quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Guiné-Bissau: União para a Mudança condena violência e espera que não sirva para “caça às bruxas”

Bissau, 03 fev 2022 (Lusa) – A União para a Mudança (UM), partido com representação parlamentar na Guiné-Bissau, condenou hoje a violência registada terça-feira no Palácio do Governo e disse esperar que não sirva de pretexto para a “caça às bruxas” no país.

Em comunicado, o partido refere que “vai tentando compreender os contornos e motivações da dita tentativa [de golpe] alegadamente perpetrada, segundo Umaro Sissoco Embaló, por agentes ligados ao narcotráfico e crime organizado” e que “lamentavelmente ceifou a vida a jovens das forças de segurança”.

Salientando estar “convicta que muito resta ainda por clarificar”, a União para Mudança afirma que “condena sem reservas qualquer tomada do poder através de golpes, sejam eles pela força ou palacianos e a utilização da violência gratuita em democracia”.

O partido pede que um inquérito “independente, sério, exaustivo e concludente seja levado a cabo com a participação de representantes de organizações da sociedade civil guineense e comunidade internacional”.

“A União para a Mudança responsabiliza as atuais autoridades no poder pelos incessantes atropelos à Constituição da República e às leis, a ausência de justiça, a situação de crise profunda em que vive o país, a delapidação descarada dos bens do Estado e a crescente corrupção, que não justificando golpes de Estado, engendram no entanto as premissas para o uso da violência na sociedade guineense”, salienta o partido.

A formação política espera igualmente que os “acontecimentos deploráveis, mesmo que provados, não sirvam de pretexto para processos de intenção, o início de uma campanha de caça às bruxas ou de busca de bodes expiatórios” com restrições às “liberdades democráticas constitucionalmente consagradas” para não agravar a instabilidade.

Homens armados atacaram na terça-feira o Palácio do Governo da Guiné-Bissau, onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e do primeiro-ministro, Nuno Nabiam.

O ataque causou pelo menos 11 mortos, segundo o último balanço do Governo, e o Presidente considerou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado que poderá também estar ligada a “gente relacionada com o tráfico de droga”.

O Estado-Maior General das Forças Armadas guineense iniciou entretanto uma operação para recolha de mais indícios sobre o ataque, que foi condenado pela comunidade internacional.

A Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo, com cerca de dois terços dos 1,8 milhões de habitantes a viverem com menos de um dólar por dia, segundo a ONU.

Desde a declaração unilateral da sua independência de Portugal, em 1973, sofreu quatro golpes de Estado e várias outras tentativas que afetaram o desenvolvimento do país.

Conosaba/Lusa 

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