guiné-Bissau, um apartamento com quatro quartos para abrigar gratuitamente por um período de três meses os estudantes que chegam a Portugal, com menos possibilidades económicas, para terem um lugar onde possam viver durante esse período, enquanto não encontram lugar “permanente” para se instalar. O Secretário de Estado das Comunidades ficou muito satisfeito com a qualidade das instalações.
Cozinha equipada
Na sala da Associação Guineense, Nelson Pereira, conduziu o seu discurso nas dificuldades da emigração e o que ela comporta, nomeadamente a distância de amigos e familiares, para que os emigrantes possam melhorar um pouco as suas vidas. Também ele (Secretário de Estado) é filho de pais emigrantes, referiu.
No meio de muitas promessas, o Secretário de Estado garantiu que vai haver uma redução de 20% das taxas alfandegárias para enviar produtos para a Guiné-Bissau. Ressaltando que “investir em vocês, é investir na nossa nação”.
Casa de Banho
Seguiu-se uma ronda de questões por parte dos emigrantes e alunos, no que toca à falta de condições em que vivem muitos Guineenses em Portugal. Não têm apoios quase nenhuns, têm que viver muitos deles em condições muito precárias, e ao nível consular sentem-se muito desprotegidos, pois o Cônsul Honorário do Porto não consegue fazer o trabalho que se pretende por falta de verbas.
Para obtenção de um bilhete de identidade ou de um passaporte no Porto é impossível fazê-lo, tendo que se deslocar até Lisboa representando um verdadeiro sacrifício para muitas pessoas que mal conseguem fazer face às suas despesas diárias.
Um dos quartos do apartamento
Também foi questionado por um estudante, porque razão foi aberto um Consulado no Algarve e não se reforça o do Porto, onde há uma comunidade já considerável de guineenses, e que vêm doutras zonas a Norte de Portugal.
Os problemas apresentados por todos os presentes convergem na mesma temática, a obtenção e dificuldade em terem acesso à documentação, para deixarem de “sofrer a falta e crise de identidade”.
Há muito trabalho por fazer, e um Consulado que sirva as necessidades dos emigrantes é uma premissa. O Secretário de Estado tomou nota de todas as reivindicações e garantiu que todas elas serão apresentadas em ata e encaminhadas a quem é de direito quando chegar à Guiné-Bissau.
Outra problemática tem a ver com a habitação em Portugal, e no caso concreto no Porto que é muito elevada, e com bolsas de estudos de 800 euros mal dá para viver, pois têm de pagar cerca de 400 euros por um quarto, e o restante para despesas, como transportes, alimentação e outras.
Muitos dos estudantes têm de abandonar a Universidade e ir trabalhar para as obras“ para juntar algum dinheiro e até poderem enviar algum para a Guiné, pois os seus familiares também vivem com muitas dificuldades.”
Na plateia alguém disse “nós precisamos de vocês e vocês de nós”, pois “somos o futuro da Guiné-Bissau”, salienta um dos intervenientes. Também estavam presentes e apresentaram disponibilidade algumas Organizações Não-Governamentais, tais como: Santuga, Huellatina, e AGB (Ajuda a Guiné-Bissau), mostrando-se disponíveis a ajudar no que for preciso.
Na mala diplomática o Secretário de Estado das Comunidades leva consigo as dificuldades apresentadas: Bolsas de estudo para que os alunos tenham uma vida condigna e possam estudar e não ter que trabalhar ao mesmo tempo; Manifestação de ausência do Estado; Emissão de Passaportes, Bilhetes de identidade e outros documentos importantes; a resolução do problema do Consulado do Porto, reforçar a equipa e dotá-la de condições com profissionais para ajudar as populações; a Via Rápida, dentre outras.
Estas são questões que vão ser levadas ao Conselho de Ministros, e transmitidas diretamente ao Governo. E no que diz respeito ao diploma de alojamento de 1994, vai-se informar melhor sobre este diploma.
jornalcomunidades.pt com Conosaba do Porto
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