O ex-primeiro-ministro são-tomense Patrice Trovoada foi hoje eleito presidente da Ação Democrática Independente (ADI), num congresso eletivo que a organização considerou necessário para "desamarrar a corrente do presente para encarar o futuro com realismo."
“OADI está a recompor-se diante dos olhares de todos que sonham ver um São Tomé e Príncipe melhor”, disse Abnildo de Oliveira, “fiel depositário da visão política” deste partido que vê neste evento “uma oportunidade de união” após dois anos de crise.
Os delegados do maior partido da oposição elegeram igualmente Orlando da Mata como primeiro vice-presidente e Celmira Sacramento, segunda vice-presidente.
Os dois integraram a lista única liderada por Patrice Trovoada submetida ao congresso.
O congresso agendou para o próximo dia 24 a realização do primeiro Conselho Nacional do partido, que deverá escolher Abnildo de Oliveira para o cargo de secretário-geral da ADI.
“Tudo quanto se passou depois das eleições de 2018 levou-nos a uma profunda reflexão e uma interpelação interna. Nós precisamos olhar para aquilo que nos une e não para aquilo que nos divide. Porque aquilo que nos une é superior, é maior, é mais nobre do que aquilo que nos separa”, disse o porta-voz do congresso, Abnildo de Oliveira.
A maior parte dos apoiantes de Agostinho Fernandes, opositor interno de Patrice Trovoada, não participaram no congresso.
A exceção foram duas figuras importantes da direção cessante, designadamente o ex-presidente da câmara distrital de Água Grande, Kney Santos, e Álvaro Santiago, alto funcionário do Banco Central de São Tomé e Príncipe, que foi bastante critico de Patrice Trovoada durante os últimos dois anos.
“Há necessidade urgente para desamarrar a corrente do presente para encarar o futuro com realismo”, lembrou Abnildo de Oliveira numa mensagem dirigida “para aqueles que anseiam um [partido] ADI curado das suas feridas e pronto para renovar o compromisso com o país”.
O líder parlamentar anunciou para breve o início de conversações com forças políticas com assento parlamentar sobre a revisão constitucional.
“Comungamos a visão de que se torna imprescindível na base de diálogo franco, sério e compromissos firmados com todas as forças politicas, particularmente com aquelas que têm assento parlamentar, para a tão desejada e necessária revisão constitucional”, disse Abnildo de Oliveira.
O objetivo do congresso da Ação Democrática Independente foi para “promover uma coesão interna dentro do partido em volta de uma mesma visão”, considerando que a realização do evento constituiu “um ganho”.
Patrice Trovoada, primeiro-ministro são-tomense de fevereiro a julho de 2008, entre 2010 e 2012, e de 2014 a 2018, saiu de São Tomé e Príncipe após as eleições legislativas de outubro de 2018, quando o seu partido foi o mais votado, mas não conseguiu formar governo.
No mês seguinte, demitiu-se da direção do partido fundado pelo seu pai, o antigo Presidente são-tomense Miguel Trovoada, o que levou a uma crise interna dentro do ADI.
Em menos de dois anos, duas alas diferentes do partido realizaram dois congressos.
Num primeiro, realizado em maio do ano passado, Agostinho Fernandes foi eleito presidente, arrastando consigo a maioria dos quadros do partido. Poucos meses depois, outra ala do partido realizou outro congresso, elegendo Patrice Trovoada para a presidência do partido.
O Tribunal Constitucional rejeitou a legalidade deste segundo congresso, tendo reconhecido antes a direção de Agostinho Fernandes, que, em julho deste ano, viria a renunciar ao cargo, alegando falta de consenso para realizar um novo congresso para tirar a ADI “profunda crise”.
Patrice Trovoada foi eleito hoje presidente do ADI, mas “não encara de imediato” um regresso ao país, disse à Lusa fonte partidária.
A ADI venceu as eleições legislativas de 2018 com maioria simples de 25 dos 55 assentos parlamentares, mas não conseguiu formar governo, dando lugar a uma coligação constituída pelo Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe – Partido Social Democrata (MLSTP-PSD) que obteve 23 assentos, e outros três pequenos partidos unidos numa coligação de cinco deputados.
Conosaba/Lusa
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