O líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, falou em longa entrevista ao Capital News e à Rádio Capital FM, sobre a sua conhecida relação com o Presidente da Guiné-Conacri, Alpha Condé, e recorreu a vários episódios para justificar a “confiança e admiração” daquele estadista à sua pessoa.
Simões Pereira fez recurso a um dos acontecimentos, em 2014, depois das eleições, quando o Presidente da Guiné-Conacri pediu-lhe que formasse um governo de inclusão, com os partidos representados na Assembleia Nacional Popular (ANP), um pedido que disse ter aceitado e cumprido.
O líder do PAIGC disse que houve um momento em que Alpha Condé não o queria ver, por causa da decisão tomada na altura pelas autoridades guineenses em encerrar as fronteiras terrestres com a Guiné-Conacri, em 2014, por causa do vírus Ébola, que na altura causava vítimas mortais naquele país vizinho da Guiné-Bissau. Simões Pereira relata que o Presidente da Guiné-Conacri não gostou da decisão, porque lhe teriam informado que foi ele, enquanto primeiro-ministro da Guiné-Bissau, quem teria ordenado ao encerramento das fronteiras.
Mas Simões Pereira disse que tudo ficou ultrapassado e encontra ainda outro motivo para justificar a “consideração” de Alpha Condé em relação a ele:
“Na sequência da crise política guineense e à margem de uma cimeira da CEDEAO (Comunidade Económica dos da África Ocidental), em Abuja, na mediação sobre a crise e relativamente à reintegração do grupo dos 15 (militantes do PAIGC expulsos do partido), compreendi que os presidentes (dos países da CEDEAO) estavam a perder paciência comigo. Acabei por ceder, depois de ter entrado em contacto com a direção do PAIGC, em Bissau. O Presidente Alpha Condé perguntou se os 15 podiam voltar ao partido e concorrer ao congresso do partido, eu respondi que sim”, relatou.
Domingos Simões Pereira afirma que quem é coerente ganha a credibilidade e quem não é, “não há jeito”, lamenta, em tom irónico.
Relativamente à polêmica do terceiro mandato do Presidente da Guiné-Conacri, Simões Pereira revela:
“Muito antes da questão do terceiro mandato ser colocada, dei ao Presidente Alha Condé a minha opinião. Eu disse-lhe que uma das dificuldades do continente africano é ter homens de referência, porque alguém esgota todo o seu tempo no exercício (do poder) e quando sai não tem mais condições físicas e nem estatuto que lhe permita chamar as pessoas à razão. Eu disse-lhe que depois de tudo que fez para a afirmação do Estado na Guiné-Conacri, se deixar a Presidência da República e ficar no país, a Guiné-Conacri passa a ter um ancião que possa ser ouvido quando há algum problema”, disse Simões Pereira.
O dirigente político disse ter clarificado a sua opinião a Alpha Condé:
“Eu disse-lhe, Presidente, esta é a minha opinião, mas não sou cidadão da Guiné-Concari”, disse antes de prosseguir. “Não é questão do segundo ou terceiro mandato, é ver o que a constituição do país diz. Se cumpriu com aquilo que a lei diz, não posso pôr em causa a decisão do povo da Guiné-Conacri”, disse.
Por CNEWS com Conosaba do Porto
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