Na sessão de abertura, João Lourenço agradeceu a presença dos líderes dos Estados-membros, numa reunião magna que permitirá definir as ações para o mandato.
"O objetivo é definirmos o rumo a seguir da nossa organização para os próximos dois anos", explicou o chefe de Estado angolano.
"Em nome do executivo que dirijo, desejo a todos as boas-vindas a Angola e espero que possam desfrutar da hospitalidade, solidariedade e amizade do povo angolano para com os nossos países amigos da comunidade lusófona", acrescentou.
O facto de a reunião ser presencial é "revelador da importância" os países atribuem à organização", que constitui uma "plataforma multilateral de coordenação de ideias e de articulação de ações", disse ainda João Lourenço, na sessão de abertura da reunião.
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os nove Estados-membros da CPLP, que hoje celebra 25 anos.
Costa e Marcelo reuniram-se com vice-presidente do Brasil antes do início da cimeira
O encontro, entre Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa, pela parte de Portugal, e o general Hamilton Mourão, pela parte brasileira, aconteceu pouco antes do início da XIII Cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Luanda.
"Encontrei-me, juntamente com o Presidente da República, com o vice-presidente do Brasil, general Hamilton Mourão", escreveu o primeiro-ministro português, na sua conta oficial na rede social Twitter.
Segundo António Costa, a reunião com o "número dois" do Estado brasileiro foi "uma conversa positiva sobre o reforço das relações económicas, científicas e culturais entre dois países que, mais do que quaisquer outros, aproximam a Europa e a América Latina".
Na quinta-feira, logo à chegada a Luanda, o Presidente da República, em declarações aos jornalistas, rejeitou que exista um afastamento progressivo do Brasil em relação à CPLP, considerando mesmo que está agora "numa onda de maior aposta" nesta organização internacional.
Na cimeira de Luanda da CPLP, o Brasil está representado por Hamilton Mourão, de 67 anos, substituindo o chefe de Estado, Jair Bolsonaro, que está com problemas graves de saúde.
Marcelo Rebelo de Sousa considerou que não é verdadeira essa ideia de afastamento do Brasil em relação à CPLP, dando como exemplo as participações do anterior chefe de Estado brasileiro, Michel Temer, que esteve nas cimeiras de Brasília e de Cabo Verde.
"Para esta cimeira, em Luanda, está o vice-presidente, uma personalidade particularmente forte na estrutura institucional brasileira. São públicos e notórios os problemas de saúde do presidente brasileiro", respondeu.
Tendo ao seu lado o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, Marcelo Rebelo de Sousa referiu-se aos resultados de um recente encontro com o ministro das Relações Exteriores do Brasil. "Fiquei com a ideia de que o Brasil está numa onda de maior aposta na CPLP e não na onda que tradicionalmente se dizia, a qual passaria por olhar para esta realidade de uma maneira bilateral. Não, a minha convicção é que o Brasil acompanha esta passo multilateral: Fazer-se o que se tem a fazer em conjunto", sustentou.
Cumplicidade entre Estados-membros é a grande conquista do mandato de Cabo Verde
"Hoje existe muito maior cumplicidade entre os estados-membros", disse Jorge Carlos Fonseca, no discurso da sessão de abertura da XIII Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, em Luanda. Na sua intervenção, o chefe de Estado cabo-verdiano discriminou as principais ações da presidência cabo-verdiana, que teve um mandato prolongado de dois para três anos devido à pandemia da covid-19.
"Não obstante as dificuldades económicas e sociais de alguns dos Estados-membros ao longo destes 25 anos de existência, agravadas pela pandemia", é, "contudo, inegável a prossecução dos objetivos" que levaram à fundação da organização.
Ao longo dos anos, tem-se assistido a "avanços em todos os domínios, designadamente na concertação política e diplomática, que permitiu uma melhoria significativa da afirmação" dos países lusófonos "na cena internacional".
A concertação diplomática permitiu "inúmeras candidaturas de consenso", com "dinâmicas ganhadoras" à liderança de organizações internacionais e regionais, com um resultado "firme" para todos, disse Fonseca.
"Os Estados-membros falaram a uma só voz, ganhando dimensão e influenciando o curso dos acontecimentos" da cena internacional.
Nos seus três anos de mandato, Cabo Verde promoveu uma "busca de soluções comuns", nas áreas da "justiça, segurança, saúde, formação profissional, ambiente, energias renováveis, recursos hídricos, agricultura, economia marítima, educação, ciência e tecnologia", disse.
A cooperação entre organizações da sociedade civil foi também destacada pelo chefe de Estado de Cabo Verde, permitindo, no seu entender, um "movimento crescente de aproximação e colaboração" com os cidadãos, e alargando o "prestígio granjeado da comunidade", que tem levado "Estados terceiros a aproximarem-se" da organização, numa referência à mais de uma dezena de pedidos de entrada de países observadores.
A CPLP tem um "forte potencial geoestratégico e geoeconómico", recordou Jorge Carlos Fonseca, que destacou também o trabalho na promoção do português, que já é reconhecida "como língua de trabalho em várias organizações internacionais e regionais".
O grande destaque do mandato é o acordo da mobilidade dentro da CPLP, que irá definir um roteiro de ação para cada país, na abertura à passagem dos cidadãos doa comunidade.
Cabo Verde definiu como prioridade em 2019 que a "CPLP seja um espaço de livre circulação de pessoas e de comércio", recordou Fonseca. "Consideramos que a livre circulação dos cidadãos da comunidade, a potenciação do valor económico da língua portuguesa e a projeção da cultura são elementos-chave para uma maior consolidação da CPLP", salientou.
O "mercado comum da arte e da cultura da CPLP" foi outro dos temas destacados pelo chefe de Estado, que voltou a insistir na bandeira da língua.
"A celebração dos primeiros 25 anos, acima de tudo, é uma celebração da unidade da língua portuguesa, do respeito pela diversidade cultural e o diálogo entre as culturas". A "sua força é a sua unidade construída a partir da diversidade", num "processo enriquecedor dos Estados que a compõem", acrescentou Jorge Carlos Fonseca.
Num discurso que dedicou alguns minutos às artes, Jorge Carlos Fonseca elencou vários nomes da literatura lusófona, numa "viagem comum, feita pelos remadores das letras e ao som" dos instrumentos musicais tradicionais de cada um dos países lusófonos.
No final, passou o testemunho a Angola, que irá presidir a partir da cimeira de hoje à organização.
"Cabo Verde tem a enorme honra e a grande satisfação de passar o testemunho ao país irmão que é Angola, augurando-lhe os maiores sucessos", disse o Presidente cabo-verdiano, terminando a desejar uma "longa e profícua vida à CPLP".
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