O presidente do Partido da Unidade Nacional, Idriça Djaló defendeu um inquérito independente a onda de violência que vem sendo perpetrada, nos últimos tempos, por homens armados não identificados. Djaló exige que os resultados da investigação não sejam suscetíveis de questionamento por quem quer que seja, para criar um clima de confiança entre todos os atores nacionais.
“Não quero proteger ninguém que esteja implicado, só quero a verdade. Porque só a verdade inquestionável poderá criar confiança no seio dos guineenses”, salientou, defendendo ainda a construção dos “termos de coexistência pacífica do povo guineense”, trabalhar e criar as condições para que os autores de toda a violência cometida desde a independência sejam conhecidos e responsabilizados.
O político fez essa chamada de atenção em entrevista telefónica ao jornal O Democrata para reagir a onda de violência que têm decorrido na capital guineense.
“A Guiné-Bissau sempre viveu na mentira e nunca teve justiça. Hoje se questionarmos, oficialmente, quem são os responsáveis pela guerra civil de 7 de junho, pelos assassinatos do Presidente João Bernardo Vieira e do general Tagme Na Waie, os políticos Hélder Proença e Baciro Dabó…não vamos ter nenhum resultado”, sublinhou.
Questionado sobre a lista de supostos autores da tentativa de golpe de estado posta a circular nas redes sociais, Idriça Djaló pediu aos jornalistas a absterem-se de veicular quaisquer informações que possam comportar rumores e trabalhar na base de fatos.
“Não podemos sustentar as nossas teses em fatos duvidosos, não! Vamos esperar até termos dados oficiais. Quem tiver depois críticas, pode fazê-las. Mas falar de uma lista que não é oficial, é criar mais confusão do que procurar soluções”, aconselhou.
Idriça Djaló disse que depois de várias violações dos direitos fundamentais dos cidadãos, será uma novidade questionar se o Ministério do Interior terá perdido a capacidade de controlo das forças de segurança, “porque nunca funcionou”.
“O problema maior que o país enfrenta é a nossa cultura de violência e de intolerância, mas essa violência incontrolável é bem mais perigosa do que a violência do Estado, porque quando um grupo de homens armados está a disseminar violência contra os cidadãos e o ministério do Interior afirma que são casos isolados, é muito preocupante”, indicou.
Idriça Djaló disse duvidar que o ataque à residência do analista político Rui Landim possa silenciá-lo ou intimidá-lo.
O político lamentou que até ao momento, nenhum cidadão tenha informação privilegiada dos assaltos que têm decorrido desde o passado dia 1 de fevereiro, nomeadamente, ataque às instalações do Palácio do Governo e o assalto à Rádio Capital, uma estação emissora privada.
O líder do PUN assegurou que a onda de violência instalada na capital não vai ajudar ninguém nem levará o país a lado nenhum.
“Perdemos os nossos compatriotas no dia 1 de fevereiro, jornalistas feridos, rádio e residências privadas assaltadas, tudo isso não ajuda o país. Desde a independência o nosso país viveu este tipo de onda de violência, que tornou a Guiné-Bissau num dos países mais pobres do mundo e continua a fraturar e a ameaçar a sociedade guineense”, afirmou.
Idriça Djaló sublinhou que a Guiné-Bissau está a enfrentar um clima de desconfiança, porque quer nos partidos políticos, quer no seio de ativistas e nas redes sociais há pessoas empenhadas em fraturar esta sociedade.
“Temos assistido e ouvido discursos cada vez mais extremos que nunca antes assistidos e ouvidos. São sinais de um país que vai enfrentar problemas” alertou, para de seguida defender que é necessário uma reação das “vozes do bem e da paz” e de todos aqueles que não querem que este país seja destruído.
“Sempre vamos ter as nossas contradições, mas temos que ser capazes de resolvê-las interna e pacificamente, porque a violência provou que só vamos agravar os nossos problemas. Portanto, temos que virar as costas à violência”, afirmou.
Por: Filomeno Sambú
Conosaba/odemocratagb
Sem comentários:
Enviar um comentário