O ministro dos Negócios Estrangeiros da Cooperação Internacional e das Comunidades, Carlos Pinto Pereira, anunciou que o governo da República Popular da China assumiu o compromisso de proceder com as obras de reabilitação e modernização das ruas de Bissau, a semelhança dos trabalhos feitos na avenida Amílcar Cabral.
“As estradas que não forem contempladas no âmbito do projeto em curso, muitas delas vão ser assumidas pela China. Não posso ainda precisar quais são, mas muitas delas serão assumidas pela China e posso assegurar que talvez nem vai se esperar que a empresa encarregue destas obras acabe o seu trabalho, a China vai começar os trabalhos de reabilitação e modernização das estradas das ruas de Bissau”, disse o chefe da diplomacia guineense esta quinta-feira, 25 de julho de 2024, durante a conferência de imprensa para falar dos acordos assinados entre o governo da Guiné-Bissau e o da China Popular na visita do Estado efetuada pelo Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, de 10 a 12 do mês em curso, com o intuito de rubricar um acordo quadro geral de cooperação entre Bissau e Pequim.
No âmbito da visita foram assinados 12 acordos de cooperação, incluindo a exportação de castanha de cajú da Guiné-Bissau para a China, a implementação da iniciativa para o desenvolvimento global, desenvolvimento económico, geologia e mineração, cooperação entre os meios de comunicação e outras áreas.
Sobre os acordos assinados e enquadrados para a execução a curto, médio e longo prazo, Carlos Pinto Pereira explicou que entre os acordos assinados e enquadrados para a execução imediata, são por exemplo, o acordo da exportação do cajú.
“A partir deste momento, já estão a ser criadas as condições para a exportação da castanha de cajú guineense para a China e os operadores econômicos chineses têm autorização do Estado para importarem a castanha da Guiné-Bissau. Ainda na área do cajú e já não é da aplicação imediata, mas esperamos que seja a curto e médio prazo vai ser o da transformação local da castanha do cajú. Temos já o compromisso de alguns empresários chineses no sentido de instalarem unidades de fábricas em Bissau a partir do próximo ano para começarem a fazer a transformação da castanha de cajú”, revelou.
Anunciou ainda que a China, no âmbito dos acordos assinados vai ajudar o país na criação de uma zona económica especial para a instalação das empresas chinesas e outras que querem investir na Guiné-Bissau. Acrescentou, neste particular, que será uma zona urbanizada em que cada projeto ou promotor poderá comprar uma área para instalar a sua unidade, bem como ter as facilidades próprias que uma zona industrial requer, como água, luz, internet e estradas para poderem funcionar.
Solicitado a explicar os detalhes de acordo na área de agricultura e concernente a produção de arroz, informou que o que país pretende cooperar com a China Popular no setor da produção do arroz e depende essencialmente da Guiné-Bissau.
“A China disse que pode apoiar-nos com as tecnologias necessárias para produzirmos arroz duas ou três vezes por ano, porque quem tem que produzir o arroz duas ou três vezes por ano são os empresários guineenses. Neste momento, não estamos a ir mais além na cooperação com a China na área de arroz, porque infelizmente, não têm aparecido empresários nacionais que queiram pegar na área de produção de arroz e utilizar a tecnologia chinesa para se lançar nesta área”, disse.
O titular da pasta dos negócios estrangeiros lembrou que no plano econômico, assinou-se um acordo de doação de cerca de 25 milhões de dólares norte-americanos para a execução dos projetos e que alguns já estão a ser implementados na Guiné-Bissau e que outros serão iniciados a curto prazo. Acrescentou que os projetos que serão iniciados no âmbito deste acordo é a reabilitação de ruas de Bissau que não estavam previsto no quadro dos trabalhos que estão a ser desenvolvidos por uma empresa privada.
O ministro revelou que a China vai apoiar o governo logisticamente na realização do centenário de Amílcar Cabral, como também altas figuras chinesas e particularmente aqueles que estiveram ao lado do país desde o período da luta de libertação nacional poderão colaborar.
Relativamente a sua participação na terceira reunião da comissão mista entre a Guiné-Bissau e o Reino de Marrocos, assegurou neste quadro foram assinados cerca de 14 instrumentos de cooperação, que segundo a sua explicação, esperam implementar com a maior celeridade possível, nos mais variados domínios, desde apoio agrícola, formação de quadros a nível superior e profissional, bem como o reconhecimento de cartas de condução e facilitação de transportes rodoviários de mercadorias.
Carlos Pinto Pereira disse que a reunião do Conselho de Ministros da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP) realizada em São Tomé e Príncipe na qual participou, o seu principal resultado foi a confirmação da realização do Conselho de Ministro daquela organização lusófona em Bissau, no dia 17 de julho de 2025.
“O que pressupõe naturalmente que a partir da altura da realização não do Conselho de Ministros, mas da Cimeira de Chefes do Estado, a Guiné-Bissau passará a assumir a presidência da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa por dois anos. Nós estamos a preparar desde já para que seja também coroada de êxitos, porque para que possamos concretizar todos os propósitos que temos em termos da CPLP e um dos quais é o da mobilidade, quer em termos de estudantes, dos trabalhadores e dos cidadãos, que forma alguns dos aspetos muito realçados na reunião do Conselho de Ministros”, notou.
Assegurou ainda que a Guiné-Bissau já tem o lema que pretende propor para o período da sua presidência da CPLP, que segundo a sua explicação, significará aqueles tópicos sobre os quais o país vai procurar fazer programas e trabalhar com alguma intensidade.
O governante aproveitou a ocasião para pedir à Assembleia Parlamentar da CPLP que evite de pronunciar-se sobre os assuntos da Guiné-Bissau, “porque naturalmente, nós não intervimos nos assuntos dos demais países da CPLP e não vamos aceitar de qualquer forma que intervenham nos nossos assuntos”.
“Ainda ontem transmiti isso a representante das Nações Unidas que a própria iniciativa criada no seio das Nações Unidas para o acompanhamento do processo de transição na Guiné-Bissau que funcionou aqui no quadro da UNIOGBIS mais de dez anos, que nós não estamos interessados neste tipo de intervenção”, advertiu, para de seguida, avançar que o país está interessado em receber todo o apoio dos seus amigos, “amigos que querem vir aprofundar o diálogo entre os parceiros políticos na Guiné-Bissau, mas não resolver de fora os assuntos que têm que ser resolvidos cá dentro”.
Por: Assana Sambú
Conosaba/odemocratagb
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