O Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) condenou hoje o ataque contra a Rádio Capital e refutou as explicações do Ministério do Interior, que considerou tratar-se de um "ato isolado".
Em comunicado, o secretariado-geral do partido condena "mais um ataque premeditado à Rádio Capital", que destruiu a estação emissora e provocou cinco feridos.
O PAIGC "refuta ainda, neste particular, as explicações das autoridades, segundo as quais o ataque decorreu de um ato isolado", pode ler-se no comunicado.
O partido salienta que o ataque foi uma "retaliação às críticas que horas antes tinham sido proferidas pelos ouvintes contra a anunciada vinda de tropas da CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental] para a Guiné-Bissau, a coberto de uma alegada missão de estabilização do país".
A presidente do Sindicato de Jornalista e Técnicos da Comunicação Social da Guiné-Bissau, Indira Correia Baldé, criticou hoje também o Ministério do Interior por considerar um ataque como um "ato isolado", questionando a utilização de "armas do Estado".
"O Estado é responsável pelas armas. Como é que as armas saem contra a população? Queremos ver a investigação chegar até ao fim", disse, exigindo a responsabilização dos autores do ataque.
A Rádio Capital, em Bissau, foi atacada na segunda-feira por um grupo de homens armados e encapuzados, que destruíram a estação emissora, provocando pelo menos cinco feridos.
Este é o segundo ataque contra as instalações da rádio, depois de uma ação semelhante em julho de 2020.
O ataque à Rádio Capital aconteceu quase uma semana depois de uma tentativa de golpe de Estado.
A presidente do Sindicato de Jornalistas da Guiné-Bissau disse hoje que há uma ameaça ao exercício do jornalismo e pediu à comunidade internacional para "dar a cara" e apoiar o país e os profissionais da comunicação social.
"Acontecem factos à luz do dia. Pessoas encapuzadas com armas entrarem numa estação mostra que estamos perante um perigo, há uma ameaça clara ao exercício livre e independente do jornalismo na Guiné-Bissau, mostra que há uma campanha contra a liberdade de imprensa e de expressão", afirmou Indira Correia Baldé.
Na segunda-feira, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) português apelou "à investigação e responsabilização dos autores do atentado contra a Rádio Capital FM" e lembrou que "um ataque a um órgão de comunicação social é um ataque à liberdade de imprensa, tida como um dos pilares da democracia em qualquer nação que escolha este regime de organização política, como é o caso da Guiné-Bissau".
Conosaba/Lusa
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