sábado, 7 de março de 2015

DESPORTO GUINEENSE, QUE FUTURO?

Kecoi Queta

Temos sido um dos países de Africa Ocidental mais avançados em termos de legislação desportiva e da consagração constitucional do direito ao desporto. A constituição da república consagrava a lei de bases do sistema desportivo regulamenta que pertenciam a administração central as responsabilidades no âmbito de definição, coordenação e dinamização de uma política nacional de desenvolvimento desportivo.

Quanto a Administração local pela sua estreita ligação a população e uma vez atribuídos os meios e recursos necessários, apresentava-se em ótimas condições para a concretizar na sua área geográfica o direito ao desporto como meio cultural e formativo de imprescindível importância em colaboração com os representantes locais da administração central, de Associativismo e da Escola.

Tudo parecia sugerir portanto que estavam criadas as condições mínimas necessárias para que no desporto guineense se verificassem sinais evidentes de um desenvolvimento desportivo consequente!

Por que razão, no entanto, isso não deu continuidade? E como amargura que constatamos o nosso relativo atraso aos restantes países da Africa Ocidental.

 E porque?

Em minha opinião, a partir de 1980 encontramos uma grande crise educativa que assume aspetos dramáticos em ralação a educação física das nossas crianças e a cultura de todos os cidadãos. A verdade é esta, não só não temos grandes campões como também o numero daqueles que se dedicam a prática desportiva sob qualquer uma das formas é o mais baixo, quer em termos relativos quer absolutos, de toda a Africa Ocidental.
 Sucessivos governos, tais como em qualquer outro dos sectores da prática social manifestaram aqui, plenamente, a sua incapacidade em responder as necessidades mais profundas e valida das populações.
E assim, que, ainda hoje muitos daqueles que se encontram a frente do nosso desporto ou nele têm interferência, continuam a pensar que basta agitar os braços e as pernas, dar umas corridinhas durante alguns minutos por dia, segundo uma ordem mais ou menos determinada, para se ter descoberto o segredo do aperfeiçoamento da «Maquina Humana,,. Para eles, responsáveis, existe exclusivamente a preocupação com «Fabrico» de campeões e nada justifica que se preocupem com a ciência da educação física.

 Ainda hoje se continua a pensar que basta criar uma escola de futebol ou uma boa rede de «olheiros» por todo o pais para detetarem Os «putos» que são mais hábeis no manejo da bola.

E, é assim que se continua a espera que se voltem a repetir esses autênticos «milagres» desportivos que são: Ciro, Nhabola, Arnanldo Silva, Manhiça, Nhartanga, Rufino, Abrão, Tito, Sila, Nicolau, Reinaldo, Bernardo Da Velha, Nené Da Velha, Queta, Leandro, Sulai, Jaime Graça, Bambo, Pinté, Manafa, Tumbulo, Marabu, Rui Cassimiro, Mané, Tato, José Vás Fernando, Manuel carvalho de Alvarenga, Pacheco, Didi, Sada, Ansu Injai, Seminário, Fode, Bajojo, Flora, Lela, DR. Maurício, Rafael (Doutor), Adão Bilada etc. Os campões nascem, não se fazem, eis a ciência do desenvolvimento do nosso desporto. O que é preciso é criar condições para que se detetem as crianças que, no futuro, virão ganhar as muitas medalhas a que, como país, temos direitos ao concerto das Nações. A propósito, e de forma subtil os políticos e outros dirigentes recolherão os seus benefícios.

Os campeões resultam da dialética estabelecida entre as potencialidades existentes no individuo aliás em si Próprio, em constante evolução histórica e as condições que o meio social fornece para satisfazer as suas necessidades e também é o resultado de um esforço global que nada tem que a ver com os «milagres» que muitos desejam ver substituir ao esforço de um povo para construir, com a força da mente e dos braços, o seu próprio futuro.

A miséria do nosso desporto deriva de um dos pontos mais cruciais que diz respeito a grave questão das relações entre a prática e a teoria. Esta é sempre olhada com grande desconfiança e todos aqueles que defendem que não é possível promover o desenvolvimento da educação física e do desporto nacional sem uma teoria que envolva numa larga visão científica, todos os aspetos de que se deve revestir, são consideradas como visionário impotentes e incapazes.

A essência da educação e a transição de geração para geração de valores formativas e socialmente corretas que, uma vez assinaladas e tornados nossos, nos permitem interpretar o mundo que nos rodeia e nele intervir de modo responsável e participativo.  

A crise do desporto na guine é, pois vista com preocupação por todos quantos almejam para o desporto guineense níveis de qualidade e de excelência. Precisamos do desporto altura do passado, mais revigorado e projectado para o futuro. 



Desporto do futuro
-Temos que sair, forçosamente, do marasmo em que nos encontramos, o que não se me afigura difícil uma vez que existe no mundo vários experiências que têm dado bons resultados, bastando, portanto, adoptar aquele que mais se ajuste as nossas possibilidades materiais e maneira de saber aplica-los no melhor sentido.

-Regulamentar e organizar a formação de agentes desportivos (treinadores e dirigentes) como um instrumento essencial para melhoria da qualidade da pratica desportiva e promover a especialização dos mesmos, encontrando um trajecto de formação que corresponde melhor as necessidades de sua intervenção e aos aspectos particulares de preparação desportiva.

-Levar a democratização do desporto a todos os recantos do país construindo, em todas as cidades e principais vilas, parques municipais polivalente onde a nossa juventude possa dar largos as suas predilecções, escolhendo depois, os mais dotados, para este ou aquele desporto.

- Proporcionar melhores condições as escolas para que consigam ultrapassar as dificuldades com que se debatem. (A nível nacional cerca de 90% das escolas do ensino preparatório e secundária não tem aulas de Educação Física ou em condições precárias. Algumas não possuem quaisquer instalações, já para não falar da dolorosa realidade vivida nas escolas de ensino primário.)

- Chamar atenção dos clubes futebolísticos para desenvolver outras actividades físicas, de modo que cada sócio seja mais um atleta do que um mero espectador. Este estado de coisas tem de ser combatidos através de profundas modificações estruturais no jornalismo, para que jornais, rádios, televisão, sobretudo os desportivos que falam mais amplamente do desporto, propriamente dita e, principalmente, dos desportos básicos: ginástica aplicada, atletismo, basquetebol, voleibol, ciclismo, andebol etc. Apouco e pouco, possa transformar o espírito futebolístico dos guineenses em espírito autenticamente desportivo.

-Analisar o modo como a prática desportiva juvenil se encontra implantada e é organizada na federação desportiva e equacionar a necessidade da integração do desporto juvenil num projecto de desenvolvimento mais ampla, capaz de contribuir numa perspectiva de média e longo prazo para se alcançar um novo patamar de desenvolvimento.

-Quanto mais baixas são as idades a que a prática desportiva se destina, mas cuidada deverá ser a intervenção das federações, no sentido de rodear essa actividade das preocupações formativa e de conteúdos dessas idades. Desde que estejam garantidos os procedimentos adequados a tais idades, ao nível dos objectivos e da metodologia seguidas, tais como o respeito pela preparação multilateral, o valor atribuído a preparação física geral (lançando as bases para que na idade adulta, a condição física do praticante possa atingir o patamar mais elevado), o reconhecimento da importância do ensino da técnica, a formação de hábitos de treino, de superação, de esforço e o aprender a lidar com os sucessos e insucessos. Sendo a formação de homens sãos um dos pontos de interesse por parte do país, facilmente surgirá bons jogadores nacionais.

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