Por: yanick Aerton
“Madrassa”, no singular,
significa o ensino moderno da língua árabe e das outras disciplinas,
tais como o português, a matemática, a biologia, a química,
a física,
a filosofia,
nos estabelecimentos de ensino primário e secundário, consistente com a
evolução tecnológica.
Em oposição a “Madrassa”,
existe o ensino do “Madjlis”, ou corânico, o ensino clássico que a
maior parte dos Guineenses muçulmanos frequentaram, incluindo alguns
proeminentes quadros que exerceram no passado altas funções de responsabilidade
no Estado, ou aqueles que actualmente estão em funções.
Esse ensino no quadro
restrito do “Madjlis” era quase exclusivamente confessional, porque se
coloca mais o acento tónico na aprendizagem, memorização e interpretação do Sagrado
Alcorão, e também se ensina a ciência islâmica, em geral.
Esses quadros a que fiz
alusão, como aconteceu em todos os países com uma forte presença de comunidades
muçulmanas,
simultaneamente frequentaram as chamadas escolas do Colon, tendo marcado a sua presença nessas escolas com brilhantes
resultados.
Depois de ler no blog “faladepapagaio”
de 3 do corrente, a publicação sobre os trabalhos levados a cabo por
conceituados técnicos do ministério da educação nacional, acabei por concluir
que afinal estava tudo a postos para se pôr na prática aquilo que tinha sido
maduramente pensado e profundamente estudado, e o senhor ministro não fez nada
mais, nada menos, do que dar seguimento.
Daí a minha revolta.
Porque é que se adiantou tanto a implementação desse projecto? Que ninguém me
venha falar de falta de recursos, porque vivemos todos neste país, e estamos
bem informados do que se passa a nossa volta.
De facto, diskarna
tem nês terra. Ita faciu pena. Dispus di mas quarenta anu diskarna continua son i utur
djinis
sta disposto pá i manti. Ai ndeyssane, Guine!
O que mais me intriga é
facto de até alguns quadros do ministério da educação que tiveram um papel de
relevo na produção dos instrumentos sobre a matéria, a insurgirem-se contra
iniciativa do senhor ministro.
Por isso é que o sistema
quer manter-nos no obscurantismo, porque se tivéssemos já universidades nas
três províncias, o debate sobre esta matéria teria outro nível e seria doutra
natureza.
Em tudo isso, há uma
explicação que pode não convencer ao leitor – o terrível medo da conversão em
massa ao Islamismo, se nessas escolas se vir a introduzir o ensino do Sagrado
Alcorão, como disciplina, ainda que facultativa.
O que muita gente ignora
é que a conversão a qualquer religião, não é só ao
Islão, é voluntaria e não obrigatória. No passado, em todas as
religiões houve a conversão à força, mas é bom não esquecer que estamos
a viver no Séc. XXI, e há liberdade de escolha. Há muçulmanos que se
converteram às outras religiões e vice-versa, não é por conseguinte a
introdução de uma língua que deve ser confundida como sendo uma estratégia de
arrasar outros Guineenses para um campo que não elegeram.
Aliás, para a melhor
compressão das religiões, até se aconselha ter um profundo conhecimento dos
livros sagrados, pelo menos, das duas principais religiões com mais
membros: a Sagrada Bíblia e o Sagrado Alcorão.
O único conselho que dava
ao senhor ministro, se fosse solicitado, era fazer uma selecção rigorosa
dos professores, submetê-los a concurso e através da cooperação com os países árabes,
formá-los, se necessário localmente, em matéria de PEDAGOGIA.
Não basta ter um mestrado
ou P.h.D.
para ser bom professor. E, na esteira dessa política de cooperação, solicitar
bolsas de estudo para os futuros integrantes no corpo docente, e que esses
tenham obrigatoriamente o domínio da língua portuguesa, a semelhança
do que acontece noutros países.
Ponhamos termo a este
debate desnecessário, porque o facto do senhor ministro ter comunicado de forma
defeituosa mas perdoável, não é razão bastante para se tentar inviabilizar esta
sua brilhante e corajosa iniciativa.
O que se fez em relação
aos documentos publicados sobre esta matéria, devia ser a primeira a coisa a
fazer previamente, para esclarecer a opinião, antes de avançar com os outros
passos, porque afinal não há qui nada de pratica de discriminação positiva ou “affirmative
action”, para beneficiar quem quer que seja.
Bem haja a todos
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