terça-feira, 8 de março de 2022

Guiné-Bissau: Sociedade civil quer ver 'in loco' situação dos detidos após tentativa de golpe

Bissau, 08 mar 2022 (Lusa) -- O presidente do Movimento Nacional da Sociedade Civil da Guiné-Bissau disse hoje estar a tentar obter autorização para visitar e constatar 'in loco' a situação das pessoas detidas após a tentativa de golpe de Estado de fevereiro.

Depois de encontros com os ministros da Defesa e do Interior do país, Fodé Caramba Sanhá explicou que foi informado de que os detidos "estão nas instalações militares em Bissau e na segunda esquadra".

O responsável disse que foi informado que os detidos estão sob custódia do Ministério Público e que os "homens dos quartéis e da segunda esquadra estão a manter aquilo que é essencial", sob orientação do detentor da ação penal.

"Demonstra que os ministros a que recorrermos têm limitações para nos autorizarem para os irmos visitar, mas também garantiram que tudo está sob normalidade em termos de situação humana, porque são cidadãos, independentemente do que aconteceu", afirmou Fodé Caramba Sanhá.

O presidente do Movimento Nacional da Sociedade Civil disse estar agora a tentar junto do Ministério Público autorização para ir visitar os detidos.

"Não os podemos abandonar, têm de ser acompanhados no que diz respeito ao aspeto da saúde e assistência médica e medicamentosa", sublinhou.

Questionado pela Lusa sobre se foi informado do número de pessoas detidas, Fodé Caramba Sanhá disse que lhe foi comunicado que as "detenções ainda estão em curso".

"Não estão em condições de nos informarem e remeteram tudo para o Ministério Público, que brevemente nos deve autorizar", salientou.

No dia 01 de fevereiro, homens armados atacaram o Palácio do Governo da Guiné-Bissau, onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e do primeiro-ministro, Nuno Nabiam, e de que resultaram oito mortos.

O Presidente guineense considerou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado e apontou o ex-chefe da Marinha José Américo Bubo Na Tchuto, Tchamy Yala, também ex-oficial, e Papis Djemé como os principais responsáveis.

Os três homens foram presos em abril de 2013 por agentes da agência antidrogas norte-americana (DEA) a bordo de um barco em águas internacionais na costa da África Ocidental e cumpriram pena de prisão nos Estados Unidos.

Os três alegados responsáveis pela tentativa de golpe de Estado foram detidos, segundo o Presidente guineense.

A Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo, com cerca de dois terços dos 1,8 milhões de habitantes a viverem com menos de um dólar por dia, segundo a ONU.

Desde a declaração unilateral da sua independência de Portugal, em 1973, sofreu quatro golpes de Estado e várias outras tentativas que afetaram o desenvolvimento do país

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