De 25 de Março a 3 de Abril de 2021, a ONG Tostan está a organizar dois ciclos de diálogos regionais com 112 guias religiosos que representam 120 comunidades da região de Bafatá sobre os conceitos de democracia e direitos humanos no Islão. Este diálogo é realizado no âmbito do Programa de Reforço das Capacidades Comunitárias, o programa de educação participativa e de desenvolvimento comunitário de Tostan que dura três anos em cada comunidade.
As comunidades, por meio desse programa, vão participar em aprendizagem e organizar atividades de mobilização social relacionadas com: a democracia, os direitos humanos e a resolução de problemas no primeiro ano. No que concerne o segundo ano, o programa será direcionado a setores da higiene, da saúde e de proteção da criança. O terceiro ano será sobre conhecimento aplicado através da alfabetização, a matemática, a gestão de projetos e utilização de tecnologias modernas. Através das suas atividades de aprendizagem e mobilização social, as comunidades trazem resultados nos domínios da governação, da educação, da saúde, do ambiente e a economia.
Segundo o Coordenador Nacional de Tostan, Yussuf Sané, “a abordagem participativa e inclusiva da Tostan encoraja a colaboração com líderes tradicionais e religiosos para promover a transformação social positiva e o desenvolvimento da comunidade.” Sané acrescentou que, “como a maioria das comunidades parceiras da região de Bafatá, que é uma região estratégica para Tostan, pertence à comunidade muçulmana, é necessário promover estes diálogos com os guias religiosos dessas comunidades para alinhar os conceitos abordados no PRCC, como democracia, direitos humanos e resolução de problemas, com as recomendações do Islão.
A Tostan espera que os guias religiosos possam aprender como dialogar sobre seis conceitos democráticos no Islão, tais como: Shura (consultação), Ijma al-ummah (Consenso), Rida al awam (consentimento popular) Ijtihad jama’i (deliberação coletiva), Mas’uliyah jama’iyyah (responsabilidade coletiva) e igualdade, bem como trocar ideias igualmente sobre os 19 princípios dos direitos humanos abordados no programa de Tostan e suas referências no Islão.
Os guias religiosos vão participar em cenários da vida real, onde aplicam o processo de resolução de problemas para resolver os desafios que as comunidades enfrentam na Guiné-Bissau e praticar a utilização de cartazes dos direitos humanos para promover os direitos humanos nas suas comunidades.
Em entrevista ao jornal O Democrata, Alfucene Bandjai, consultor da Tostan em assuntos Islâmicos da língua Mandinga, revelou que os trabalhos centrar-se-ão nas metodologias e abordagem sobre a democracia e direitos humanos, do ponto de vista islâmico, porque “dentro dos direitos humanos e a democracia, podemos encontrar consultas e consenso”. Segundo Bandjai, os temas serão todos transmitidos em línguas locais (Fula e Mandinga), que para Tostan demonstra respeito e encoraja mais participação. Bandjai disse que Tostan pretende, com a iniciativa, alargar o desenvolvimento às comunidades e fazê-las compreender o que é realmente a democracia e os direitos humanos como pode ser usada para o bem-estar das comunidades locais.
O também líder religioso admitiu que muita coisa falta, em termos de desenvolvimento comunitário e dos direitos humanos, mas referiu quer o fato deve-se à falta de compreensão dos dois conceitos e da sua importância para o desenvolvimento comunitário. Neste sentido, apelou aos líderes religiosos a empenharem-se sobre os dois temas.
Por sua vez, Abubacar Djaló, consultor da Tostan em assuntos Islâmicos da língua Fula, apelou também às comunidades identificadas a engajarem-se seriamente no programa da Tostan, porque “não foi instituído para violar nenhuma religião, mas sim sensibilizar as pessoas sobre como podem viver nas suas comunidades e desenvolvê-las, tendo realçado que os Imames envolvidos nesse diálogo serão multiplicadores das mensagens e as recomendações que sairão do encontro”.
Por: Filomeno Sambú/ Assana Sambú
Conosaba/odemocratagb
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