A Confederação das Associações dos Alunos das Escolas Públicas e Privadas na Guiné-Bissau (CAIEP) exigiu a demissão do ministro da Educação Nacional e do Ensino Superior.
A exigência da CAIEP foi tornada pública esta segunda,17 de janeiro de 2022, pelo presidente desta organização estudantil, Alfa Umaro Só, em conferência de imprensa, durante a qual alertou que se o governo não demitir o ministro da Educação Nacional, o país vai conhecer “uma revolução dos estudantes” nunca vista.
“Exigimos a demissão do Ministro da Educação Nacional porque perdeu o foco e é um desastre para o setor do ensino”, afirmou.
O líder estudantil acusou o ministro da Educação Nacional de falta de interesse em dialogar com os parceiros sociais.
Alfa Só informou que a organização ficou em silêncio faz muito tempo, porque estavam a trabalhar juntamente com o Alto Comissariado de luta contra a COVID-19 (AC), no âmbito da prevenção da doença nas diferentes escolas públicas.
“Temos trabalhado também na preparação da conferência nacional para a salvação do ensino na Guiné-Bissau e na procura de uma nova estratégia para continuar a nossa luta”, afirmou.
Alfa Só disse que o Ministério da Educação e Ensino Superior não está preocupado em resolver o problema de falta dos professores nas salas de aulas.
“Descobrimos que em algumas escolas públicas, os alunos não chegam nem sequer 50% da capacidade das mesmas”, revelou, frisando que o Ministério está mais preocupado com o recrutamento de professores do que resolver os problemas que o setor enfrenta.
“Os professores não vão conseguir lecionar por falta dos alunos. É um fato visível nas regiões, nomeadamente, em Canchungo, São Domingos e Ingoré. Estamos à beira de ter mais um ano letivo nulo”, lamentou.
Perante estes fatos, o ativista pediu ao Ministério que garanta o melhor funcionamento das aulas, principalmente para os alunos do turno da noite que não têm tido aulas por insuficiência de professores. Afirmou que vão organizar uma vigília em frente ao Ministério da Educação Nacional para exigir a demissão do ministro das suas funções.
Informou que a maior parte dos responsáveis das direções está lá só para encher os seus bolsos e os professores estão a incentivar os alunos a saírem das escolas públicas para as privadas.
“Os professores aplicam toda a rigorosidade sem limites para fazer com que os alunos abandonem as escolas públicas”, denunciou, lembrando que a CAIEP tinha avisado o Ministério da Educação de que não havia condições para a realização dos exames nacionais no ano letivo findo, mas o Ministro resolveu ameaçá-los.
“Estamos de acordo com a implementação do projeto BAC, mas é preciso fazer um trabalho de fundo dentro do Ministério”, sublinhou, indicando que é necessário a implementação de um calendário único para todas as escolas públicas e privadas, como também a revisão do currículo escolar, porque ”só assim será possível a implementação desse projeto”.
O líder estudantil informou que muitas organizações parceiras, como a UNICEF, o PLAN e a UNESCO têm financiado o setor do ensino, mas esse apoio não tem tido ainda o impacto esperado.
“Testemunhamos a doação de materiais para a prevenção da COVID-19, através da UNICEF, mas nem todos os apoios beneficiam o público alvo, porque algumas pessoas levaram esse donativo para as suas casas e outros materiais estão no mercado”, denunciou.
Alfa Umaro Só disse ter ficado chocado quando soube que alguns professores das escolas públicas teriam reclamado excesso dos alunos nas salas de aula.
“Mas são estes mesmos professores que lecionam nas escolas privadas com 70 ou mais alunos por sala de aulas e curiosamente, um dos pontos de reivindicação dos professores tem a ver com o excesso dos alunos nas salas de aula e a carga horária nas escolas públicas”, notou.
Por: Noemi Nhanguan
Foto: N.N
Conosaba/odemocratagb
Sem comentários:
Enviar um comentário